Educadores atacam redução de progressão continuada

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Educadores e representantes do sindicato dos professores (Apeoesp) criticaram uma medida que deverá ser tomada pelo governo estadual de São Paulo em 2008, conforme antecipou o Estado em novembro do ano passado. A secretária estadual de Educação, Maria Lúcia Vasconcelos, pretende dificultar a progressão continuada. Hoje, existem dois ciclos de quatro anos, ao final dos quais os alunos são avaliados e podem ser retidos.  
 
A intenção da Secretaria Estadual de Educação é reduzir esse período para dois anos, criando quatro ciclos. A transformação da progressão continuada, no entanto, é vista com ressalvas pelos educadores. Para a professora de Filosofia da Educação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) Madalena Guasco Peixoto a medida não deve surtir efeitos. ’Não vai adiantar nada’, diz. ’Para ter progressão continuada é preciso ter uma estrutura de ensino que nenhuma escola estadual de São Paulo tem hoje.’ Ela explica que se o aluno não pode ser reprovado durante esse período, deve contar com apoio pedagógico paralelo. Caso isso não ocorra, os problemas da má formação irão apenas ser adiados para o final de cada ciclo.  
 
Outro problema é a convivência dos ciclos, uma ’idéia avançada’, segundo ela, com problemas nem tão novos assim, como a falta constante de professores e o grande número de alunos por sala de aula. ’A avaliação é o final de um processo’, diz. ’Não podemos reverter essa discussão, pois o problema está na falta de condições de ensino.’  
 
PALIATIVO – O presidente do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), Carlos Ramiro, concorda. A falta de condições ideais de ensino, segundo ele, é a principal responsável pelo mau desempenho dos alunos em avaliações como o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) . ’Isso é apenas para dar alguma satisfação à sociedade, assim como colocar mais um professor nas salas de 1ª série’, afirma. ’Mas não é isso que vai resolver.’ Ramiro faz coro com Madalena sobre os problemas na educação fundamental. ’O Estado investe pouco no ensino público’, diz. ’Se não falta verba, por que não criam mais salas de aulas e não atendem à demanda?’. Segundo os especialistas, a princípio a idéia dos ciclos foi bem-vinda, mas não mostrou os resultados esperados.
 
Enquanto isso, os principais problemas continuam intocados: superlotação das salas de aula e falta de incentivo e investimento na formação continuada dos professores. ’Minha preocupação com essa nova proposta é que caia no mesmo problema de hoje’, afirma Sílvia Colello, professora da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), referindo-se à falta de incentivo aos professores e de investimentos na educação.  
 
OUTRO RUMO NA CAPITAL – Se a Secretaria Estadual de Educação pretende alterar a duração dos ciclos de progressão continuada, o mesmo não acontece com a Secretaria Municipal. De acordo com o secretário Alexandre Alves Schneider, o processo de progressão continuada na cidade de São Paulo vai sofrer mudanças, mas não na duração e no número de ciclos. ’Mexer simplesmente nisso não mudará a situação do ensino’, diz.  
 
Segundo Schneider, a secretaria prepara para este ano mudanças como a definição dos conteúdos em todos os anos e a expectativa de ensino. Além de implantar avaliações nos segundos anos dos dois ciclos. ’Na verdade, isso nunca foi estimulado de verdade em São Paulo’, diz.  
 

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