Para Martin Carnoy, professor da Universidade de Stanford (Estados Unidos), países como Brasil e México começaram a investir muito tarde em educação, o que explica em parte a distância que ainda apresentam em relação aos países desenvolvidos.
Na manhã da ultima quarta-feira (17), Carnoy participou como convidado do Sala Mundo 2011, encontro internacional de educação promovido em Curitiba pelo Grupo Positivo e pela Prefeitura de Curitiba com promoção da Gazeta do Povo. Doutor em Economia pela Universidade de Chicago, o professor falou a uma plateia de aproximadamente 2,4 mil pessoas, no Teatro Positivo, sobre as lições internacionais em educação e os recentes avanços obtidos pelo Brasil no setor. Segundo Carnoy, 80% da população em idade primária (ensino fundamental) dos Estados Unidos já frequentava a escola em 1910.
Outros países, como o Japão, também investiram cedo nessa etapa de ensino, enquanto no Brasil a universalização do fundamental ocorreu apenas há alguns anos. Em 2003, 96% das crianças brasileiras de 7 a 14 anos frequentava o ensino fundamental, etapa adequada para essa faixa etária.
“O Brasil e o México começaram a investir muito tarde na educação. Hoje eles precisam investir também nos ensinos médio e superior, porque a economia atualmente é muito mais complexa”, ressaltou. Segundo Carnoy, as duas maiores economias da América Latina ainda apresentam baixa porcentagem de pessoas de 25 a 34 anos com ensino médio ou superior, embora as exigências do mercado de trabalho estejam cada vez maiores.
Desigualdade de renda – De acordo com Carnoy, a distribuição desigual de renda interfere tanto na aprendizagem dos estudantes quanto os valores investidos em educação. O professor ressaltou que as crianças mais pobres convivem com menos experiências de aprendizagem fora da escola, o que prejudica o desempenho na instituição de ensino. “As experiências de aprendizagem antes da escola são muito importantes.
As escolas podem ser incríveis, mas será muito difícil recuperar o que essas crianças não tiveram”, disse. Para ele, a corrupção é outro fator que prejudica a qualidade da educação. “Se houver corrupção, você pode investir o que quiser na área que não fará diferença.”