Avaliação só faz sentido se for acompanhada de soluções

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“A avaliação é essencial e fará toda a diferença para as escolas públicas, desde que seja acompanhada de medidas efetivas para corrigir as atuais falhas da educação“. A afirmação foi feita por Giulia Pierro, mãe de três ex-alunos de escolas públicas e criadora do Educafórum, um fórum mantido por pais de alunos da rede pública de ensino.
 
A crítica surge a partir dos resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) – avaliação federal mais importante para a educação -, apresentada no início do mês pelo Ministério da Educação. A pesquisa identificou que apenas 0,2% das escolas públicas brasileiras atingiu um índice considerado médio entre países desenvolvidos.  
 
A média obtida na avaliação ficou bem abaixo da mínima estabelecida pelo governo, que era de seis pontos. Embora o resultado tenha deixado a desejar, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão que executa a pesquisa, afirma que o resultado já era esperado, considerando-se que a meta estabelecida está muito acima do resultado das avaliações aplicadas anteriormente. 
 
“É importante não se prender a esse resultado, pois estabelecemos uma boa meta e o próximo passo será todas as escolas atingirem esse nível nos próximos 14 anos“, afirma Fabiana de Felício, coordenadora geral de articulação institucional do Inep. Os sistemas de avaliação começaram a surgir no país de forma tímida.  
 
Os exames anteriores ao Ideb – o Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB) e a Prova Brasil -, têm como foco avaliar o conteúdo escolar, funcionando como uma espécie de “provão“. “No entanto, apenas esses dados não são suficientes para avaliarmos a qualidade do ensino e as deficiências de uma instituição“, diz Felício.  
 
O Ideb, por exemplo, combina informações de desempenho do Saeb e da Prova Brasil com dados sobre o fluxo escolar. Ou seja, analisa não só o conteúdo, mas a freqüência e a permanência do aluno na escola. “Um sistema educacional que reprova sistematicamente seus estudantes, fazendo com que grande parte deles abandone a escola antes de completar a educação básica não é eficiente“, diz.  
 
“Por outro lado, um sistema em que todos os alunos concluem o ensino médio no período correto não é interessante se eles aprendem muito pouco na escola“, completa Felício. Segundo ela, um sistema de ensino ideal é aquele em que todas as crianças e adolescentes tenham acesso à escola, não percam tempo com repetências, não abandonem a escola precocemente e, ao final de tudo, consigam aprender efetivamente.  
 
Para Pierro, a realização da avaliação é positiva porque permite que cada escola tenha noção de suas falhas e, principalmente, porque tira dos alunos o fardo de ser o único responsável por seu fracasso escolar. “Estava mesmo na hora de avaliar a escola e não só aluno“, critica. Ela afirma que é importante que a avaliação consiga chegar a um consenso que permita a criação de uma política educacional clara e de longo prazo.  
 
“Ao mesmo tempo, a avaliação precisa mostrar para cada escola suas falhas estruturais, coisa que até pouco tempo parecia impossível de se conseguir“, diz. No entanto, Pierro acredita que ainda faltam algumas questões para serem resolvidas. “É necessário incorporar às avaliações uma análise do corpo docente de cada escola, começando com a questão da aula vaga, assunto tabu que consome de 25 a 30% do ano letivo na maioria das escolas públicas do país“, diz, lembrando as horas em que os alunos ficam sem aula por falta de professor.  
 
“Além disso, as causas dos baixos índices de aproveitamento precisam ser estudadas mais profundamente em cada escola e para isso seria preciso contar com supervisores escolares das delegacias de ensino realmente capacitados e empenhados nessa tarefa“, diz Pierro. “Acredito que além da avaliação das escolas, seja necessária também uma avaliação dos supervisores e da diretoria de ensino“.  
 

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