Educação Infantil: formação das crianças, desafios de gente grande

Frequentemente, a alfabetização é vista como a primeira etapa da vida educacional. Afinal, ler e escrever são atividades essenciais para que qualquer criança continue a aprender ao longo da vida. Até por isso, não são poucos os casos em que, na Educação Infantil, as atividades têm como foco a linguagem verbal.  
 
Porém, a base necessária para um bom nível de aprendizado nas séries seguintes não depende só da leitura. Habilidades como raciocínio lógico, criatividade, expressividade, também decisivas para uma vida escolar sem sobressaltos, estão ligadas ao desenvolvimento cognitivo que se dá em outras frentes, que vão além da comunicação oral.  
 
Aos poucos, o início do processo educacional se veste de formas cada vez mais diversificadas de ensinar. Atividades que preparam a criança para a leitura continuam com lugar cativo nas turmas de Educação Infantil. Porém, segundo especialistas, as escolas já começam a perceber que vale a pena apostar em novos paradigmas educacionais para explorar e desenvolver o potencial criativo das crianças.  
 
“A escola de hoje ainda prioriza muito a linguagem verbal, mas as crianças se expressam de muitas outras maneiras. Por isso, é importante abrir espaço na Educação Infantil para outras formas de expressão que envolvam música, arte, desenho, o próprio corpo, entre outras“, avalia a professora Denise Pozas, mestra em Psicologia e Especialista em Educação Infantil pelo Centro de Tecnologia em Gestão da Educação do Senac-Rio.  
 
A utilização de múltiplas linguagens pelo professor foi abordada em um seminário internacional de Educação Infantil, promovido pelo Senac nos dias 18 e 19 deste mês, no Rio, onde temas como Arte e Estética na formação do educador, as Crianças e a Natureza, Infância e Mídia, entre outros, foram debatidos por especialistas.  
 
Segundo Denise Pozas, o próximo passo é a criação de um portal em que os participantes poderão voltar às discussões do evento, com especialistas. “Será um espaço de qualificação permanente dos educadores“, salientou.  
 
Um segmento ainda marcado por vários desafios – Se, no campo científico, a consciência da contribuição trazida pela Educação Infantil já é uma realidade, no das políticas educacionais a ampliação do acesso à creche e à pré-escola ainda está longe de figurar entre as prioridades do poder público.  
 
Segundo dados do Censo Educacional de 2006 e do Censo Populacional de 2000, cerca de 7 milhões de crianças entre 0 e 5 anos estavam matriculadas em creches ou pré-escolas no país, o que representa cerca de 12% de nossos estudantes e 35% das crianças nesta faixa etária. A situação é mais complicada no segmento de 0 a 3 anos, onde, dos 13 milhões de brasileiros com esta idade, apenas 1,43 milhão (o equivalente a 11%) freqüentam a escola. Se, de acordo com a legislação, o segmento ainda não possui status de obrigatória, no meio educacional cresce a compreensão de que a Educação Infantil, na prática, antes de um processo separado, é a primeira etapa da Educação Básica.  
 
Por isso, mesmo diante de um acesso tão restrito à creche e à pré-escola, as perspectivas são animadoras, segundo a professora da PUC-Rio e da UniRio e especialista em Educação Infantil, Maria Fernanda Nunes. “Uma conquista que a Educação Infantil alcançou no país foi sua inclusão no Fundeb (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica). Precisamos ver como se dará este financiamento e que fatia do fundo corresponderá às creches e pré-escolas. Mas, de qualquer forma, uma fonte de recursos para a Educação Infantil é algo significativo“, avalia a professora Maria Fernanda Nunes, também doutora em Educação pela UFRJ.  

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