Crescimento econômico deve ser integrado a políticas educacionais

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O sul-coreano Sung-Sang Yoo, diretor da ONG Educators Without Borders, veio ao Brasil pela primeira vez para participar, na semana passada, do Seminário Internacional Educação e Desenvolvimento – Integrando Políticas, promovido pela Unesco.

Em 1958, Coreia do Sul e Gana tinham o mesmo Produto Interno Bruto (PIB) per capita. Nas décadas seguintes, surgiu uma diferença brutal, com a Coreia despontando. Até que ponto isso pode ser atribuído ao investimento em educação?

 

Esse resultado se deveu a um esforço do governo coreano em conciliar crescimento econômico e políticas educacionais. A Coreia do Sul tem a tradição de manter esse tema dentro de seus valores.

 

Depois da 2.ª Guerra Mundial, o governo começou a pensar nos alicerces da sociedade, com a educação no centro da construção da identidade nacional. Fica impossível pensar em crescimento econômico sustentável sem investimento em ensino.

 

De que forma a escola conseguiu servir de plataforma para a mobilidade social?

Depois da 2.ª Guerra, a escola conseguiu ser um bom mediador para aqueles que pretendiam alcançar uma posição social mais elevada. Isso pode ser traduzido em uma palavra: meritocracia. Hoje, para os pais, a educação é uma preocupação constante na criação dos filhos, mas nem sempre foi assim. Durante os anos 1960, muitas famílias acreditavam que apenas o filho homem poderia ir à universidade.

 

As mulheres, após completarem o ensino médio, tinham de ir trabalhar. Em apenas uma geração a mentalidade mudou. Os casais têm um ou dois filhos e acham que todos devem concluir os estudos.

 

O investimento privado em educação na Coreia do Sul é um dos maiores do mundo. Essa é uma questão que não deve dizer respeito apenas ao Estado?

 
É uma questão que deve ser gerenciada por agências públicas. A educação também é um negócio que dá lucro e o serviço do setor privado tem sido de boa qualidade.

 

O investimento privado vem crescendo, enquanto o público se estabilizou. Discute-se que o governo deve focar em mais recursos para a educação pública, até como forma de diminuir a intervenção do setor privado. Mas as escolas privadas são monitoradas pelo governo, que garante qualidade. O governo desempenha um papel central no controle de ambas.

 

Uma das principais discussões no Brasil é elevar o investimento público em educação para 7% até 2020. Como é na Coreia?

 
Na Coreia, investimos entre 4,6% e 4,8% do PIB em educação (em décadas passadas, o índice superou 10%). Cerca de 15% do orçamento nacional vai para a área (em 2010, o orçamento do governo federal para a área foi de 3,22%), mas precisamos mais que isso. Vejo a situação do Brasil com curiosidade. Vocês são a sétima maior economia do mundo e para onde esse dinheiro vai? Há dinheiro suficiente para realizar mudanças estruturais em educação. A questão não é apenas recursos, mas gerenciamento e transparência.

 

O senhor é a favor de sistemas de premiação para melhores alunos e professores?

 

Os alunos devem ir à escola por causa de suas vontades. Precisam de envolvimento emocional com a escola e não de recompensa material.

 

E os professores?

 

Eles precisam ser monitorados, para que a qualidade do ensino seja mantida.

 

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