Avaliação aponta qualidade baixa do ensino fundamental

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Uma avaliação inédita do ensino fundamental brasileiro apontou uma ligeira melhora no nível dos estudantes de 4ª série em língua portuguesa e matemática. Mesmo assim, os números divulgados ontem pelo MEC (Ministério da Educação) comprovam que o país está longe de atingir padrões de qualidade. A pontuação alcançada pelas escolas que participaram da avaliação, denominada Prova Brasil, não foi considerada “adequada“ em nenhum dos itens avaliados, conforme escalas já usadas pelo MEC.  
 
Os testes foram feitos com 3.306.317 estudantes de 4ª e 8ª séries. O levantamento constatou, por exemplo, que, em média, os alunos de 4ª série se atrapalham ao interpretar textos longos ou com informação científica e não conseguem ler horas em relógios de ponteiros. Também não conseguem fazer operações de multiplicação com números de dois algarismos. No caso da 8ª série, não entendem a intenção do autor em histórias em quadrinhos nem identificam a tese de textos argumentativos com linguagem informal. Também não conseguem resolver problemas matemáticos em que é preciso fazer cálculo de conversão de medidas, como de tempo, de comprimento ou de capacidade.  
 
Cinqüenta pontos separam o desempenho dos alunos de 4ª e 8ª série. É como se, hoje, os alunos de 8ª série tivessem conhecimentos dos de 4ª série, se comparados com índices internacionais. Em São Paulo, os estudantes da 4ª série apresentaram melhora nas avaliações tanto de português quanto de matemática, se comparados com os resultados do Saeb (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica), aplicado em 2003. Mas na 8ª série os índices apresentaram ligeira queda, de menos de três pontos, em média. Participam do Saeb escolas privadas, urbanas e rurais de todo o país. Já no Prova Brasil a avaliação é feita por escolas públicas urbanas com mais de 30 alunos. 
 
 
 
“O Brasil investe pouco em educação“  
Gazeta do Povo (PR) – Denise Drechsel 
 
Estudioso diz que o país precisa dar ao ensino a mesma importância destinada às metas econômicas  
 
O Brasil acordou tarde para o seu problema educacional e deve investir para reverter esse quadro. Apostou em “quantidade“ nos últimos anos, mas agora tem de se ater à “qualidade“. A visão é do especialista em educação da Unesco, Célio da Cunha, para quem o país precisa reservar pelo menos 7% do Produto Interno Bruto (PIB) para o setor, contra os 4,2% registrados em 2005. Dar à educação a mesma importância destinada às metas econômicas. Para Cunha, se o Brasil não colocar a mão no bolso e melhorar a fiscalização das verbas da educação não conseguirá crescer e superar os desafios da globalização.  
 
Gazeta do Povo – Qual é a origem dos problemas educacionais no Brasil?  
 
Célio da Cunha
– O Brasil se omitiu em relação à educação básica no passado. No século 19, vários países no mundo incrementaram seus investimentos na setor sob o impulso dos ideais da Revolução Francesa. No século 20, na América Latina, vários países estruturaram sistemas públicos de educação, como Argentina, Uruguai e Chile. O Brasil ficou fora disso.  
 
Por quê?  
 
– O Brasil, diferentemente de outras nações, não teve elites esclarecidas. Teve vozes isoladas, como José Bonifácio e Gonçalves Dias – este último, em seus relatórios sobre as províncias, reclama do abandono das escolas –, muitas denúncias, mas não teve elite disposta a resolver o problema. O que os outros países tiveram, como nos Estados Unidos, com um George Washington, que em seu primeiro discurso como presidente falou sobre educação, o Brasil não teve, ficou aquém, com antielites. E as elites são necessárias nos momentos fundamentais quando a nação joga com o seu destino. Tivemos uma segunda chance com a República, mas nem aí houve um projeto republicano de educação. Um texto de Euclides da Cunha, durante a abolição da escravatura, sugere que, ao invés de tantas comemorações, o país gastasse o dinheiro para abrir escolas para os libertos.  
 
E nos últimos anos?  
 
