Brasil Alfabetizado intensifica ação em Pernambuco

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A taxa de analfabetismo em Pernambuco, de 24,5%, está acima da média nacional, que é de 13,63%. De acordo com o Censo de 2000 do IBGE, são 1.336.569 pernambucanos com 15 anos ou mais que não sabem ler nem escrever. Com base nas avaliações dos anos anteriores, o programa Brasil Alfabetizado, revisto e incluído no Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), estabelece como prioridade a alfabetização nos estados do Nordeste. 
 
Em 2006, foram cadastradas 5.736 turmas de alfabetização de adultos e 5.586 alfabetizadores em Pernambuco. O trabalho com jovens e adultos será feito, prioritariamente, por professores da rede pública, no turno oposto ao de sua atividade normal. Para isso, eles receberão bolsas de R$ 200,00 mensais do Ministério da Educação. O município ou o estado que aderir ao programa também receberá recursos para a formação dos alfabetizadores, compra de materiais didático e pedagógico, merenda e transporte. Em Pernambuco, também foram firmadas parcerias com 47 entidades para garantir a implementação do programa.  
 
Com o propósito de assegurar um amplo engajamento no combate ao analfabetismo, foi proposta uma participação maior de estados e municípios. Isso será feito por meio da apresentação de planos plurianuais municipais e estaduais, com aspectos pedagógicos e de gestão e supervisão, e com a definição de metas consistentes de alfabetização e de continuidade na educação de jovens e adultos. 
 
Selos — Outra medida para incentivar a ação alfabetizadora nos estados é a criação dos selos Município Livre do Analfabetismo, que será concedido às cidades que alcançarem 97% de alfabetização, e Município Alfabetizador, para aquelas que, em 2010, tiverem reduzido a taxa em 50% em comparação com os dados de 2001.  
 
Ainda este ano, R$ 300 milhões serão destinados à alfabetização no País — em 2006, foram R$ 200 milhões. Para cada adulto que estiver em processo de alfabetização, haverá um repasse de R$ 200,00 do MEC. A distribuição dos recursos será feita em função dos projetos apresentados pelos estados e municípios. 
 
 
 
Programa que incentiva criança a ler muda o jeito de aprender numa escola de Recife 
Portal MEC – Maria Clara Machado 
 
“Café com pão, café com pão, café com pão, café com pão”, lêem, numa só voz, alunos da 4ª série do ensino fundamental da escola municipal Reitor João Alfredo, em Recife. A leitura ritmada dá vida à locomotiva do poema Trem de Ferro, de Manuel Bandeira. Todos os dias, pela manhã e à tarde, a cena se repete na biblioteca da escola, quando os alunos escolhem o que querem ler. Desde 2005, a direção da escola, com os professores, resolveu estimular atividades de leitura em sala e visitas à biblioteca para que os alunos criassem o hábito de ler e escrever. Hoje, meninos e meninas já conseguem eleger suas histórias favoritas, sabem algumas de cor e ainda se arriscam como autores. 
 
“As rimas são brincadeiras para aliviar pensamento. Às vezes, penso bastante, às vezes sai no momento.” Os versinhos, feitos no ano passado, são das alunas Thereza Raquel da Silva e Jéssica Heleno, quando estavam na 4ª série. O cordel que fizeram está no livro Pequenos Poetas. Batizada pelos próprios alunos, a obra, recheada de textos dos jovens autores, é um dos resultados da iniciativa da escola, que integra o programa Manuel Bandeira de Formação de Leitores, da Secretaria Municipal de Educação de Recife. 
 
“A gente já estimulava os alunos a ler e, no ano passado, decidimos participar do programa da secretaria municipal. Agora, o projeto está mais estruturado”, conta a vice-diretora Elzanira Magno. O programa realizou um concurso para incentivar ações de formação de leitores, em que o projeto da escola Reitor João Alfredo foi um dos escolhidos. “Vamos receber R$ 25 mil para ampliar e equipar a biblioteca. Além disso, as produções dos alunos serão publicadas”, informa a vice-diretora. 
 
Estímulos — O programa prevê ações de estímulo à leitura e à escrita durante as aulas, com acompanhamento do professor, e na biblioteca, com auxílio dos mediadores — professores estagiários que ainda não concluíram a graduação. O mediador planeja atividades semanais com cada turma, de acordo com as preferências dos alunos, a faixa etária e a série que cursam. 
 
“Trabalhamos textos de Patativa do Assaré com alunos da 7ª série, para que refletissem sobre as diferenças entre a língua coloquial, usada pelo poeta, e o padrão culto da língua”, exemplifica a mediadora Rosinete Soriano. Ela tem 23 anos e cursa o 6º período do curso de letras. “Na semana que vem, vamos trabalhar o texto A Emília no País da Gramática, de Monteiro Lobato, com os alunos da 4ª série”, emenda Rosinete. Após iniciado o projeto, o número de empréstimos na pequena biblioteca cresceu bastante. “Os alunos não liam ou escreviam nada. Mas, só nos últimos dois meses, 570 obras foram emprestadas”, revela a mediadora. A escola atende cerca de mil alunos do ensino fundamental, distribuídos em dois turnos: matutino e vespertino.  
 
Colega de Rosinete, a mediadora Jozinete Vieira Corsino acha que os estudantes estão mais disciplinados depois que começaram a tomar gosto pela leitura. “Eles vinham à biblioteca só para brincar e fazer bagunça, mas agora ficam insistindo para lermos o que eles gostam mais”, ressalta Jozinete, que está no 8º período do curso de pedagogia.  
 
Empolgada com a mudança de atitude dos estudantes frente à leitura, Jozinete incentiva seus alunos a contar histórias, fazer dramatizações do que foi lido e a produzir textos. “Como o tema do ano passado foi Manuel Bandeira, os meninos sabem tudo da vida dele. Estudamos até os sintomas da tuberculose”, conta. “O poema que mais gostam é Trem de Ferro”, completa Jozinete. Cada mediador recebe uma bolsa de R$ 316 por 20 horas de trabalhos semanais.  
 

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