Cresce disputa de editoras no mercado de didáticos

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A espanhola Santillana é forte candidata à compra da Ática 
 
A editora Santillana, divisão do grupo de mídia espanhol Prisa, avança a passos largos no Brasil e é considerada hoje uma das mais fortes candidatas à aquisição da Ática/Scipione, controlada pelos grupos Vivendi e Abril, a maior editora de livros didáticos do país. A editora brasileira Moderna, comprada pela Santillana em 2001, triplicou sua participação nas compras de livros didáticos pelo governo federal, abocanhando quase 10% do fornecimento para o ano letivo de 2004.  
 
Este é o melhor filão do mercado editorial. O orçamento para o Programa Nacional de Livros Didáticos (PNLD) é de R$ 580 milhões e contempla a aquisição de 102 milhões de exemplares de livros da 1ª a 4ª série do ensino fundamental, que serão distribuídos gratuitamente para a escolas públicas até o início do ano que vem. Os livros já foram selecionados pelos professores.  
 
Mas as editoras e o governo só fecharam na última quarta-feira as negociações sobre preços, com um mês de atraso. Alegando uma forte alta nos custos do papel, cujas cotações subiram 30%, a editoras queriam um reajuste de 22%, bem acima da proposta do governo, de 6%. Segundo o presidente da Associação Brasileira dos Editores de Livros (Abrelivros), Wander Soares, o reajuste acertado ficou entre 7 e 8%. “Este é um período complicado. O orçamento, que foi feito pelo governo anterior, é muito apertado“, afirma.  
 
De acordo com a Abrelivros, a Moderna aumentou para 9,4% sua fatia no PNLD de 2004. No ano passado, a participação da editora foi de 3% aproximadamente. A Ática/ Scipione manteve-se na liderança, com uma participação de 20,6% no PNLD – 20% da Ática e 9,6% da Scipione.  
 
Em segundo lugar, com uma fatia de 20,6% nas vendas para o governo, está a FTD/Quinteto Editorial, controlada pela Congregação dos Maristas, ligada à igreja católica. A Saraiva, que acaba de comprar a editora Formato, de Minas, fornecerá 17,9% dos livros didáticos. Quem saiu perdendo foi a Brasil, cuja participação no PNLD caiu de 7,5% no ano passado para 4%.  
 
A agressividade da Santillana é um sinal de que a multinacional tem planos mais ambiciosos no país. O grupo Prisa, que faturou mundialmente 1,2 bilhão de euros em 2002, já detém uma grande presença no México, Argentina e outros países da América Latina. Além da editora Santillana, a Prisa também possui operações de rádio, meios impressos e televisão no Chile, Colômbia, México e Bolívia.  
 
A aquisição da Ática seria estratégica na área editorial ao garantir à Santillana uma liderança, com folga, em didáticos. Em suas demonstrações financeiras, a Santillana afirma que a Moderna “reforça extraordinariamente a posição da Prisa em um dos mercados mais dinâmicos e pujantes da América“. Em 2002, o lucro antes impostos e despesas financeiras da Moderna cresceu 12%.  
 
Procurada pelo Valor, executivos da Moderna não quiseram se manifestar a respeito. O superintendente da Ática, Vicente Paz, nega que a Santillana tenha uma opção de compra da editora, mas preferiu não fazer comentários sobre os rumores de que o grupo espanhol estaria entre os interesses na aquisição da empresa.  
 
Mundialmente, o grupo francês Vivendi decidiu vender a divisão editorial, depois dos prejuízos recordes deixados pelo ex-presidente Jean- Marie Messier. A Vivendi Universal Publishing foi comprada pelo grupo francês Lagardere, controlador da editora Hachette, por 1,3 bilhão de euros. Mas o negócio ainda está sob análise da Comissão Européia. “A comissão vem tendo problemas em obter informações do Lagardere“, disse nesta semana um membro da área anti-truste, segundo a Bloomberg. 
 

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