Balanço da Bienal do Livro de SP: editoras relatam recordes de vendas e destacam a grande participação do público jovem

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Confirmando os números oficiais divulgados pela Câmara Brasileira do Livro (CBL) e RX sobre a Bienal Internacional do Livro de São Paulo e que a consagrou como a maior edição dos últimos 10 anos, as editoras e expositores compartilharam com o PublishNews o balanço dessa 27ª edição do evento que terminou no domingo (15).

Além do recorde de vendas, a Bienal mais uma vez serviu para mostrar que o brasileiro lê sim e que eventos literários também atraem grandes públicos. Mesmo com um espaço 15% maior do que a última edição, no Expo Center Norte, o Anhembi enfrentou problemas ao receber um público 9,39% maior do que o esperado. Corredores lotados, grandes filas – tanto nos banheiros quanto nos estandes –, uma praça de alimentação mal localizada e altos preços nos alimentos foram alguns dos problemas relatados pelo público.

Por outro lado, as editoras ouvidas pelo PublishNews relatam – além do recorde de vendas – a grande participação dos jovens no evento, a alta procura por obras de ficção, obras young adult, romantasia e romances de esportes e o crescimento da literatura sul-coreana. Além disso, o sucesso dos novos selos voltados para o público jovem, o trabalho de divulgação dos influencers e as ativações nos estandes também foram citados pelas editoras como pontos de destaque dessa edição. Confira.

Com um estande de tamanho recorde e maior número de autores participantes – três internacionais e 11 nacionais, a Sextante e Arqueiro comemoram as vendas reportando crescimento de 100% em relação à última edição de 2022 em São Paulo. Quando comparado com a edição do Rio de Janeiro em 2023, o aumento foi de 60%. “A Bienal do Livro de São Paulo me surpreendeu muito. Quando cheguei aqui e vi o tamanho da estrutura eu pensei ‘vai precisar de muita gente para encher todo esse espaço’, mas o espaço ficou pequeno. Ver esse mundo de gente interessada em livros foi uma alegria. Viver essa Bienal me encheu de esperança”, comemora o sócio diretor Marcos da Veiga Pereira.

Na Arqueiro, a autora italiana Ali Hazelwood ocupou as três primeiras posições do ranking com A hipótese do amor, Amor, teoricamente e Noiva. Na Sextante, a médica especialista em cuidados paliativos, Ana Claudia Quintana Arantes foi a autora mais vendida com A morte é um dia que vale a pena viver.

O Grupo Companhia das Letras sinalizou a Bienal como o maior evento em vendas da sua história. “Na sexta (13), ultrapassamos tanto o número de exemplares vendidos quanto o faturamento da última Bienal, no Rio. E assim batemos, com entusiasmo, todos os nossos recordes de vendas no evento”, diz Mariana Zahar, COO da Companhia das Letras. Um estande de 600m² contemplou todos os selos do grupo editorial que levou mais de 50 autores para o evento. Além disso, seis dos dez títulos mais vendidos do estande são de autores brasileiros.

A Bienal de São Paulo superou também as expectativas na Rocco, com as vendas crescendo 87% em faturamento, se comparadas à edição da Bienal de 2022. Esta foi a melhor performance da editora em uma Bienal na cidade. Nas vendas, os maiores destaques foram os livros de romantasia, ficção coreana (tema do estande) e romances de esportes. Mais uma vez, a ficção voltada para o público jovem, especialmente o feminino, foi a tônica das vendas da casa. Nos mais vendidos, 90% dos livros foram escritos por autoras.

“A Bienal de São Paulo já tinha dado um salto em 2022 e o excelente resultado de vendas e visibilidade para a Rocco esse ano mostram que o evento efetivamente mudou de patamar e que está à altura do potencial da cidade e do Estado de São Paulo”, comenta o diretor comercial e de marketing da Rocco, Bruno Zolotar. “Três pontos a destacar que contribuíram para o sucesso foram o ótimo trabalho de divulgação com influenciadores, a maior visitação escolar e o Distrito Anhembi renovado e bem mais confortável.”

