Bienal do Livro ganha força com jovens influenciadores, mas ainda demanda destaque para autores

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Existe a ideia de que os brasileiros não gostam de ler. Mas a mais recente edição da Bienal do Livro do Rio de Janeiro contradiz essa tese. Seus números impressionam: com mais de 600 mil visitantes, 5,5 milhões de livros vendidos, em uma área de 90 mil metros quadrados e mais de 380 autores em sua programação oficial, o evento se mostra um sucesso.

O que atrai o público para a Bienal é, em parte, a possibilidade de comprar obras com desconto e estar perto dos autores. Mas, além disso, é preciso considerar que sim, os brasileiros gostam de ler e há uma grande influência das redes sociais para incentivar a leitura – valeu, tik tokers – com destaque para o público jovem.

Existem hoje muitos influenciadores, em diferentes plataformas, que compartilham suas leituras, analisam obras e falam sobre o prazer de ter em mãos um livro. E sim, falo dos livros físicos. Embora o mercado de livros digitais tenha crescido, correspondendo a cerca de 7% do mercado editorial brasileiro hoje, os físicos ainda dominam com os 93% restantes, de acordo com dados da Pesquisa Global de Entretenimento e Mídia 2022-2026, organizada e divulgada pela PwC Brasil.

Outros estudos apontam que existe uma preferência pelo papel. Uma pesquisa realizada pela Two Sides revelou que 64% dos leitores brasileiros preferem livros impressos, contra 29% dos que preferem ler em dispositivos eletrônicos. O formato digital faz sucesso principalmente quando se trata de universidades e do cenário acadêmico em geral, quando o volume de leituras é muito grande e é preciso ter acesso a todas as informações de maneira fácil e em qualquer lugar. Já quando se trata da leitura por prazer, a preferência é pelo livro impresso, com cheirinho de papel e com a satisfação de folhear. Eu, particularmente, sinto que a experiência se torna infinitamente mais prazerosa quando se tem o livro desejado nas mãos. Ir a uma bienal amplifica essa oportunidade.

Uma experiência que realizamos este ano foi expor as obras com um QR Code que oferecia descontos. Além disso, como trabalhamos com impressão sob demanda – que garante um processo sustentável –, os leitores efetuaram as compras no estande da Bienal, mas receberam as obras em casa sem se preocupar com o peso no passeio. Uma delícia a expectativa de esperar pelo novo livro.

Para as empresas do mercado editorial, as bienais permitem alavancar as vendas, além de tornar as editoras, os autores e as obras mais conhecidos. É uma oportunidade de branding, de ter contato direto com o público, ouvir suas ideias, e conhecer suas preferências. Para uma startup, participar de um evento é um verdadeiro processo de pesquisa, entendendo as demandas do mercado e dos leitores. É um grande aprendizado e traz a sensação de dever cumprido, resultando em novas ideias e reflexões.

Diante dessas características, as bienais são focadas na venda de livros, o que pode deixar os autores relegados a segundo plano. Por isso, é necessário criar ações e espaços para que eles ganhem destaque. Eu, como fundador de uma plataforma de venda e publicação de livros físicos, tenho trabalhado para isso.

Noto que o sentimento dos autores, que tiveram a oportunidade de lançar um livro pela primeira vez, de comparecer a um evento como este é indescritível: eles interagem entre si e ainda contam com a participação de suas famílias.

Essa oportunidade de troca e de confraternização precisa ser levada em conta. Estamos trabalhando para criar uma comunidade de escritores e oferecer a melhor experiência possível para esse público. Mesmo que o autor não compareça, sabe que sua obra está exposta ali.

Com tudo isso, as bienais são uma oportunidade para leitores apreciarem os livros ao vivo e a cores e conhecerem alguns autores e editoras. Essa interação é a oportunidade para as editoras conhecerem seu público e saberem o que esperam os leitores, rompendo as barreiras e a distância. Quanto aos autores, eles ainda precisam conquistar maior espaço nesses eventos, conhecendo outras pessoas que escrevem, as editoras e captando leitores para suas obras. Afinal, é para isso que estamos neste mercado, não é mesmo?

Publicado por Betinho Saad – Publishnews em 01/11/2023.

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