Biblioteca escolar atrai crianças na hora do recreio

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O interesse pelos livros é tão grande entre os 400 alunos do pré-escolar à 4ª série do Colégio Termomecânica, em São Bernardo do Campo (SP), que eles disputam senhas para freqüentar a biblioteca durante o recreio. “Distribuímos cinco para cada uma das 13 turmas, mas sempre deixo entrar alguns que não têm senha”, afirma a infoeducadora Cláudia Guedes. “Livres para circular pelo espaço amplo, bonito, colorido, bem equipado e com acervo de qualidade e com a possibilidade de escolher o que fazer dele, as crianças trocam a brinquedoteca e as quadras esportivas pela biblioteca”. 
 
Cláudia Guedes foi preparada para facilitar o acesso das crianças a informações na biblioteca de uma outra escola municipal de São Bernardo do Campo, onde já existem 60 espaços como o do Termomecânica. “Com a quantidade de informações que dispomos atualmente, o problema não é o acesso à informação”, afirma Edmir Perrotti, professor do Departamento de Biblioteconomia e Documentação da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (USP) e membro da Comissão Nacional do programa Leituração, da Secretaria Extraordinária Nacional de Erradicação do Analfabetismo (Seea) do Ministério da Educação. “A questão é a competência para selecionar, interpretar e estabelecer relações entre elas, o que o infoeducador ajuda a desenvolver”. 
 
Perrotti explica que a exposição a várias informações e linguagens – oral, audiovisual, escrita/impressa, digital – desenvolve nos usuários competências cognitivas necessárias ao processo de aprendizagem. Com arena para teatro, televisão, vídeo, computadores, aparelho de som com fone de ouvido, mesas e cadeiras confortáveis, estantes com livros e outros materiais, a biblioteca motiva o estudante a entrar. Quem entra, vira freqüentador assíduo e aprende com autonomia. 
 
Da leitura à produção – Os professores da escola conversam regularmente com Cláudia sobre como integrar salas de aula e biblioteca. Nas duas “aulas de biblioteca” semanais, os alunos experimentam atividades com a professora e a infoeducadora, e desenvolvem projetos com as duas. Cláudia torce para sobrar tempo livre, pois as crianças também precisam fazer o que têm vontade.  
 
Caixas coloridas espalhadas pela sala exibem livros que os alunos pegam por iniciativa própria. A infoeducadora os analisa, para saber qual a faixa etária mais indicada, faz seleção de acervo e de sites para pesquisa, auxilia as crianças e conta histórias. “Não há regras aqui, porque fica chato. Faço combinações com as crianças sobre o que pode e o que não pode ser feito”, diz. 
 
O livro eletrônico Parlendas, elaborado em 2003 pelos alunos do pré-primário do Termomecânica é um exemplo desse método de promoção da leitura e da escrita. Durante quatro meses, uma professora desenvolveu este tema em sala e a pesquisa recebeu apoio da infoeducadora, por meio da internet e de outros materiais. Para levar o trabalho das crianças à biblioteca, Cláudia desenvolveu um livro eletrônico. “Os alunos aprenderam a usar o scanner, a fazer gravação de voz e digitaram os textos”. Quem visita a biblioteca pode conhecer a produção, que está disponível nos computadores. 
 
Estação do conhecimento – “Não basta um belo espaço e parar aí, nem apelar para a paixão pelos livros, que ajuda, mas é insuficiente”, afirma Edmir Perrotti. “É preciso fazer disso uma estrutura de apoio e acolhimento aos interesses do sujeito e formar infoeducadores”. Experiências desenvolvidas sob orientação do especialista provam que é possível estimular a leitura com metodologias adequadas. Elas servem a outras instituições, como creches, bibliotecas públicas, bibliotecas comunitárias e acervos circulantes. É o que Perrotti denomina “estação do conhecimento” – uma espécie de centro cultural, onde as informações produzidas nas salas de aula circulam. “O mero exercício escolar vira conhecimento, pois tem qualidade de linguagem para circular entre os usuários e se torna público”, diz ele. 
 
As “estações do conhecimento” estão sendo implantadas como bibliotecas escolares nas 140 escolas municipais de São Bernardo do Campo, 71 de Diadema e 12 de Jaguariúna, em São Paulo. Na capital, a prefeitura planeja implantar o modelo nas bibliotecas e salas de leituras das 1.503 escolas municipais e nas 313 creches. No total, 2.039 instituições de ensino terão sua “estação do conhecimento”, adequada à população atendida e às possibilidades financeiras da instituição.  
 

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