Editora Moderna e Abrelivros promovem debate sobre formação do professor alfabetizador

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A Editora Moderna e a Abrelivros (Associação Brasileira de Editores de Livros Escolares) realizaram, no último dia 15 de agosto, a mesa redonda “A Formação do Professor Alfabetizador: práticas e desafios”, com a participação de Maria do Rosário Longo Mortatti, Débora Vaz, e mediação de Maria José Nóbrega. O encontro aconteceu no estande da Abrelivros e fez parte das atividades da entidade durante a 22ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo.

 

 

Maria José Nóbrega, assessora pedagógica em programas de formação continuada de professores, abriu as discussões falando sobre a trajetória dos livros para alfabetização no Brasil. Como mediadora do debate, ela ressaltou a importância de conhecer a natureza da formação do professor sob a perspectiva de dois olhares: do pesquisador, que investiga o tema na academia, e do formador de professores, que prepara o corpo docente para a sala de aula.


A primeira apresentação ficou por conta de Maria do Rosário Longo Mortatti, presidente da Sociedade Brasileira de Alfabetização, professora titular da UNESP-Marília e pesquisadora da história da alfabetização no Brasil. Além de traçar a evolução das metodologias aplicadas para a alfabetização das crianças, Maria do Rosário traçou um paralelo entre os conceitos educacionais e a história política do Brasil. De acordo com a pesquisadora, as primeiras cartilhas foram criadas como um passo a passo para a alfabetização dentro da sala de aula. Ao longo dos anos, essa ideia se manteve, mas somente os métodos antigos (ou tradicionais) passaram a ser vistos como obsoletos frente às novas (ou revolucionárias) metodologias.


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“Com o passar do tempo, ficou a impressão de que o alfabetizador precisa saber que ensinar a ler e a escrever é aplicar as novas propostas (para cada momento histórico) para o ensino da leitura e da escrita em fase inicial de escolarização das crianças. Nesse sentido, o processo de formação como uma atividade cruza com o ato de ensinar a ensinar, como busca de convencimento dos professores a respeito da cientificidade e modernidade dessas novas propostas”, comenta Maria do Rosário.


Débora Vaz é professora em cursos para formação de professores e coordenadores pedagógicos e participou da produção e implementação do Programa de Formação de Professores Alfabetizadores do MEC. Em sua participação, ela levantou os principais desafios que encontra nos seus grupos de estudos: a escolha de bons materiais didáticos, a integração entre os métodos da sala de aula com o planejamento curricular adotado pela escola e a formação de alunos leitores por professores que estão se formando no mesmo momento.

 

“Acredito na formação continuada e coletiva dos professores. É preciso trabalhar a ideia de professores fortes coletivamente, que ajam como uma comunidade de investigadores e que cresçam juntos e engajados com os desafios da alfabetização”, complementa Débora.

 
Após as explanações das duas partes, a mediadora, Maria José Nóbrega, abriu para as perguntas do público. Nessa parte do encontro, foi levantada a questão dos componentes curriculares do curso superior de Pedagogia, preferido entre os novos professores alfabetizadores. Para Maria do Rosário, os cursos oferecidos no mercado são falhos. “Hoje, a faculdade oferece técnicas para se aprender os métodos e não os conteúdos. Antes de ensinar, o professor precisa aprender as teorias de cada disciplina, ter um conhecimento profundo do que vai ser passado aos alunos. Senão, todo o conhecimento adquirido por ele no Ensino Fundamental já seria o bastante para dar aula. É preciso fortalecer as bases do conhecimento, ensinando aos professores as teorias de cada disciplina e, depois, as maneiras de aplicá-las em sala de aula”.

 

Débora Vaz ressaltou a importância da troca de experiências entre os jovens professores e os mais experientes. “Vale lembrar que os professores iniciantes normalmente começam suas carreiras com a alfabetização, um dos mais importantes momentos da educação do indivíduo. É preciso fazer um intercâmbio entre os professores iniciantes e os professores mais experientes para que esse processo seja melhorado coletivamente”.

 

Sobre as avaliações que mensuram o trabalho dos professores alfabetizadores, como o Saeb e a Prova Brasil, as duas opiniões divergiram. “O modelo de avaliação da educação é bastante utilizado nos países desenvolvidos e funciona como uma projeção de resultados para o Brasil. Infelizmente, na prática, a nossa educação ainda está longe de tais níveis e a escola acabou se tornando um lugar para treinamento dessas provas. Vale lembrar que se avalia o que a criança aprendeu e não o que, efetivamente, o professor ensinou”, ressaltou Maria do Rosário Mortatti.


Para Débora Vaz, o modelo de avaliação precisa ser aprimorado, mas é efetivo para diagnóstico das necessidades de formação continuada.  “As avaliações não podem ser vistas como o final de um ciclo ou como falha docente. As notas obtidas pelos alunos servem como norteador do trabalho de formação continuada demonstrando erros e acertos”, finalizou.

 


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Sobre as palestrantes

 

 

Profa. Maria do Rosário Longo Mortatti

Professora titular da Unesp-Marília, Presidente da Sociedade Brasileira de Alfabetização (SBAlf), coordenadora do Grupo de Pesquisa História do Ensino de Língua e Literatura no Brasil (Gphellb). Licenciada em Letras pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Unesp de Araraquara, Mestre e Doutora em Educação pela Unicamp e Livre-docente em Metodologia da Alfabetização pela Unesp. É pesquisadora, autora e organizadora de obras que tratam da história da alfabetização no Brasil, ensino de língua portuguesa e literatura, formação de professores, literatura infantil e juvenil, entre outros temas.


 

Profa. Débora Vaz

Licenciada em Pedagogia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, com especialização em Ciências da Educação pela Université René Descartes – Paris V – Sorbonne. Professora em cursos para formação de professores e coordenadores pedagógicos. Participou da produção e implementação do Programa de Formação de Professores Alfabetizadores do MEC. É diretora pedagógica no Ensino Fundamental em escola particular. Autora de publicações dirigidas à formação de professores. Coautora dos volumes de Língua Portuguesa da Coleção Presente, da Editora Moderna.

 

 

Profa. Maria José Nóbrega

Bacharel e Licenciada em Língua e Literatura Vernáculas pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Mestre em Filologia e Língua Portuguesa pela Universidade de São Paulo. Assessora em programas de formação continuada de professores junto ao MEC e a secretarias municipais e estaduais de educação. É assessora pedagógica em Língua Portuguesa da Coleção Presente, publicada pela Editora Moderna, e consultora pedagógica das revistas “Carta na Escola” e “Carta Fundamental”.

 

 

Abertura

 

Apresentação Débora Vaz

 

Apresentação Maria do Rosário Longo Mortatti

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