CTP: mudança na estratégia de comercialização e crescimento do digital são as apostas assertivas do subsetor

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O subsetor de CTP (Científicos, Técnicos e Profissionais) é, novamente, o que apresenta queda nominal mais significativa entre os analisados na Pesquisa Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro, ano base 2023. A variação negativa foi de 5,9% nominal, e de 10,1% em termos reais.

Desde a crise econômica de 2016, o subsetor vem apresentando decréscimos, situação que foi agravada pela pandemia. Além disso, CTP é a categoria analisada que mais tem dificuldade em recuperar o preço do livro. Mesmo com a variação positiva superando os resultados vistos na edição da pesquisa em 2023, saltando de 3,1% para 4,6%, em termos reais o valor do livro não subiu.

Por outro lado, a análise do subsetor de CTP se torna interessante pela sua estratégia de recuperação, se aproveitando do digital. “O digital vem sendo a alternativa assertiva de CTP para segurar esse subsetor de uma mudança que a pandemia acentuou”, disse Mariana Bueno, coordenadora de pesquisas econômicas e setoriais da Nielsen BookData, no Podcast do PublishNews.

Ainda segundo Bueno, atualmente, olhar para CTP é olhar para bibliotecas virtuais. “Quando a gente olha para bibliotecas virtuais – que é um modelo de negócios de CTP –, a gente percebe esse crescimento. O retorno das editoras é que, sim, está funcionando”.

“Atravessamos uma grande mudança no perfil de consumo do conhecimento e conteúdo entre os leitores CTP. Há uma clara transição de plataformas, do físico ao digital, da obra individual ao acervo por assinatura, do texto por si ao texto combinado com vídeo e áudio, e da preferência do autor que só está no livro ao autor que coexiste nas redes sociais, nos eventos, no YouTube e no Spotify”, analisa Henderson Fürst, editor jurídico do Grupo Editorial Nacional. Para ele, além do desafio de saber navegar pela transição, é preciso compreender também os novos perfis de aprendizagem e atualização do leitor CTP.

“A impressão geral é que o subsetor atingiu o fundo do poço com a venda do impresso e com isso o crescimento do digital passou a ser suficiente para que o crescimento geral deixe de ser negativo. Não que seja algo estritamente a se comemorar, porque se deu às custas de um decréscimo absurdo, mas felizmente o mercado está encontrando uma alternativa”, completa Dante Cid, vice-presidente da Elsevier e presidente do SNEL.

Na Elsevier, por exemplo, a migração para o digital já aconteceu há alguns anos e hoje está na faixa de 90%. No Grupo GEN, esse processo também está evoluindo a cada ano. “Estamos conseguindo migrar aos trancos e barrancos, e cuidando dos stakeholders, autores, varejistas, e clientes entre outros. Em 2018, 84,8% do nosso faturamento era de livros físicos e em 2023 era de 61%. Esse ano, até abril, foi de 56,5%”, compartilhou Mauro Lorch, presidente do GEN. “Além do desafio de saber navegar pela transição, é preciso compreender também os novos perfis de aprendizagem e atualização do leitor CTP. O mercado que conhecíamos há dez anos será apenas uma parte do mercado CTP que existirá em dez anos, pois novos modelos de consumo surgiram e se consolidam”, destaca Fürst.

Ainda segundo a PeV, o faturamento com e-books no CTP cresceu 37%. “Nós só entregamos impresso sob demanda. Não há mais venda e distribuição do impresso de forma antecipada. Os usuários já estão acostumados e adaptados à leitura no digital. A gente sabe que é uma dinâmica bem diferente de Obras Gerais, Religiosos, Didáticos, mas é uma tendência que já se estabeleceu na literatura mais científica”, explica Cid.

Outro desafio é em relação ao preço do livro. “Com a mudança de perfil de consumo, há uma notória mudança da percepção do leitor quanto ao investimento que faz nos livros técnicos”, explica Henderson. Segundo o profissional, não há mais a consciência de que o preço de capa reflete no investimento de conhecimento e formação. “Apenas para exemplificar, vejo cada vez mais alunos na faculdade de Direito que preferem estudar apenas pelo seu caderno, achando o livro prescindível a esse momento de sua formação”.

Por fim, ao analisar as vendas ao governo, a queda foi de 7,2%, ante os 15% vistos em 2022. Porém, é importante lembrar que os números representam uma recomposição nos valores que deveriam ter sido pagos antes e não foram. “Ou seja, o governo não comprou mais. Ele tem um ciclo de compras que estava descasado. É somente uma recomposição”, esclarece Bueno.

Entre os principais canais de distribuição, as Livrarias Exclusivamente Virtuais continuam sendo o principal canal de faturamento, com 45,9% em importância. Livrarias (23,9%), Distribuidoras (14,1%) e Site Próprio/Marketplace (10,9%) aparecem em seguida.

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