Aprendiz formou mais de oito mil educadores comunitários

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Parceria com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp): seis mil gestores de escolas públicas paulistas formados. Parceria com a Universidade de São Paulo Leste (USP/Leste) e a Secretaria Municipal de Educação de São Paulo: mais 360 professores de educação infantil e fundamental atendidos. Outros 800 profissionais de educação alcançados em Boa Vista, capital de Roraima. Praia Grande, São Bernardo, Sertãozinho, Belo Horizonte. Total até o momento: cerca de oito mil educadores atingidos diretamente. 
 
Tudo isso é resultado de cerca de um ano e meio de trabalho do Centro de Formação da organização não-governamental (ong) Cidade Escola Aprendiz. Como o próprio nome diz, o centro busca, por meio de cursos e seminários, por exemplo, transmitir as idéias e as experiências de educação comunitária aplicados pelo Aprendiz no bairro paulistano da Vila Madalena, assim como sensibilizar autoridades públicas sobre o assunto.  
 
A ong, que completa em 2006 seu nono aniversário, “nasceu com o objetivo de difundir a experiência de bairro escola e replicá-la“, diz seu fundador, o jornalista, Gilberto Dimenstein. Apesar disso, até 2004 a reprodução do trabalho vivido na Vila Madalena, como boa parte dos outros projetos implementados pela instituição, era feita de maneira intuitiva, sem uma sistematização.  
 
“Percebemos que se quiséssemos influenciar políticas públicas, deveríamos passar pela formação daqueles que trabalham com educação“. Diante do diagnóstico de Michel Metzger, coordenador do Centro de Formação, no início de 2005 a ong passou a trabalhar com um núcleo específico para replicar a experiência. 
 
Por que bairro escola? 
 
Segundo Metzger, o Brasil precisa buscar soluções alternativas para o problema da educação. “Não temos recursos para aplicar em projetos de ensino de período integral como nos Estados Unidos. Teríamos de dobrar o número de escolas para atender a todos“, diz. Além disso, projetos como os Centros Educacionais Unificados (CEUs), grandes unidades educacionais implementadas na periferia da cidade de São Paulo durante a gestão da ex-prefeita Marta Suplicy, ou os Centros Integrados de Educação Pública (Cieps), projeto semelhante do ex-governador fluminense, Leonel Brizola, restringem-se a pequenas parcelas da cidade a um custo muito alto.  
 
Diante desse contexto, a adoção do projeto de educação comunitária possibilita fazer com que os jovens estejam estudando em período integral, sem que isso onere a comunidade em que vive. “É possível utilizar os valores e os recursos encontrados na própria comunidade, quer dizer seu espaço e história, em prol da educação“, explica. 
 
Não existe um plano fechado para que o conceito seja bem sucedido. “Todo local abre uma rede de possibilidades. O importante é aumentar o tempo de aprendizagem do jovem. A Vila Madalena deve ser observada como um modelo inspirador. Dele, profissionais de educação criativos e que enxergam o espaço da comunidade como um lugar de aprendizado podem encontrar as suas soluções“, conta Metzger. 
 
Outro aspecto importante da divulgação e reprodução da educação comunitária, e que tem sido conquistado pelo Centro de Formação, é alcançar os gestores, aqueles que estabelecem as diretrizes educacionais. “Podemos enxergar a escola como um nível micro de educação comunitária. Por exemplo, o projeto Escola da Família, da Secretaria Estadual de São Paulo, que abre as portas das escolas durante os finais de semana, foi adotado pelo governo federal com o nome de Escola Aberta. O problema é que a queda de vandalismo e violência, assim como o aumento da satisfação, deveriam ser expandidos para toda a semana. Isso é papel do gestor“, cita. 
 
Metzger não cita o exemplo à toa. A Cidade Escola Aprendiz promoverá o curso de educação comunitária em escolas que participam do Escola Aberta nas cidades de Belo Horizonte e Nova Iguaçu. “Anteriormente íamos aplicar o projeto em seis regiões metropolitanas“, diz o coordenador, explicando que problemas de negociação impediram tal abrangência, mas que pelo menos o movimento no sentido de aplicação do bairro escola já começou. 
 
Exemplos a serem seguidos 
 
A primeira ação do Centro de Formação ocorreu no centro da cidade de São Paulo, por meio da parceria com a subprefeitura da Sé. Segundo dados oficiais do projeto, chamado O centro pode ser uma sala de aula, 18 escolas municipais, cerca de 10 mil alunos e 200 educadores utilizaram, durante o ano de 2005, o centro da cidade como uma extensão do ambiente escolar. Obtiveram assim uma ampliação do período regular de aula e utilizaram a infra-estrutura cultural instalada no bairro como instrumento de aprendizado. 
 
Neste segundo semestre de 2006, o Centro de Formação expandirá a ação para as outras subprefeituras paulistanas. “Estamos planejando atender a um profissional da educação, um da saúde e um assistente social de cada região da cidade, para que eles mapeiem sua área e produzam um projeto como o realizado no centro“, explica. 
 
Outro exemplo de sucesso, mas com características um pouco diferentes, é o da cidade de Nova Iguaçu, na baixada fluminense. Para tentar modificar as fortes marcas de violência, pobreza e desemprego da cidade, a prefeitura, dirigida por Lindberg Farias, do Partido dos Trabalhadores (PT), decidiu investir na idéia de bairros educativos para ocupar os espaços próximos às escolas. Dessa forma, academias esportivas, núcleos socioeducativos, entidades não-governamentais, templos e igrejas, passaram a ser ocupadas nos períodos em que os jovens não estivessem na escola. Intervenções urbanas, com a pintura de muros e desocupação das calçadas de vendedores ambulantes, embelezaram a cidade e facilitaram a circulação. 
 
A grande diferença foi a maneira como o bairro escola foi implementado. “O prefeito visitou nosso laboratório e levou a idéia para Nova Iguaçu. Sem que acompanhássemos de maneira tão direta, ele implementou. Assim, a intensidade da educação comunitária obtida foi muito mais forte, porque foi colocada pelo poder executivo, chegando assim em todo o município a um custo de R$ 12 mensais por criança“, explica Metzger. 
 
O Centro de Formação é, certamente, a porção do Aprendiz, que entrará numa fase de crescimento provavelmente irreversível. “A partir de agora o importante é sistematizar as experiências para que a divulgação fique mais fácil“. Com isso, Metzger pretende ampliar o serviço de ponte sobre o qual a Cidade Escola Aprendiz concentra as suas forças. “Esperamos criar fóruns para trocar conhecimento, além de fazer um acompanhamento dessas experiências“, conclui. 

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