Em agosto, pela primeira vez na pandemia, maioria das escolas irão abrir; Veja exemplos de onde a volta já deu certo no Brasil

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O Brasil se aproxima, pela primeira vez desde o início da pandemia, de uma reabertura maciça das escolas públicas. A partir de agosto, apenas uma rede estadual e três municipais entre as capitais manterão aulas apenas à distância, segundo levantamento do Vozes da Educação. O mês, que marca a abertura do segundo semestre letivo em 2021, é o começo de um longo processo de recuperação de aprendizagem após mais de 13 meses de escolas fechadas.

— A vacinação avançou e os pais já estão fazendo muita pressão. Além disso, quando a rede estadual volta, impulsiona os municípios a reabrir as escolas também — afirma Carolina Campos, coordenadora no Vozes da Educação.

Enquanto as redes privadas de 11 estados funcionam desde o começo de 2021 no sistema híbrido (parte das aulas à distância, parte na escola), entre as redes estaduais apenas São Paulo e Santa Catarina viveram essa realidade.

Atualmente, sete estados tem escolas abertas na rede pública e, a partir de agosto, outros 17 retornarão. Já entre as capitais, são 12 redes municipais funcionando no sistema híbrido e mais 11 que abrirão em agosto.

— Já teríamos condições de ter voltado antes, mas faltou coordenação do Ministério da Educação — avalia Campos.

O Brasil vive, nas últimas semanas, uma consistente queda do número de casos e mortes pela Covid-19. Aliada a isso, 45% da população já foi vacinada com a primeira dose e 18% com a segunda. Além disso, toda a categoria de profissionais da educação já pode receber uma dose e, na maior parte dos casos, o grupo deve receber outra em setembro.

Recuperação já começou

A partir de agora, começam as estratégias para a recuperação do que as crianças não aprenderam.

A rede estadual de São Paulo, por exemplo, aproveitou o recesso escolar. Crianças, especialmente aquelas com baixa frequência no ensino remoto, foram às escolas participar de um reforço em português e matemática — disciplinas cuja recuperação também virou prioridade no Espírito Santo.

— Vamos ter foco total na recuperação e acredito que, entre setembro e outubro, acaba o rodízio de alunos — diz Rossieli Soares, secretário estadual de Educação de São Paulo.

O secretário paulista diz que as aulas presenciais são essenciais para a recuperação da aprendizagem até para ações articuladas com educação remota. O estado, que entregará pacote de dados e tablets para os alunos, viu passar de 1,9 milhão para 3 milhões o número de alunos que acessam a plataforma de aulas digital.

— Na escola, o professor ajuda com o login e também cobra as atividades — explica.

No Rio, a cidade de Niterói também se organizou para fazer a recuperação com estratégias presenciais e remotas combinadas. A cidade, que dá R$ 500 por aluno, tem treinado os professores, distribuirá tablets aos estudantes e contratou estagiários para auxiliar os docentes no ensino remoto e nas aulas de reforço.

— Vamos abrir no próximo mês a Casa de Avaliação e Formação. É um centro, inspirado no exemplo de Sobral (CE), para acompanhar o desempenho de cada aluno da rede e também garantir a formação continuada dos professores — afirma Vinícius Wu, secretário de Educação da cidade.

Confiança na volta

Especialista em políticas públicas, Carolina Campos também coordenou um estudo analisando a maneira com que 14 países se comunicaram com seus cidadãos, o que garante, por exemplo, adesão dos alunos na volta às aulas.

— Há relação direta entre a forma com o estado se comunica e a resistência na volta às aulas. É preciso transparência. Quando a gente tem comunicação clara, fluída e consistente, as pessoas passam a acreditar — diz ela.

Segundo Campos, a cidade de Mogi das Cruzes (SP) é um bom exemplo de gestão que conseguiu quebrar resistências para a volta às aulas. Uma das principais ações foi a formação de “brigadas da pandemia”, formadas por três pessoas. O primeiro é responsável por acompanhar se os protocolos de segurança sanitária estão sendo cumpridos na escola, o segundo lida com casos suspeitos e o terceiro faz a ponte entre a escola, os pais e as secretarias de saúde e educação, relatando os casos suspeitos.

— Cada escola tem um trio. As brigadas favoreceram o acompanhamento real e seguro pela vigilância epidemiológica do município, que passou a ter um contato dentro da própria escola para identificar casos suspeitos — explica o Secretário Adjunto de Educação de Mogi, Caio Callegari.

A rede estadual pernambucana também quebrou resistências. Atualmente, 70% dos alunos aderiram às aulas presenciais — acima da média nacional, de 60% — e a expectativa é chegar a 90% em agosto.

— Voltaram alguns e, no boca a boca, os alunos foram contando que a escola estava segura e acolhedora, o que estimulou os outros — diz Ana Selva, secretária de Desenvolvimento da Educação.

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