Clubes de Leitura

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Não é preciso escrever uma tese de pós-graduação para inferir-se que a leitura na vida do brasileiro caminha de braços dados com a sua conta bancária: vive-se a cada dia num minguamento desesperador. A leitura para centenas de pessoas constitui algo ausente, como um prato de comida. Pode-se constatar de maneira bem prática, empírica até, ao pedir às pessoas que relatem o seu “histórico de leitura“. Este torna-se ainda mais emblemático se proveniente de pessoas que passaram pelo processo de escolarização formal e conseguiram chegar à universidade.  
 
Os relatos são impressionantes. Neles, é comum a citação ao fato de a leitura, na escola, ser feita por obrigação, por ser algo maçante. Quando se lia algum texto, certamente esse texto seria cobrado, então se lia simplesmente por obrigação, sem o mínimo gosto pelo que se estava fazendo. É comum também a lembrança de que poucos eram os professores que incentivavam a descoberta da literatura, provavelmente porque eles também não tinham por ela nenhum encanto.  
 
Tampouco há recordação de professores que liam em sala de aula, a não ser o texto do livro a ser usado. Há, por outro lado, recordação de que se decoravam três estrofes de Os Lusíadas para obtenção de nota bimestral. Há os que taxativamente afirmam não terem tido nenhum mestre que despertasse a leitura e os que testemunham não terem tido incentivo nem dentro do próprio lar. Assim, como se pode fazer para estimular a leitura dentro e fora das escolas?  
 
Podemos pensar em experiências de leitura a serem implementadas em comunidades e mesmo em escolas, inseridas em um projeto que se pode chamar de Clubes de Leitura.  
 
Entendemos como Clubes de Leitura cenários nos quais tanto adultos quanto crianças, juntos, possam trocar idéias e impressões a respeito de leituras; locais onde as experiências sejam compartilhadas tanto por “alunos“ quanto por “professores“, onde todos tenham o que “ensinar“. A idéia é aglutinar pessoas que de alguma forma tenham em comum o interesse em discutir, ler, pesquisar, ler, ler, ler, em um ambiente de total respeito à singularidade de cada um ali presente. Nesses encontros, por exemplo, pode-se instituir o “Momento do Poema“, no qual cada participante poderá ler um poema de sua autoria ou de um poeta de que goste, incentivando assim o gosto pela arte poética.  
 
Dependendo do grau de interação entre os participantes e o amadurecimento intelectual do grupo, os Clubes de Leitura podem desenvolver ações em três diferentes direções, que, na verdade, se complementam:  
 
a) Núcleo de estudos – terá a tarefa de desenvolver atividades de iniciação temática, ou seja, tomar-se-ão como base textos de autores representativos da Literatura para leitura, estudo e análise, a fim de que os participantes tenham conhecimento e se possa sistematizar um conjunto de idéias que contribuam para o esclarecimento do processo de criação, do fazer literário e dos diversos níveis de leitura acionados para a tarefa.  
 
b) Núcleo de produção – desenvolverá atividades que tenham por objetivo a capacitação dos participantes, por meio de oficinas em que constituam momentos para que o participante realize, produza na acepção intelectual e material.  
 
c) Núcleo de divulgação – veiculará os trabalhos produzidos por meio de suportes a serem criados, como livros, jornal, página na internet, entre outros.  
 
Precisamos criar espaços nos quais as pessoas, sobretudo as crianças, possam interagir individual e coletivamente com a leitura e a escrita. Precisamos criar comunidades de leitores, convocar pessoas para que comecem a amar mais o livro e idolatrar menos a tevê. 

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