Brasil é 71º em qualidade da educação

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O Brasil corre o risco de não atingir parte das metas de educação traçadas em 2000 pelas Nações Unidas no encontro Educação para Todos. Apesar de ter posto a maior parte das crianças na escola, o País ainda peca pela falta de qualidade na educação e por ter dificuldades de alfabetizar adultos. Entre 121 países, o Brasil aparece em 71º lugar.
 
Se a colocação é ruim, fica bem pior quando é avaliado o número de crianças que chegam à 5ªsérie do ensino fundamental: 85º. Lugar próximo de países africanos, como Zâmbia e Senegal. O relatório global Educação para Todos versão 2006, divulgado ontem pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), apresenta o ranking com base no Índice de Desenvolvimento da Educação (IDE) – uma fórmula que soma dados de alfabetização, matrícula na escola primária, qualidade na educação e paridade de gênero na escola.
 
No ano passado, o País estava em 72º. Ganhou alguns pontos. Passou de um IDE de 0,899 para um de 0,905, crescimento pequeno justamente na permanência na escola. No entanto, o Brasil vai bem apenas no índice de matrículas, onde estaria próximo de países como Hungria e Polônia. A qualidade de educação, que é vista pela Unesco por meio da permanência das crianças até a 5ªsérie, empurra o Brasil para baixo. A alta repetência – a maior da América Latina – e a quantidade de horas que as crianças passam na escola são dois dos fatores que a Unesco aponta como problemáticos para o Brasil.
 
RITMO LENTO – Na paridade de gênero, o Brasil também tem problemas. Enquanto na maior parte do mundo são as meninas que ficam fora da escola, o Brasil tem perdido os meninos para a repetência e evasão. O País já tem o maior índice de repetência da América Latina. Entre os meninos, a situação é especialmente ruim. Dados do relatório retirados do governo brasileiro colocam a repetência em cerca de 18% entre as meninas e quase 25% entre os meninos.
 
O relatório deste ano é centrado no analfabetismo adulto. Apesar de citado pelas campanhas e projetos de alfabetização, o Brasil é apontado entre os 20 países que podem não atingir a meta de reduzir em 50% o número de analfabetos até 2015. Isso porque o ritmo é lento. O Brasil tem hoje cerca de 16 milhões de analfabetos.
 
O relatório da Unesco elogia os esforços e as metas do governo – alfabetizar 10 milhões em cinco anos, erradicar o analfabetismo até 2015 –, mas mostra que já foram feitas várias campanhas e ações, do Mobral ao Alfabetização Solidária, e os resultados não foram permanentes. O País ainda é um dos 12 com o maior número absoluto de analfabetos e concentra hoje 1,9% da população mundial que não sabe ler e escrever. Documento é contestado pelo governo.
 
O ministro da Educação, Fernando Haddad, contestou ontem a projeção da Unesco. Segundo ele, a previsão foi feita sem levar em conta o ritmo de enfrentamento do problema ditado pelo programa Brasil Alfabetizado. Entre 2003 e 2004, o programa atendeu 3,5 milhões de jovens e adultos. Este ano, deverá atingir 2,1 milhões. “O presidente Lula firmou o compromisso com outros países da América do Sul, entre eles a Venezuela, de declarar o país território livre do analfabetismo em 2015“, disse Haddad.
 
O relatório da Unesco elogia o esforço brasileiro e põe o país no grupo de nações que tem apresentado bons resultados nos últimos anos. Ainda assim, o estudo não capta os avanços do Brasil Alfabetizado, segundo o secretário de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, Ricardo Henriques. “Se o governo brasileiro mantiver o ritmo do Brasil Alfabetizado, o País chegará a 2015 com uma taxa de analfabetismo inferior a 3%“ disse o secretário.
 
Mundo tem 771 milhões de analfabetos  
 
O relatório estima em 771 milhões o total de analfabetos acima de 15 anos no planeta. No grupo de 12 países, o Brasil ostenta a segunda mais baixa taxa de analfabetismo: 12%, o equivalente a 14 milhões de habitantes em 2003. Na Índia, esse número chega a impressionantes 267 milhões de pessoas, com uma taxa de 39%.
 
Na China, eram 87 milhões de analfabetos, com taxa de 10% – mais baixa do que a brasileira. Os outros países com maior número absoluto de iletrados do que o Brasil são Paquistão, Nigéria, Etiópia e Indonésia. China e a Índia respondiam por 45,9% do analfabetismo mundial, enquanto o Brasil era responsável por apenas 1,9%, no período de 2000 a 2004. “Governos e países doadores estão restringindo o progresso das metas de educação para todos e uma maior redução da pobreza ao prestar apenas uma atenção periférica aos milhões de adultos analfabetos“, diz o relatório.  

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