O Grupo Autêntica encerrou sua participação na Bienal com um crescimento de mais de 60% nas vendas. A editora teve mais de 30 convidados que participaram da programação oficial e das sessões de autógrafos realizadas no estande. “Comemoramos este resultado, que coroa também a estratégia de estar presente como Editora Gutenberg. Entre os nossos sete selos ela é a que tem mais identificação com o público de bienais e com certeza seguiremos com este reforço de marca nas próximas edições, investindo também em lançamentos e ativações que atraiam esses leitores e leitoras”, avalia a gerente comercial Judith de Almeida.

O pódio dos mais vendidos foi ocupado pela americana Stephanie Garber, principal representante do romantasia, com Era uma vez um coração partido. Paula Pimenta, novamente ficou nas primeiras colocações e Minha vida fora de série 5, seu lançamento mais recente, foi um dos mais procurados no estande.

“Minha principal impressão é que o público jovem é o grande protagonista do evento, mostrando que a velha afirmação de que o jovem não lê já está ultrapassada. Essa febre está evidentemente ancorada na internet, nas séries, nos likes e deslikes, nos cenários instagramáveis. E isso faz parte da experiência completa para eles. A presença do estande da Gutenberg neste ano foi uma prova disso: identificação direta com o público, os livros mais queridos e aguardados, presença dos autores, descontos, brindes e cenários para fotos. Já vai deixando a gente com saudade e com vontade de fazer ainda melhor em 2025, no Rio”, adianta a editora Flavia Lago.

A constatação também foi observada por Gerson Ramos, diretor comercial da Planeta, que reportou crescimento de 120% em relação a última Bienal de São Paulo. “O público jovem é mais uma vez protagonista e é um público muito maior do que frequenta normalmente as livrarias. Cabe a todos nós, editoras e livrarias, identificar os elementos que fizeram esse público se sentir mais representado e atendido nessa oportunidade e conseguir repetir isso ao longo dos meses”, avaliou.

A 27ª Bienal de São Paulo também foi a maior para o Grupo Editorial Record em termos de faturamento. O Grupo superou a marca de 100 mil livros vendidos e muito deste desempenho histórico se explica pela boa saída dos boxes e kits. “A Bienal de São Paulo deste ano foi um marco histórico para o Grupo Editorial Record. Em poucos dias suplantamos em mais de 80% o resultado de nossa última bienal paulistana e ultrapassamos com folga o resultado da bienal carioca, mesmo com um feriado a menos e com metragem menor. Mais do que resultados e números, porém, o que nos alimenta de verdade é a alegria dos nossos leitores e dos autores que conseguimos ter em nossa casa”, comentou Cassiano Elek Machado, diretor editorial do Grupo.

Na VR, o crescimento foi de 30%, também em comparação com a última Bienal na capital. “O evento superou as nossas expectativas e nós tivemos um crescimento bem importante em relação à Bienal do Livro de São Paulo. Nós crescemos e, comparando 2022 com 2024, tivemos um crescimento de 30%. Quando comparamos 2023, no Rio de Janeiro, com esta Bienal de 2024, crescemos cerca de 15% em vendas. A Bienal de 2022 ainda tinha um certo resquício de pandemia, então nesta Bienal, o público compareceu em peso. No nosso estande de promoções, trouxemos mais de 10 autores, e a VR está saindo muito feliz e satisfeita desse evento literário”, compartilhou Marcos Borges, Gerente Comercial e de Marketing o grupo VR Editora.

O Grupo Alta Books, que contou com dois estandes, um voltado para ficção e outro para não ficção, em parceria com a Citadel, reportou crescimento de 110% em comparação com a última Bienal de São Paulo. “O que mais chamou nossa atenção, foi como a divisão do segmento de ficção e literatura foi importante para nos aproximarmos mais do público jovem. Fez muita diferença”, pontuou Ruggeri.

