Educação com propósito: escolas e educadores precisam se preparar para guiar estudantes pelo século XXI

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Sabe-se que mudanças profundas estão ocorrendo na sociedade atual. Tão relevantes quanto a invenção do fogo, os paradigmas e as formas com que a ciência e o conhecimento são disseminados estão em constante transformação, cada vez mais rápidos e, por muitas vezes, voláteis, já que o volume de dados com os quais nos deparamos diariamente é enorme.

Nas escolas, o cenário não é diferente. De fato, o repertório aplicado na maioria das instituições de ensino ainda é antigo. Em História, por exemplo, matéria com a qual tenho maior afinidade, há o costume de que os alunos saiam com a noção de que a sociedade atual é mais desenvolvida do que as antigas, mas grande parte da população mundial não conseguiria, hoje, estabelecer um diálogo coerente com Sócrates, que viveu há milhares de anos. Por isso, no Poliedro temos o entendimento de que as escolas contemporâneas precisam atualizar seus currículos de modo a preparar o estudante para o século XXI e seu novo contexto.

E é neste ponto que entra a educação com propósito. A ideia é capacitar uma geração de alunos para lidar com novas realidades. É poder falar sobre os problemas que vivem e ajudá-los a encontrar soluções. É fazer sentido na vida de cada um! Isso significa retê-los, engajá-los e solidificar laços profundos.

A escola e os educadores precisam se preparar para essa mudança e acompanhá-la de perto para uma implementação assertiva. Trata-se de uma nova forma de educar, que conduz à formação integral, tanto de alunos quanto de professores.

É claro que estamos falando de um processo que já tem começado e irá se desenvolver progressivamente, já que a geração atual tem um senso crítico bastante aguçado e está envolvida com as temáticas contemporâneas. A reforma do Ensino Médio também tende a intensificar ainda mais a trajetória, já que propõe uma nova estrutura curricular para a 1ª série do Ensino Médio em 2021. Agora, além das disciplinas comuns e obrigatórias, definidas pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC) com obrigatoriedade a partir de 2022,?os alunos da instituição poderão se aprofundar nas áreas de maior interesse e de acordo com suas intenções de carreira por meio dos chamados Itinerários Formativos.

Mas há uma grande contradição na educação brasileira. Se por um lado, o Ministério da Educação (MEC) e o Conselho Nacional de Educação (CNE) propõem a BNCC e os Itinerários, por outro, ainda há grandes gargalos com a estrutura da maioria dos processos seletivos, que utilizam como critério básico de admissão questões com temas academicistas e ultrapassados, contrapondo a proposta de modernização do ensino, que visa a reconhecer competências fundantes, o pensamento crítico e uma visão assertiva dos valores sociais.

No entanto, o formato dos processos seletivos tende a mudar. O Enem, por exemplo, está prestes a ganhar um novo corpo diretivo que utilizará a metodologia do PISA, uma avaliação que pede ao aluno maior autonomia e capacidade de interpretação. Desta forma, nosso país poderia subir no ranking de classificação de desempenho, mas também iria estimular uma mudança no formato das provas de outras instituições de ensino. A Unicamp, por exemplo, já apresenta uma mentalidade contemporânea. O vestibular é mais analítico, traz questões contextualizadas e modelos de redação diversificados, por exemplo. Então, a tendência é que busquem cada vez mais temas atuais, como sustentabilidade, meio ambiente, diversidade cultural, entre outros, e alunos com mais autoria, que emitam opiniões embasadas e consistentes.

De modo geral, para notarmos uma evolução no segmento, temos de combater o anticientificismo e o reacionarismo que estão surgindo nos últimos anos. Não se trata de uma opção política, de esquerda ou direita, mas de dar continuidade na história e incorporar o novo. O passado nunca vai ser esquecido ou destruído. Valores e princípios permanecem, o que mudam são as regras. Agora, é preciso ter um novo olhar, que seja mais crítico e aberto, e entender que estamos em um processo de transformação profunda que altera culturas.

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