– Em função dessa omissão, o país acumula um déficit que chega aos nosso dias. Na década de 90, com a intensificação da globalização, do incremento das formas de educação, com o avanço da ciência e da tecnologia, quando a educação começa a ser vista como imprescindível para o desenvolvimento, começou-se a perceber a perda de tempo. Tanto que nos últimos governos, principalmente com o impulso de Murilo Hinguel (ministro de Educação do governo Itamar Franco) o país teve um grande progresso quantitativo. Com o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental (Fundef), criado em 1996, o ensino fundamental se universalizou. Hoje, 97% das crianças nessa faixa etária estão na escola. Mas isso não é suficiente. O avanço quantitativo é mais fácil, mas insuficiente. Estamos hoje diante do desafio qualitativo.  
 
Como assim?  
 
– A Unesco divulgou recentemente dados desafiantes para o Brasil. O nível de repetência, por exemplo, está perto de média de alguns países africanos. As deficiências estão em todos os níveis, na preparação dos professores, na infra-estrutura das escolas, no material didático e nos sistemas de ensino. Temos 30 milhões de analfabetos funcionais, crianças que chegam à 4.ª série sem ler e escrever e 2 milhões de professores que ganham mal, vendo na profissão um horizonte de frustrações. E isso só se resolve com dinheiro. E o país ainda continua a investir pouco em educação para corrigir essa falha diante dos desafios do progresso, à velocidade do mundo contemporâneo. Quando se compara o Brasil com investimentos de outros países se vê que a educação ainda não é prioridade, porque educação de qualidade custa dinheiro.  
 
Quanto os outros países têm investido em educação?  
 
– O Brasil investe hoje 4,2% do PIB e há um consenso de que deveria ao menos chegar a 7%. Com um investimento inferior é realmente impossível colocar a educação brasileira à altura do nosso tempo. A Malásia, por exemplo, que cresceu muito no mercado internacional nos últimos anos, investe 8,1% do PIB em educação ao ano, com um sistema já montado, e não deficitário como é o brasileiro. Outros países, também com estruturas exemplares, possuem investimentos interessantes porque colocam o tema como prioridade; a Dinamarca, 8,6%; Noruega, 7,6% e a Suécia, 7,3%. Para falar apenas de alguns. Se o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) for aprovado, será o mínimo, mas pelo menos um pouco mais de dinheiro para a educação.  
 
O que esperar do próximo presidente?  
 
– Que as metas para a educação tenham a mesma importância de uma meta econômica. Conseguir rearranjos na legislação, dividir melhor as funções entre governo federal, Estados e municípios e criar sistemas de fiscalização que penalizem os culpados por desvios de dinheiro ou não cumprimento de metas. Fazer campanhas de conscientização das famílias. Se o filho repete na escola, os pais não se incomodam muito. Se bate o carro, é penalizado: isso mostra que educação também não é prioridade na família. Em resumo, é preciso ter uma política de educação legitimada e não de governo, que dure apenas quatro anos. 
 
 
 
Melhora em 2005 desempenho de alunos da quarta série do ensino fundamental  
Portal Último Segundo – Valtemir Rodrigues 
 
O desempenho dos alunos da quarta série do ensino fundamental em 2005 melhorou em relação aos resultados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) aplicado em 2003. A média em português passou de 167 para 172 e em matemática de 174 para 180. Os resultados da primeira edição da Prova Brasil foram divulgados hoje (30) pelo ministro da Educação, Fernando Haddad. A avaliação foi criada para medir o desempenho dos alunos de quarta e oitava séries do ensino fundamental. Para os alunos de oitava série, os resultados de matemática mantiveram-se no mesmo patamar – 237. Em português, a média recuou de 225 para 222.  
 
A Prova – Brasil avaliou todas as escolas públicas estaduais e municipais urbanas do país. As médias obtidas estão dentro de uma escala de 125 a 350 para português e de 174 a 179 para matemática. Submeteram-se aos testes mais de 3 milhões de estudantes. O Distrito Federal teve a maior média – 190,4 pontos. As piores médias ficaram com os estados de Alagoas e Rio Grande do Norte – 154,8 e 148,6, respectivamente. 
 
 
 
Melhores escolas públicas do país estão no interior
Portal Último Segundo 
 
Prova Brasil, primeira avaliação universal do MEC, mostra que o ensino continua ruim na 4.ª e na 8.ª série. 
 
A primeira avaliação nacional feita em todas as escolas de ensino fundamental do País mostrou que a melhor educação está no interior. Das dez escolas com melhor desempenho na 4.ª série, apenas uma está em uma capital, no Rio. No Estado de São Paulo, não há nenhuma escola da capital entre as melhores, tanto na 4.ª série quanto na 8.ª série. As capitais só entram na lista das escolas de 8.ª série, e graças a escolas federais.  
 
