Censo Escolar mostra que escolas públicas não têm EQUIPAMENTOS, nem práticas de educação digital

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Com a infraestrutura parada no século XIX, em que dois milhões de alunos estão em colégios sem água potável, muitas escolas também se viram despreparadas para os desafios tecnológicos do século XXI. Com as unidades fechadas pela pandemia da Covid-19, alunos da rede pública precisaram de equipamentos e internet para seguirem as aulas de forma remota.

No entanto, só 7% das escolas públicas contam com tablets e 21% têm computadores portáteis para oferecerem aos seus estudantes, segundo dados do Censo Escolar de 2019, levantados pelo GLOBO.

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Nesse cenário, muitos jovens ficaram para trás. Um deles é Milene do Nascimento, 16 anos, estudante do 2ª ano do ensino médio do Colégio Estadual Magé, na Baixada Fluminense. Dos três meses de aulas remotas, ela ficou de fora dos dois primeiros por falta de conexão com a internet. A solução foram apostilas de papel que, sem a agilidade do mundo digital, levaram 60 dias para chegar até ela.

— Perdi muita coisa. O colégio me mandou duas apostilas, com as matérias, mas tenho tido muitas dúvidas e não posso esclarecê-las com os professores e os outros alunos porque fiquei para trás — conta.

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Helder Gusso, professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), especializado em concepção pedagógica, afirma que a histórica falta de políticas públicas para a educação nos trouxe até essa situação de alunos desequipados e professores despreparados para a função de ensinar de forma remota.

— A educação no Brasil foi deixada à própria sorte. Estamos completamente desamparados em termos de política. As instituições de ensino não podem e não são responsáveis por resolver os problemas à sua volta — explica Gusso.

Segundo dados da pesquisa TIC Domicílios 2018, 65% dos docentes na região Norte não receberam formação ou treinamento nessas metodologias; 64% do Centro-Oeste; 61% do Sudeste; 58% do Nordeste e 44% do Sul.

— Os professores precisam de formação para usarem as ferramentas de forma criativa — diz Marcelo Sabatinni, professor da UFPE, pesquisador de tecnologias educacionais.

O Censo Escolar mostra essa distância da tecnológica com a sala de aula. Só 25% das escolas públicas do país liberam internet para seus alunos, 38% usam a rede para algum recurso pedagógico e 33% têm redes sociais — principal forma de comunicação de alunos com escolas na pandemia.

— Para não lotarem as salas, as escolas vão precisar manter o ensino remoto para parte da turma. É o futuro. E os alunos também vão ter que aprender a lidar com ele — diz Gusso.

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