Ensino fundamental: 1,4 milhão largaram a escola em 2008

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Dados do Censo Escolar obtidos pelo iG com exclusividade mostram que 1,4 milhão de crianças e adolescentes largaram o ensino fundamental em 2008. Eles representam 4,4% dos 32 milhões de estudantes matriculados nessa etapa da educação básica naquele ano. O índice é o menor da década.


 
 Em 2000, 12% dos estudantes matriculados no ensino fundamental abandonaram  estudos. Mais de um milhão de crianças são reprovadas no ciclo de alfabetização em 2008. Abandono no ensino fundamental chega a 10% na Paraíba, em Alagoas e na Bahia.

 

O Ministério da Educação admite que a realidade está longe da ideal. “Não podemos desprezar o avanço, mas o índice de 4,4% de abandono é muito alto. Precisamos reduzir mais esses números”, afirma a coordenadora geral do Ensino Fundamental da Secretária de Educação Básica do MEC, Edna Martins Borges. “Temos de lembrar que permanecer na escola é um direito do aluno”, ressalta.

Garantir o acesso e a permanência das crianças e dos adolescentes brasileiros no ensino fundamental é uma das principais metas do atual Plano Nacional de Educação. O prazo plano – criado para definir as prioridades para o setor durante dez anos – vence este ano e apenas a primeira parte da meta foi cumprida. As crianças brasileiras têm vagas garantidas na escola. Mas ainda precisam aprender e concluir os estudos.

 

O maior gargalo está no 6° ano: 287.760 alunos abandonaram os estudos nessa série, o que representa 6,8% dos 4.231.765 matriculados na etapa. É justamente o período de transição entre os anos iniciais e os finais do ensino fundamental. Para os especialistas, essa é uma fase de inúmeras mudanças na vida da criança, que nem sempre é superada sem traumas.

 

A organização educacional dos anos iniciais é muito diferente da dos anos finais. Mais disciplinas, mais professores, mais exigência e menos afeto. Esse é o cenário que os estudantes precisam encarar.

 

“O cuidado com o aluno, até o 5° ano, é maior. Cada professora cuida da sua turma, que tem um número reduzido de estudantes. Até a organização dos espaços da escola é diferente”, pondera Edna. Mozart Neves Ramos, vice-presidente da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, lembra que a maioria das crianças ainda muda de escola.

 

“Há problemas de adaptação. O novo colégio muitas vezes não é acolhedor e não motiva a criança”, opina. Em muitos estados, o último ano do ensino fundamental também possui taxas altas de abandono. Para os educadores, é um sinal de que a escola não é interessante para eles.

 

Responsabilidades 

 

Na lista das possíveis causas para o abandono, os especialistas destacam o impacto das reprovações e da defasagem nos estudantes. Juntos, a  repetência, a distorção idade-série e o abandono trilham o caminho do insucesso escolar.

 

“Quando um aluno repete a mesma série várias vezes, ele reduz a autoestima e se sente alijado do processo educacional e deixa a escola”, afirma Mozart. Para ele, as garantias de aprendizagem têm de ser priorizadas por políticas públicas nacionais, estaduais e municipais. Com professores valorizados e integrados ao projeto político-pedagógico da escola, ele acredita que todos se sentirão mais motivados a ensinar e aprender. Mozart ressalta que os pais devem ser incluídos nesse processo.

 

Até maio, o Conselho Nacional de Educação definirá novas diretrizes para o ensino fundamental. A expectativa é a de que as orientações deixem claro aos gestores estaduais e municipais as responsabilidades de cada um e consigam apontar as necessidades da educação básica brasileira.

 

TRAJETÓRIA DO ABANDONO NO BRASIL EM 2008

 

Dos 32.086.700 estudantes matriculados nas escolas brasileiras de ensino fundamental, 1.411.815 largaram a escola. Eles representam 4,4% do total. Confira a quantidade de crianças que abandonou os estudos (por série): 1°: 56.667 (2,5%) – 2°: 138.732 (3,7%) – 3°: 101.378 (2,6%) – 4°: 97.110 (2,5%) – 5°: 103.159 (2,7%) – 6°: 287.760 (6,8%) – 7°: 221.883 (5,9%) – 8°: 195.224 (5,8%) – 9°: 195.793 (6,3%)
 

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