Os dados são da chamada Prova Brasil, novo exame organizado pelo Ministério da Educação (MEC) e que foi feito em 41 mil das 43 mil escolas de ensino fundamental do País, com participação de 3,3 milhões de alunos . Até agora, havia apenas exames feitos por amostragem do ensino básico fundamental brasileiro. Os resultados foram apresentados ontem e mostraram que a situação das escolas no País continua ruim.  
 
Apesar de uma melhora na média das crianças de 4.ª série, as notas indicam que a maior parte delas termina esse ano escolar sabendo pouco mais do que interpretar textos curtos e fazer operações simples. As da 8.ª série conhecem apenas o que seria ideal para um aluno da 4.ª: interpretar textos, fazer relações, interpretar gráficos simples, fazer as quatro operações. Em português, na 4.ª série, 45% das escolas tiveram notas maiores que a média nacional, de 172,9 pontos. Em matemática, foram 44,4% além da média de 180 pontos. Na 8.ª série, em português, 48% das escolas ficaram acima da média de 222,6 pontos. Em matemática, foram 46,6% além dos 237,5 pontos nacionais.  
 
O desempenho das melhores escolas do País, no entanto, fica bem acima do rendimento nacional pífio. São poucas, mas mostram que, pelo menos em alguns locais, é possível esperar que alunos de escolas públicas tenham os resultados adequados para as suas séries. Das dez melhores escolas de 4.ª série do País, todas tiveram médias, nas duas disciplinas, muito superiores às médias nacionais dos alunos de 8.ª série, que tem quatro anos de escolaridade a mais.  
 
O MEC não tem uma explicação para a concentração de boas escolas no interior do País. Até hoje, o Sistema de Avaliação de Ensino Básico (Saeb), que era feito a cada dois anos, não permitia fazer essa divisão porque não havia resultados por escolas. “Há menos alunos nas salas de aula e a comunidade participa, os pais opinam, os professores conhecem o aluno pelo nome“, acredita Alexandre Luiz Martins de Freitas, secretário de Educação de Matão, no interior de São Paulo, que teve as melhores notas do Estado.  
 
Para o secretário estadual de Educação do Rio, Arnaldo Niskier, o motivo da prevalência do interior é outro. “Eu sei que essa afirmação vai me causar problemas, mas eu assumo. Com menos atrativos no interior, os alunos se dedicam mais aos estudos“ , diz.  
 
O MEC pretende que, tendo acesso a seus resultados, cada escola se compare com as vizinhas e as tenham como parâmetro para melhorar. A meta nacional, segundo o ministro Fernando Haddad, é que o País melhore cerca de oito pontos na média das turmas de 4.ª série a cada ano. “Se quisermos estar entre os países intermediários nas avaliações internacionais, com um desempenho satisfatório, temos que cumprir essa meta.“  
 
As melhores – Em São Paulo, segundo o MEC, não há notas específicas para cada escola estadual porque a Secretaria de Educação paulista não permitiu que todos os alunos fizessem a prova devido ao tamanho da rede. No Rio, a melhor turma de 4.ª série em português do País fica na cidade de Trajano de Morais, região serrana do Rio. Concursos de redação e uma biblioteca, montada pela Secretaria de Estado de Educação, são as ferramentas dos professores do Ciep Prof.ª Guiomar Gonçalves Neves para combater o chamado analfabetismo funcional. “Procuramos incentivar os alunos com concursos de redação e damos ênfase à recuperação paralela, em que as dificuldades dos alunos são identificadas“, diz o diretor Elielton Riguetti. Apenas 1,2% da população da cidade tem mais de 15 anos de estudo, segundo o Censo 2000, mas os professores da escola têm ensino superior.  
 
Os alunos aprendem matemática com auxílio do material dourado, blocos de madeira que representam unidades, dezenas e centenas. “A criança trabalha o concreto, ela visualiza a matemática“, explica Riguetti. A escola, que tem 421 alunos de 1.ª a 8.ª série e curso de formação de professores, também ficou em segundo lugar em matemática no Prova Brasil. O Colégio Estadual Januário Toledo de Pizza, em São Sebastião do Alto, foi o primeiro colocado em matemática e teve o segundo melhor desempenho em português. “O segredo é o trabalho dos professores“, disse a diretora, Meire Amaral. Os 481 alunos são divididos em turmas de até 30 crianças. De 1.ª a 4.ª série, a maior turma tem 19 alunos. Com classes menores, os professores conseguem dar atenção mais individualizada aos estudantes. 
 
