Bibliotecas escolares carecem de formação de leitores

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As bibliotecas instaladas em escolas públicas do ensino fundamental no Brasil não estão associadas a projetos de formação de leitores. Os professores não têm intimidade com os acervos. E ainda persiste a cultura do armário. Ou seja, a de deixar os livros trancados. Esses são alguns dos resultados da pesquisa avaliativa sobre leitura nas escolas públicas realizada pela Associação Latino-Americana de Pesquisas e Ações Sociais, ligada à Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). 
 
A pesquisa, encomendada pelo Ministério da Educação, avaliou a utilização dos acervos do Programa Nacional Biblioteca na Escola (PNBE) relativos a 2001, 2002 e 2003. Foi realizada em 196 escolas públicas de ensino fundamental de 19 cidades do Pará, Bahia, Sergipe, Ceará, Goiás, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Espírito Santo. O trabalho de campo foi feito no fim do ano passado. O resultado, concluído este ano, foi apresentado aos secretários municipais e estaduais de Educação na sexta-feira, dia 10, no seminário nacional Currículo em Debate, em Brasília. 
 
De acordo com Jane Cristina da Silva, coordenadora-geral de estudos e avaliação de materiais do MEC, a pesquisa rompe mitos de leitura. Independentemente da carência das escolas, constatou-se que as instituições de ensino são guardiãs da leitura. “Em espaços carentes e condições adversas, há práticas vitalizadoras da leitura”, disse. Segundo Jane, a reação dos alunos é positiva quanto à chegada dos livros do PNBE. Ela constata, contudo, que os professores não têm intimidade com os acervos do programa. “Muitas vezes, são profissionais não-leitores responsáveis por alunos leitores”, afirmou. 
 
Outros problemas apontado pela pesquisa são a inexistência quase total, nas escolas públicas, de bibliotecários com formação e a ausência de concursos para esse cargo. Por fim, a pesquisa constatou que há necessidade de formação específica de profissionais nas escolas para utilização dos acervos e de políticas públicas de leitura e de formação de leitores nas escolas. 
 
“O sentido de leitura ainda é para fazer prova”, afirmou Jane. Ela destaca que a leitura precisa ultrapassar o limite da disciplina de português e envolver as demais disciplinas e áreas da escola. “Falta mediação. A diferença entre a entrega da merenda escolar e do livro escolar é que o segundo programa precisa de mediação constante”, disse. 
 
Pacto — O MEC pretende firmar um pacto com os secretários municipais e estaduais de Educação para incentivar a leitura nas escolas. A idéia não é só distribuir livros didáticos e paradidáticos, mas fomentar a leitura e acompanhar essa política de perto. A implantação de centros de leitura em 30 escolas públicas; a publicação da revista LeituraS e a entrega de um kit de documentos sobre a política de formação de leitores são algumas das iniciativas práticas previstas para o início de 2007. 
 
PNBE — O programa consiste na aquisição e na distribuição de obras de literatura brasileira e estrangeira, infanto-juvenis, de pesquisa e de referência, além de outros materiais de apoio a professores e alunos, como atlas, globos e mapas. Começou a ser implementado em 1997 e a distribuir livros em 1999. Naquele ano, foram entregues 20 mil acervos de literatura às escolas públicas. Em 2005 e 2006, os estabelecimentos de ensino receberam 5.575.160 acervos. Outros dados do programa estão na página eletrônica do programa.  
 

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