Ensino médio: fim do encontro na Argentina

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Entre os 34 milhões de jovens, de 15 a 24 anos, dez milhões estão em idade correspondente à esperada para se cursar o ensino médio – 15 a 17 anos. Mas nem todos estão matriculados nesta etapa de ensino, que atende 8,9 milhões de pessoas. A idade dos alunos, muitas vezes, ultrapassa os 17 anos esperados para os concluintes. Apenas 44% dos matriculados no ensino médio têm idade adequada à sua série.  
 
O panorama da oferta do ensino médio, os desafios que esta etapa de ensino precisa superar e propostas para melhorar a qualidade do ensino foram apresentados pelo coordenador-geral do ensino médio da Secretaria de Educação Básica, Carlos Artexes Simões, nesta quinta-feira, 4, durante o último dia de debates do Seminário Internacional Ensino Médio – Direito, Inclusão e Desenvolvimento, em Buenos Aires. 
 
Artexes mostrou que outra grande parte dos jovens está fora da escola, por ter de procurar trabalho ou já estar trabalhando. Dos 34 milhões de jovens, 18 milhões trabalham. A maioria não tem carteira assinada e ganha menos de um salário mínimo por mês. 
 
“Precisamos universalizar o atendimento e garantir a permanência dos jovens entre 15 e 17 anos”, disse Artexes. O Brasil, como revelam os dados, busca respostas para desafios já superados pelo Chile e Argentina. Nestes países, o ensino médio é obrigatório e a maioria dos jovens têm acesso a esta etapa da educação. 
 
“Perdemos 50% dos jovens durante o ensino médio, da entrada para a saída”, afirmou Artexes, em referência a dados de 2006, em que 1,8 milhão de jovens concluíram esta etapa, contra 3,8 milhões que haviam ingressado três anos antes. 
 
De outro lado, segundo o coordenador, o país está tomando medidas para ampliar o acesso e a permanência dos jovens no ensino médio com resultado positivo comprovado. Os dados também mostram que, em dois anos, o número de matrículas deu um salto de mais de um milhão. Em 2006, 4,7 milhões de alunos ingressaram no ensino médio; em 2007, foram seis milhões. 
 
Entre as ações do governo federal que influenciaram no resultado, Artexes destacou o Fundo de Manutenção da Educação Básica (Fundeb) que financia toda a educação básica e não apenas o ensino fundamental, além do ensino médio integrado, em que o jovem recebe formação regular articulada à profissional. Em relação às novas ações, destacou a ampliação de benefícios como o bolsa-família para alunos de 16 e 17 anos e a destinação de livros didáticos também para esta faixa de estudantes das escolas públicas. 
 
Entre as propostas para melhorar a qualidade do ensino médio, levando-se em conta o cenário em que se encontra o jovem brasileiro, o coordenador acredita ser imprescindível redefinir o papel da educação e do trabalho. Para ele, hoje tem-se a idéia de que a educação deve se adequar ao mundo do trabalho, que por sua vez não é visto em sua dimensão humana. “A educação deve ter a tarefa de formação integral do ser humano como sujeito, cidadão e trabalhador e não simplesmente como uma formação que se adapte à realidade”, destacou. Artexes também se preocupa com a atual visão do trabalho. Na opinião dele, é preciso relembrar que a organização do trabalho é feita por seres humanos educados nas escolas e que o trabalho também é lugar de aprendizado. 
 
 
 
Escola contribui para formar cidadãos 
Portal MEC – Maria Clara Machado 
 
Descobrir na prática o que cada disciplina do currículo escolar pode contribuir para a construção de uma vida mais autônoma é o que a estudante Amanda Oliveira, 17 anos, mais gosta em sua escola. Diferentemente da maioria dos jovens presentes ao Seminário Internacional Ensino Médio – Direito, Inclusão e Desenvolvimento, que terminou nesta quarta-feira, 4, em Buenos Aires, Argentina, Amanda disse que não mudaria nada em sua escola. 
 
Caso único entre os estudantes da Argentina, Chile e Brasil que participaram do encontro – 23 ao todo –, Amanda acredita que o método de atrelar as disciplinas regulares ao contexto da vida do estudante estimula o aprendizado e faz o jovem se identificar com a escola. 
 
Ela mora no interior de Pernambuco, no município de Tuparetama, e estuda na escola municipal Anchieta Torres. Antes da proposta curricular implantada em 2004, segundo conta Amanda, os próprios professores passavam uma imagem de que a vida no campo não poderia resultar em sucesso e depreciavam o trabalho ligado à agricultura.  
 
“Eles preparavam o aluno para sair do campo e não ser agricultores como os pais”, disse. “Viam a agricultura como um castigo”, afirma. 
 
Orgulhosa de sua origem, a estudante diz que quer sim ser agricultora como os pais e se sente capaz de melhorar a sua realidade a partir dos conhecimentos que aprende na escola.  
 
A mudança de atitude foi conseqüência de uma postura de valorização da região e de novo significado do papel da escola que agora contribui para formar cidadãos dispostos a intervir no meio em que vivem.  
 
Na escola, Amanda aprende matemática, por exemplo, ao planejar hortas em que é preciso considerar aspectos como o perímetro do solo e a distância entre as verduras. Os conteúdos de química ganham mais sentido ao se fabricar adubos e biofertilizantes criados em atenção ao desenvolvimento sustentável. “A gente não usa inseticida. O biofertilizante é feito com água, fezes de animais, caldo de cana e cinzas”, exemplifica.  
 
Outros alunos – Mais infra-estrutura, qualidade de ensino, diálogo com professores e direção, participação com voz ativa nas decisões da escola e uma formação que privilegie a construção de cidadãos capazes de construir uma sociedade mais justa foram outras reivindicações dos jovens que participaram do seminário. 
 
 

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