Na editora Cortez, que tem um catálogo forte escrito por professores, pesquisadores e intelectuais brasileiros, o crescimento foi de 4%. “Sentimos a falta do público universitário no evento, enquanto o público mais jovem aumentou bastante”, comentou Elaine Nunes, diretora comercial e de marketing da editora. “O público juvenil é muito intenso e vibrante, são leitores apaixonados por livros e isso, agregado à algumas editoras que fizeram ação nos estandes com brindes, acabou gerando muito congestionamento nos corredores, o que dificultou a circulação até o estande da Cortez”, destacou.

O Grupo Ciranda Cultural, que nesta edição tinha um estande com área de mais de 1 mil m2, lançou dois selos na edição e marcou presença diária com autores, ações pontuais com booktokers e outras atividades. Até o sábado (14), o faturamento total já era superior em mais de 50% em relação à edição passada.

Nos estandes das livrarias Loyola e Drummond, as vendas foram 70% maiores do que em 2022, que já havia sido uma das melhores para o grupo. “O que nos chamou a atenção foi novamente o grande número de adolescentes, jovens e adultos jovens buscando livros e mais, muitos saindo com pilhas de livros”, comenta o sócio das livrarias, Vitor Tavares. “Nosso ticket-médio foi de mais de R$ 149. A presença de famílias, e professores/educadores foi algo que nos chamou muito a atenção nessa edição. Apesar das filas, a Bienal do Livro é uma atração turística, é turismo cultural, na veia, na cidade de São Paulo. Como dizem alguns clientes que visitam nossos estandes, uma pena que está terminando, poderia ser mais dias. Sucesso total”, disse Vitor ao PublishNews no domingo (15).

Na HarperCollins, as vendas dobraram entre 2022 e 2024. “Estamos muito satisfeitos com a participação do Grupo HarperCollins Brasil nesta Bienal do Livro de São Paulo de 2024. Dobramos o faturamento nesta edição, se compararmos com a Bienal de 2022, o que mostra, em números, a grande procura pela literatura vista em todos os dias de evento, principalmente aos finais de semana. O grande destaque do grupo é a editora Harlequin que vem crescendo bastante desde o seu rebranding no início do ano e teve o título mais vendido do estande: Amor às causas perdidas, da Paola Aleksandra. As ativações que foram pensadas especialmente para acolher a todos os públicos fizeram bastante sucesso, principalmente o coração da Harlequin, que é a casa dos romances, o que aumentou a busca por títulos contemporâneos e pelo mais recente lançamento, a romantasia estrangeira e sucesso no TikTok, O despertar da lua caída, da Sarah A. Parker”, destaca Daniela Kfuri, diretora de Marketing e Vendas do Grupo HarperCollins Brasil.

A Intrínseca montou neste ano um espaço 60% maior do que na última edição, o que deu resultados: o faturamento aumentou 75% em relação à Bienal 2022. Se comparado à Bienal do Livro Rio 2023, a Intrínseca teve um faturamento 27% maior. “É muito gratificante ver que um evento tão bonito como a Bienal só cresce a cada ano. O interesse crescente pela leitura é um marco muito significativo. Importante frisar que quando a gente fala de crescimento de espaço e de vendas a gente também está falando de mais pessoas lendo. E esse é o principal propósito do nosso trabalho”, afirma Vanessa Oliveira, gerente de marketing da Intrínseca.

“Uma boa notícia que comprova a vocação da Bienal em atrair jovens e revela o interesse crescente do público adulto. A nossa lista de livros mais vendidos reflete esta tendência: de best-sellers, como os livros de Lynn Painter, que encontrou seus fãs brasileiros pela segunda vez, até a healing fiction Vou te receitar um gato, de Ishida Syou”, completa.

