Doria diz não se arrepender de recolher livro sobre identidade de gênero

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O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), disse não se arrepender de ter mandado recolher das escolas estaduais, em 2019, um material didático que falava em identidade de gênero. A menção constava em apostila de Ciências enviada aos alunos do 8º ano do ensino fundamental, que têm, em regra, de 13 a 14 anos.

“Podem ser discutidas. A questão não era discussão, era imposição com livro didático contendo apologia a esse tema. E a recomendação foi do secretário de Educação. Nós seguimos e não há nenhum arrependimento sobre isso”, afirmou Doria, durante participação no programa “Roda Viva”, da TV Cultura.

“Discutir é uma coisa, impor didaticamente um tema é outro. Existe identidade de gênero, mas você não pode impor isso a uma criança que frequenta uma escola. Pode debater esse tema, mas impor com material didático não. Nisso não houve nenhum arrependimento”, concluiu.

“A identidade de gênero é a forma pela qual eu expresso o gênero com o qual eu me identifico”, resumiu Bruna Benevides que é TransAtivista e Secretaria de articulação política da Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais), em entrevista publicada por Ecoa no ano passado. Isso acontece porque a expressão de gênero leva em conta muito mais fatores sociais e culturais do que biológicos.

Na prática, isso significa que uma pessoa que foi categorizado como menino no nascimento pode não se sentir confortável nessa identidade e “performar” ações e atitudes que são entendidas como femininas pela sociedade.

Esse desconforto pode levar a um questionamento sobre a sua própria identidade. A partir daí, a pessoa pode entender que se sente confortável se expressando dentro de outro gênero ou até mesmo não expressando gênero algum.

Na época, no entanto, Doria usou o termo “ideologia de gênero”, um conceito pejorativo usado pelo campo ultraconservador, muitas vezes ligado ao fundamentalismo religioso, contra os avanços nos direitos sexuais e reprodutivos e na igualdade de gênero, em especial a população LGBTQIA+.

“Fomos alertados de um erro inaceitável no material escolar dos alunos do 8º ano da rede estadual. Solicitei ao Secretário de Educação o imediato recolhimento do material e apuração dos responsáveis. Não concordamos e nem aceitamos apologia à ideologia de gênero”, escreveu ele no Twitter, em setembro de 2019.

Fomos alertados de um erro inaceitável no material escolar dos alunos do 8º ano da rede estadual. Solicitei ao Secretário de Educação o imediato recolhimento do material e apuração dos responsáveis. Não concordamos e nem aceitamos apologia à ideologia de gênero.

Na ocasião, mesmo sem citar o governador tucano, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) também usou o Twitter para fazer críticas à suposta ideologia de gênero.

 

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