Cópias pirateiam 250 milhões de livros na América Latina

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A indústria editorial da América Latina vai naufragar se não forem tomadas medidas para deter a indústria paralela de pirataria e cópias reprográficas de livros. Horas antes da inauguração da Liber 2004 em Barcelona, representantes de 13 países ibero-americanos manifestaram seu desespero e sua impotência diante do negócio incontível da pirataria de livros e fotocópias ilegais. Os números são de causar vertigem: são fotocopiadas ilegalmente por ano 50 bilhões de páginas protegidas por direitos autorais, o equivalente a 250 milhões de livros, cujo valor chegaria a 500 milhões de euros (cerca de R$ 1,7 bilhão).  
 
Os números na Espanha são menores, mas não menos alarmantes. Não há pirataria de livros, mas sim fotocópias ilegais: a cada ano são reproduzidas 3,493 bilhões de páginas de material protegido, o que significa que se fotocopia por ano o equivalente a 17,5 milhões de livros, cujo valor atingiria 210 milhões de euros. Os dados foram divulgados nesta terça-feira (28/09) numa entrevista coletiva pelo Grupo de Entidades de Direitos Reprográficos da Ibero-América (Gedri), que realizou uma reunião de trabalho em Barcelona. “Os direitos autorais e das editoras são infrigidos sistematicamente por essa indústria paralela que prejudica gravemente o acervo cultural de cada país“, afirmou Josep Maria Puig de la Bellacasa, presidente da espanhola Cedro e do Grêmio de Editores da Catalunha. “Na próxima cúpula ibero-americana de chefes de Estado e de governo, pediremos formalmente que os governos dos respectivos países se comprometam com a criação e a adoção de medidas contra a constante violação dos direitos autorais.“ “A cultura da fotocópia começa no jardim de infância, quando os professores dão às crianças fotocópias coloridas e cobram dos pais como material escolar“, acrescentou a editora argentina e presidente da União Internacional de Editores, Ana María Cabanellas.  
 
O processo continua ao longo de todo o ensino. “Os estudantes não pisam nas livrarias, embora em muitos casos o preço das fotocópias ilegais seja praticamente igual ao dos livros. Nós editores temos dificuldades para lutar nos tribunais, e mesmo quando baixamos os preços dos livros nada conseguimos.“ Cabanellas explicou o caso dos estudantes que pirateiam os piratas: “Estes vendiam um CD-ROM com diversos livros por 6 dólares, e os estudantes os compravam e revendiam por 1 dólar“. O colombiano Gonzalo Arbeloa, presidente do Grupo Interamericano de Editores (GIE), afirmou que há três tipos de responsabilidade: “A dos governos, que devem legislar sobre o livro e a leitura e instalar bibliotecas nas regiões distantes dos centros urbanos, porque do contrário estão infringindo o direito à leitura. A segunda responsabilidade recai sobre nós, editores. Temos um compromisso com a leitura e devemos editar obras de qualidade e de preço acessível para as economias dos diferentes países. Fazemos bons livros, mas na Colômbia, por exemplo, não temos empresas distribuidoras fora das três cidades maiores. Cria-se um vazio que os piratas aproveitam. A terceira responsabilidade recai sobre o sistema educacional: temos de educar os educadores para que tomem consciência do grave prejuízo causado pela pirataria e a reprografia ilegal.“  
 
O setor editorial da Colômbia fatura 655 bilhões de pesos e a pirataria representa 10% das vendas legais. Todos os participantes da reunião de trabalho do Gedri concordaram que a pior pirataria é a que afeta a indústria de discos: 70% do que se vende é ilegal. Todos afirmaram, porém, que se os ataques que sofrem da pirataria são maus, muito pior é o que está acontecendo e acontecerá cada vez mais na Internet. Puig de la Bellacasa disse que não há “mecanismos de investigação“. “Quando você segue o fio de um site descobre que o servidor está em um país distante.“ Magdalena Vinent, da Cedro, explicou que essa entidade recebeu nos últimos seis meses 11 denúncias contra sites da web. Um deles, particularmente, “acrescenta por semana 200 obras“. “Também pela Internet é oferecido um CD com 2.400 livros de todo tipo, desde literatura a livros práticos de cozinha, dicionários, de tudo.“ Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves 
 

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