Editoras investem em conteúdos educacionais digitais

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Na produção de milhões de livros escolares e materiais didáticos que, anualmente, são entregues a alunos e professores de escolas de todo o país, cada vez mais as editoras responsáveis pela elaboração desses conteúdos educacionais estão investindo na área digital. Atualmente, esses investimentos já respondem por cerca de 30%, contra 70% para os conteúdos impressos.

Após mais de dois anos de pandemia, ficou ainda mais evidente para gestores, educadores e editores que os conteúdos do livro escolar também devem ser multiplataformas, agregando recursos digitais. Assim, torna-se mais amigável o diálogo com as novas gerações em meio à elevada evasão escolar no país. Em paralelo, é fundamental otimizar o processo de ensino-aprendizagem. Além de garantir o acesso ao livro impresso e aos conteúdos digitais, é preciso investir na qualificação dos docentes para que venham a atuar de forma competente nessa nova realidade.

Os editais mais recentes do Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD) incorporaram novas exigências de conteúdos digitais para a educação básica, provocando mudanças estruturais nas editoras. Política pública consolidada no país desde os anos 90, o PNLD passou a exigir pela primeira vez livros digitais em HTML5, voltados para estudantes do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental. Já no ano letivo de 2023, os alunos das redes públicas de educação do país receberão, além das tradicionais obras impressas, esses novos livros digitais, que poderão ser acessados do celular, do computador ou de um tablet. Eles serão utilizados nos colégios até 2026.

O PNDL 2024 deu mais um passo. Também trouxe, junto com as tradicionais normas para a aquisição de obras didáticas e literárias, exigência de HTML5 enriquecido com recursos que se sobrepõem aos do livro impresso e um conjunto independente de Recursos Educacionais Digitais (REDs). Esses livros digitais – para estudantes e professores do 6º ao 9º ano – serão usados nas escolas públicas até 2027.

Para aprimorar os livros escolares e materiais didáticos, as editoras passaram a contar com mais profissionais que dominam tecnologias digitais. Ao mesmo tempo, as equipes dependem do suporte pedagógico de educadores, para produzir conteúdos de qualidade adequados à Base Nacional Comum Curricular (BNCC), aprovada em 2017 para a Educação Infantil e o Ensino Fundamental e, em 2018, para o Ensino Médio.

Autores, pedagogos, editores e especialistas da área digital trabalham, em conjunto, o formato digital do livro. Para enriquecer a obra, podem ser utilizados recursos como animações, podcasts, audiovisuais, videoaulas, jogos interativos e simuladores. Esse trabalho interdisciplinar envolve profissionais de diferentes áreas, entre elas vídeo, TV, rádio, cinema e publicidade.

A produção da obra digital requer novos investimentos, inclusive para tornar o livro digital mais acessível, com a descrição de imagens e outros recursos que viabilizam o uso da obra por deficientes visuais ou auditivos. Entre esses novos investimentos estão licença de plataformas de distribuição, armazenamento em nuvem, softwares, hardwares e aumento de consumo de internet. Eles se somam ao custo da produção das obras impressas, como de pessoal (ilustradores, revisores, diagramadores etc.) e logística, incluindo estoque, transporte e distribuição.

Porém, para um efetivo avanço da utilização de livros e materiais didáticos digitais nas escolas, o país precisa superar desigualdades históricas. É enorme a distância entre estudantes das escolas públicas das particulares com relação ao acesso à internet e à utilização de computadores. Essa desigualdade também aparece em termos regionais. Enquanto algumas regiões têm infraestrutura adequada de banda larga, em outras o acesso de alunos e professores à internet nas suas escolas e casas é precário.

Ângelo Xavier, presidente da Associação Brasileira de Livros e Conteúdos Educacionais (Abrelivros).

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