 
 
Melhores escolas públicas do Brasil estão no Rio de Janeiro  
Agência Estado 
 
Escolas estaduais fluminenses e escolas federais baseadas no RJ dominam o ranking da Prova Btsail, realizada pelo MEC 
 
As melhores classes de 4ª e 8ª série (ou 5ª e 9ª, nas escolas que adotam o ensino fundamental de nove anos) ficam em cidades do Estado do Rio de Janeiro. É o que mostra o resultado da Prova Brasil, iniciativa do Ministério da Educação (MEC) que aplicou provas de Língua Portuguesa e Matemática a 3.306.317 estudantes, em cerca de 160 mil turmas de 41 mil escolas públicas, em 5.398 municípios.  
 
No ranking nacional, a melhor turma de 4ª série em Língua Portuguesa era, em novembro de 2005 (quando a prova foi aplicada) a do Ciep 279 Professor Guiomar Gonçalves Neves, no município fluminense de Trajano de Morais. A segunda melhor turma era a do CE Januário Toledo Pizza, de São Sebastião do Alto, também no Estado do Rio. Na prova de Matemática, as duas escolas continuam no topo do ranking, mas a ordem se inverte: as crianças de São Sebastião do Alto aparecem em primeiro e as de Trajano de Morais, em segundo. As duas escolas são estaduais, têm ensino fundamental de nove anos e 30 alunos na turma de 4ª série.  
 
No ranking nacional da 8ª série, dominam as escolas federais estabelecidas no Estado do Rio. A primeira colocada em Língua Portuguesa é o Colégio de Aplicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro. A segunda, a unidade Humaitá do Colégio Pedro II. Quando assunto é Matemática, mais uma vez as posições dominantes do ranking se invertem. O ensino federal domina os rankings da 8ª série: entre as cinco melhores, juntamente com as instituições do Rio, aparecem, tanto em Língua Portuguesa quanto em Matemática, colégios militares de Salvador e Juiz de Fora.  
 
Resultado ruim – Os resultados mostram que a situação das escolas no País continua ruim. Apesar de uma melhora na média das crianças de 4ª série, as notas indicam que a maior parte delas termina esse ano escolar sabendo pouco mais do que interpretar textos curtos e fazer operações simples. As da 8ª série conhecem apenas o que seria ideal para um aluno da 4ª: interpretar textos, fazer relações, interpretar gráficos simples, fazer as quatro operações. Em português, na 4ª série, 45% das escolas tiveram notas maiores que a média nacional, de 172,9 pontos. Em matemática, foram 44,4% além da média de 180 pontos. Na 8ª série, em português, 48% das escolas ficaram acima da média de 222,6 pontos. Em matemática, foram 46,6% além dos 237,5 pontos nacionais.  
 
O desempenho das melhores escolas do País, no entanto, fica bem acima do rendimento nacional pífio. São poucas, mas mostram que, pelo menos em alguns locais, é possível esperar que alunos de escolas públicas tenham os resultados adequados para as suas séries. Das 10 melhores escolas de 4ª série do País, todas tiveram médias, nas duas disciplinas, muito superiores às médias nacionais dos alunos de 8ª série, que tem quatro anos de escolaridade a mais.  
 
Sistema de avaliação – Os resultados da Prova Brasil são apresentados em uma escala numérica de desempenho por disciplina. São nove níveis que explicam o desempenho em Língua Portuguesa: 125, 150, 175 e assim sucessivamente, até o nível 350. Em Matemática, a escala é composta por dez níveis, que vão do 125 ao 375. As escalas das duas áreas variam de 25 em 25 pontos. Os níveis das escalas são interpretados em termos de comptência e habilidade dos estudantes. O desempenho é apresentado em ordem crescente e cumulativa. Estudantes posicionados em nível mais alto da escala já desenvolveram as competências e habilidades deste nível, bem como os dos níveis anteriores. A descrição detalhada das competências por nível de pontuação está no website do Inep, onde também é possível consultar o desempenho de escolas individuais. Ampliada às 20h16, com amis informações sobre a média nacional. 
 

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