O Grupo Aleph, conhecido pelo foco em cultura pop e ficção científica, registrou um aumento de 45% nas vendas na Bienal do Livro de São Paulo comparado à Bienal do Rio, que aconteceu ano passado. Se comparado ao evento de 2022, na capital paulista, a porcentagem salta para 145%. Segundo Thereza Castro, coordenadora de marketing do Grupo Aleph, o aumento tem diversos fatores, mas dois podem ser considerados os principais: o novo selo infantil e o lançamento do livro do autor americano John Scalzi. “A chegada de Glida ao mercado editorial acabou atraindo a curiosidade dos leitores que já acompanham a Aleph. No selo infantil, podemos dizer que a série Gatos Alados está sendo um sucesso de vendas”, comenta.

Na Globo Livros, que também utiliza o seu selo juvenil (Alt) como marca principal, os números também foram superlativos. “Em um mundo cada vez mais polarizado, as Bienais do Livro têm sido um sopro de esperança. Foram 10 dias de encontros e reencontros de leitores com seus autores queridos, em um universo eclético onde todas as correntes de pensamento convivem em perfeita harmonia. E como a leitura é o passaporte para o desenvolvimento da cidadania, não posso deixar de celebrar os bons números. O evento de 2024 superou a mais otimista expectativa e bateu todos os recordes históricos. A Globo Livros, que nas Bienais utiliza seu selo juvenil Alt como marca principal, terminou o evento mais que dobrando as vendas em relação a 2022”, comenta o diretor da editora, Mauro Palermo.

Durante os dez dias de feira, o estande da PAULUS vendeu mais de 10 mil livros, com um faturamento 150% maior em relação à última Bienal do Livro realizada na capital paulista no ano de 2022. O campeão de aquisições foi o Evangelho de Jesus Cristo em quadrinhos, título que inspirou o design do estande.

No Grupo Editorial Pensamento – em comparação com a edição de 2022 – o aumento nas vendas foi de 32% e 151% no resultado, “uma vez que também conseguimos reduzir bastante nossos custos”, explica Carolina Riedel, Publisher do Grupo. “Se compararmos com a Bienal do RJ de 2023, as nossas vendas também tiveram um crescimento, porém um pouco menor (5%) uma vez que sabemos que a Bienal do RJ tem um público maios de visitantes. Portanto, o resultado é bastante positivo e demonstra que ano após ano o evento em si está conseguindo atingir um número cada vez maior de visitantes e o mais importante, leitores! Isso fica claro, quando puxamos o ranking de vendas do nosso estande. Apesar do Grupo Pensamento, ter 3 selos editoriais, os maiores sucesso foram do selo Jangada, nosso selo de ficção e que atinge o público mais jovem”.

O editor e livreiro João Varella, da Banca Tatuí – que realizou a operação de vendas do estande da Colômbia, país homenageado desta edição da Bienal –, comentou que a experiência foi desafiadora e gratificante. “Tivemos que lidar com questões logísticas complexas – os livros ficaram nove dias parados no terminal de cargas do aeroporto de Guarulhos, o que demandou articulações nossas com a Embaixada da Colômbia, Ministério da Cultura do Brasil, além de contar com a ajuda de colegas do mundo do livro para lidar com a situação”, comenta. “O processo foi uma oportunidade de aprender mais sobre o mercado editorial colombiano e as suas especificidades. Colocar esses títulos à disposição do amplo público da Bienal nos permitiu criar um ponto de contato direto entre os leitores brasileiros e a rica cultura literária colombiana, que envolve sim seus autores, mas também editoras e livrarias. Um movimento muito positivo para integrar Colômbia e Brasil”.

Considerando que os livros não estiveram presentes no primeiro final de semana por causa do problema em Guarulhos, até a tarde de sexta-feira (13), 70% das vendas do estande eram de livros importados. “O resto das vendas era composto de editoras brasileiras que publicaram autores colombianos. Ficamos felizes com o interesse do público, especialmente porque os títulos representavam uma curadoria bastante diversificada e, para muitos leitores, era a primeira oportunidade de ter acesso a essas obras”, disse Varella.

Confira os mais vendidos de cada editora.

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