Ediouro compra parte da Nova Fronteira

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A editora Ediouro informou a compra de metade do capital da Nova Fronteira. É o segundo movimento significativo que acontece neste mês no mercado editorial brasileiro. Na semana passada, o grupo espanhol Prisa-Santillana adquiriu 75% da editora Objetiva.
 
Nenhuma das duas empresas divulgou os valores da negociação. Não há estatísticas oficiais ou rankings das empresas, mas a Folha apurou com pessoas ligadas ao mercado que, com a compra, a Ediouro se consolida como uma das cinco maiores do setor -excetuando a área de didáticos-, ao lado da Record, Rocco, Cia das Letras e Objetiva.

Esse é a terceira aquisição importante da Ediouro desde 2001. Nesse período, a empresa já tinha ampliado sua participação com a aquisição das editoras Agir e Relume-Dumará.
 
A Nova Fronteira foi fundada por Carlos Lacerda (1914-1977), governador do então Estado da Guanabara na década de 1960, e é comandada hoje por Carlos Augusto Lacerda, seu neto. A parte da editora vendida à Nova Fronteira estava nas mãos da D&PP, do ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga. A outra parte permanece com a família.
 
As editoras disseram que a Nova Fronteira continuará independente editorialmente, mas que haverá uma estratégia comercial comum, incluindo distribuição, impressão e compra de papel.

  Para Oswaldo Siciliano, presidente da Câmara Brasileira do Livro, a aquisição será “muito boa“ para as duas empresas, mas especialmente para a Nova Fronteira. “Depois que a Nova Fronteira perdeu o direito de publicação do Dicionário Aurélio para o grupo Positivo, houve a necessidade de ela se reerguer e voltar a ser a grande editora de ficção e não-ficção dos anos 70 e 80. Com essa negociação com um grupo considerável como o Ediouro, terá mais condições de ampliar sua condição editorial“, disse.

  Na avaliação do economista da UFRJ Fábio Sá Earp- que produziu em parceria com o pesquisador George Kornis, da Uerj, um estudo sobre o mercado editorial brasileiro para o BNDES-, as aquisições recentes refletem um ajuste provocado pelo encolhimento do setor. “O mercado editorial está encolhendo desde 1995, e é natural que não haja espaço para todo mundo. Por isso, há uma tendência de algumas editoras virarem selos das outras“, afirma Earp.

Dados da Câmara Brasileira do Livro mostram que esse movimento de encolhimento acontece principalmente a partir de 1998, quando foram vendidos 410 milhões de exemplares. Em 2003, o total de vendas foi de 256 milhões.

Ediouro leva 50%de concorrente
O Estado de São Paulo – Márcia De Chiara, Ubiratan Brasil

Menos de uma semana após o grupo espanhol Prisa-Santillana ter adquirido 75% da Editora Objetiva, um novo negócio agitou ontem o mercado editorial brasileiro. Desta vez, a transação envolveu duas tradicionais companhias brasileiras. O Grupo Editorial Ediouro anunciou a compra de 50% da Editora Nova Fronteira. O valor do negócio é mantido sob sigilo por questões contratuais.
 
  A Ediouro, com sede no Rio, tem mais de 60 anos de atuação no mercado e reúne cerca de 3,5 mil títulos sob as marcas Ediouro, Agir, Relume-Dumará e Prestígio, com temas de ficção e comportamento. Fundada em 1965, a também carioca Nova Fronteira acumula mais de 2 mil títulos em seu catálogo, reunindo grandes clássicos da literatura brasileira e mundial.

  “A aquisição se justifica para aproveitar os pontos fortes de ambas as empresas nas áreas comercial, de distribuição, de logística e de marketing“, afirmou o presidente da Ediouro, Jorge Carneiro.

A negociação durou cerca de dois meses e, segundo fontes do mercado, as editoras Record e Rocco chegaram a apresentar propostas para levar a metade da Nova Fronteira. A parte adquirida pela Ediouro pertencia à D&PP, do ex-presidente do Banco Central (BC) Armínio Fraga. A outra metade da Nova Fronteira continua nas mãos da família Lacerda.

Segundo analistas, com a troca de um sócio investidor por outro que é do ramo, a Nova Fronteira sairá ganhando. É que a Nova Fronteira não tem parque industrial, uma vantagem competitiva da Ediouro. Além disso, um dos principais custos de produção do mercado editorial, que é o papel de impressão, poderá ser reduzido com as compras conjuntas das editoras de um volume maior. Também o fato de a Ediouro ter um dos melhores sistemas de distribuição do País deve contribuir para o fortalecimento das companhias.

A Nova Fronteira informa que as duas empresas manterão independência na área editorial no que se refere às suas marcas, catálogos e estruturas. “O principal objetivo é o melhor aproveitamento de oportunidades na edição de livros“, informa o comunicado da empresa.
 
Na opinião do presidente da Câmara Brasileira do Livro (CBL), Oswaldo Siciliano, as recentes transações entre empresas do setor editorial são positivas e só irão fortalecer as companhias. “A atividade editorial não difere em nada das demais. Sem capital, não é possível se desenvolver num país onde o juro é algo estarrecedor.“

TENDÊNCIA

Analistas do mercado editorial dizem que a tendência de consolidação das empresas do setor é mundial e que agora está desembarcando no Brasil. Preocupado com esse movimento, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) acaba de divulgar uma radiografia do setor traçada por Fábio Sá Earp e George Koornis, técnicos do Grupo de Pesquisa em Economia do Entretenimento do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
 
Segundo Earp, a necessidade mais urgente do Brasil no mercado editorial é estudar e reorientar a produção, distribuição e o consumo do setor para se obter, em um prazo razoável, uma economia do livro compatível com a escala da economia do País.

De toda forma, enquanto o governo se articula para dar musculatura ao setor com linhas de crédito específicas, os negócios continuam sendo alinhavados. Comenta-se no mercado que a Random House, um dos maiores grupos editoriais americanos, estaria interessado na compra da editora Record.

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