Arca das Letras leva livros a comunidades rurais

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O projeto Arca das Letras – uma parceria entre os ministérios do Desenvolvimento Agrário, da Educação, da Cultura, do Meio Ambiente, da Justiça e do Banco do Nordeste – recebe nesta semana, do Ministério da Educação, 68.400 livros de literatura. As obras compõem um total de 600 acervos (com 230 livros cada) que serão distribuídos em comunidades rurais, onde o governo federal deseja oferecer às populações acesso ao conhecimento com vistas a melhorar a qualidade de vida dos habitantes. As arcas com livros são distribuídas em assentamentos da reforma agrária, comunidades de agricultores familiares e remanescentes de quilombos. Cada baú contém livros de literatura infanto-juvenil e adulta, além de obras de pesquisa e de referência, como dicionários, gramáticas e atlas, fornecidas pelo Ministério da Cultura e por editoras privadas. 
 
“Procuramos fortalecer os processos educacional, cultural e econômico, além de oferecer entretenimento”, diz a coordenadora de ação cultural do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Cleide Soares. A ação busca, também, incentivar o hábito da leitura entre recém-alfabetizados. 
 
Desde o ano passado, o projeto beneficia 55 populações do sertão pernambucano e do pampa gaúcho, mas, a partir deste ano, começará a chegar a outras regiões do País. O Arca das Letras Conta também com participação de entidades de porte na área social, como Movimento dos Sem-Terra (MST), Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) e Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). “As próprias comunidades têm voz na escolha de assuntos que gostariam de ler. Assim, numa região que produz mandioca, por exemplo, podem indicar livros que ensine a otimizar a produção”, explica a coordenadora.  
 
Operação – O MEC compra os livros por meio do Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação (FNDE). Ministério da Cultura também compra por conta própria. Graças ao Ministério da Justiça, em convênio com estados, os presidiários fabricam as arcas em que os livros são transportados com madeira apreendida e doada pelo IBAMA. Na região nordestina, o Banco do Nordeste financia outros materiais para a confecção das arcas e fornece o kit Agente de Leitura (camiseta, ficha de leitura etc.) aos coordenadores locais do projeto. No Rio Grande do Sul, ONGs cumprem esse papel. O Ministério do Desenvolvimento Agrário gerencia o projeto. “Queremos agora contar com a assessoria técnica das universidades, envolvendo estudantes dos cursos de Letras e Biblioteconomia diretamente na execução do Arca”, adianta Cleide. 
 
Segundo o coordenador geral do Livro Didático do FNDE, Alexandre Serwy, as obras fornecidas pelo MEC fazem parte do Programa Nacional Biblioteca na Escola (PNBE), um dos três programas da Fundação voltados para a leituração.  
 
Leituras – Os livros são encaminhados a bibliotecas. Quando a localidade não a possui, o que é habitual, permanecem sob a responsabilidade de escolas, da associação rural ou até de residências. Neste caso, são administrados por moradores treinados para essa tarefa. “Funciona igual a uma biblioteca, com ficha de empréstimo e tudo. Com um diferencial: a linguagem dos livros, alguns clássicos, são adaptados para recém-alfabetizados. Trazem gravuras para estimular o interesse. Onde há analfabetos, fazemos dos alfabetizados agentes de leituras comunitárias”, explica Cleide. Nesse trabalho e no de gerenciamento da biblioteca doméstica, o governo conta com apoio do agente de leitura, um voluntário da comunidade. Segundo Cleide, o governo acompanha a implantação do projeto durante onze meses, depois entrega sua administração à comunidade. 
 
Começo – O projeto começou em 2003, quando os ministérios formaram parceria e deram seqüência à realização de etapas-piloto do projeto, nos municípios de Afogados de Ingazeira e São José do Egito (PE), Monteiro (PB), Porto Lucena e Viamão (RS). “Iniciamos por áreas distintas para medir o impacto da diversidade regional e fazer correções necessárias”, explica Cleide. Na semana passada, o assentamento mais antigo do Piauí, o Marrecas, no município de São João do Piauí, recebeu as primeiras arcas, assim como ocorreu em Cidade Ocidental, em Goiás. Com essas duas, até o momento existem 57 arcas no mesmo número de comunidades.  
 
A meta final do projeto é oferecer as arcas à 6000 comunidades. Sofisticando, o governo trabalha para acrescentar aos baús compartimentos para cd, vídeo e cd-rom, além de jogos de xadrez. 
 
 

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