Educação de jovens e adultos em debate

O Brasil tem 14 milhões de analfabetos e mais 15 milhões de pessoas que freqüentaram a escola por menos de quatro anos. Os problemas, desafios e avanços da educação de jovens e adultos na América Latina e no Caribe estão em discussão na reunião preparatória para a 6ª Conferência Internacional de Educação de Adultos (Confintea). O encontro preparatório foi aberto nesta quarta-feira, 10, e será encerrado no sábado, 13, no México. Cinco reuniões regionais – entre elas a do México – antecedem o encontro internacional sobre educação de jovens e adultos que ocorrerá no Brasil, em Belém, em 2009. 
 
“O debate (no México) não é estritamente educacional, no sentido pedagógico, mas um debate sobre a educação de jovens e adultos como instrumento da promoção da cidadania e desenvolvimento sustentável das nações”, explicou o secretário de educação continuada, alfabetização e diversidade, André Lázaro, que participa do evento.  
 
De acordo com o secretário, essa modalidade de ensino deve se preocupar com a qualificação profissional dos jovens e adultos e a geração de emprego e renda de tal maneira que a educação sirva de impulso para melhorar a vida do indivíduo. No Brasil, diz o secretário, um dos maiores desafios é ampliar o acesso das pessoas com mais de 15 anos à educação.  
 
Entre as medidas para diminuir o analfabetismo, André Lázaro destacou o programa Brasil Alfabetizado, que deve atender 1,5 milhão de pessoas por ano a partir de 2009, com orçamento de R$ 300 milhões. Atualmente, são cerca de 1 milhão de pessoas atendidas. O foco são os municípios com índice de analfabetismo superior a 25% – cerca de 1,9 mil – situados nos nove estados da região Nordeste, além de Acre, Pará e norte de Minas Gerais. 
 
“Estamos aprimorando modelos gerenciais para ampliar mais o acesso”, afirmou o secretário. Além do aumento de vagas, pela primeira vez, os alfabetizadores e alunos terão acesso a livros didáticos com as disciplinas de língua portuguesa e matemática específicos para alfabetização, a fim de qualificar o ensino e a aprendizagem.  
 
Institucionalização – Para André Lázaro, um passo importante para superar as atuais dificuldades é a institucionalização da educação de jovens e adultos. Por serem eixos do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), essas iniciativas sinalizam aos sistemas de ensino que a oferta da educação a essa parcela da sociedade é um direito, e que investir em educação de jovens e adultos é também investir na qualidade da educação básica, explica o secretário. 
 
“O Brasil tem 60 milhões de pessoas que não têm 8 anos de estudos. Essas pessoas são pais, tios, avós, primos, parentes das crianças que estão na escola. Se uma família não freqüentou a escola e não aprendeu com a escola, a chance de ela apoiar a aprendizagem de seus filhos na escola diminui muito. Portanto, investir na educação de jovens e adultos é também investir na educação básica”, enfatizou. 
 
Os fenômenos do analfabetismo e da educação de jovens e adultos, na visão de André Lázaro, decorrem de um processo histórico que foi a não universalização do acesso e da permanência na educação básica. “O PDE enfrenta esse problema quando estabelece provinha brasil, prova brasil, ideb, enfim, políticas que no fundo estão dizendo que os sistemas de ensino não podem continuar produzindo analfabetos”, acredita. De acordo com o secretário, mais da metade dos analfabetos já freqüentou a escola, mas sem adquirir um domínio mínimo sobre linguagens e matemáticas. Para André Lázaro, o PDE busca quebrar essa lógica e enfrentar o problema na origem, a partir da diminuição da quantidade de jovens que chegam à idade de 15 anos analfabeto, ou com baixa escolaridade. 
 
Confintea – Para o secretário, os debates internacionais são importantes para aprender com outras experiências, mas é preciso considerar as peculiaridades do país que tem dimensões continentais e grande diversidade de povos e cultura. O Brasil será o primeiro país do Hemisfério Sul a sediar a Confintea, organizada pela Unesco. Na conferência, serão traçadas as metas internacionais da educação de jovens e adultos para os próximos 12 anos. 
 
 

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