Ângelo Xavier: Evasão escolar, desafio redobrado na pandemia e o papel dos livros

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on email

Problema que estava diminuindo lentamente no país, a evasão escolar aumentou durante a pandemia de covid-19 e trouxe à tona desafios ainda maiores para professores e gestores da educação, especialmente de escolas públicas, além da rede particular.

Na faixa etária de 6 a 14 anos, cresceu 171% o número de crianças e jovens fora da escola, refletindo também o fechamento prolongado dos colégios. Levantamento do Todos pela Educação, com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), captados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), mostra que, no segundo trimestre de 2021, havia 244 mil alunos fora da escola, contra 90 mil em igual período em 2019.

Entre jovens de 15 a 17 anos, foi mantida a tendência de queda no percentual de alunos fora da escola e que não concluíram o Ensino Médico, atingindo 4,4% ou 407 mil no segundo trimestre do ano passado. Especialistas alertam que os dados de evasão no ensino médio registrados no estudo, divulgado em dezembro, ainda não refletem a realidade da pandemia. Isso porque, no caso das crianças mais novas, as famílias indicaram o abandono, enquanto os jovens, mesmo sem acompanhar as aulas, ainda se consideram nas escolas.

Além de fatores econômicos, como desemprego elevado e renda menor, as enormes dificuldades para os alunos assistirem às aulas de forma remota, principalmente na rede pública, ajudam a explicar a alta da evasão escolar. A falta de acesso a computadores e internet fez muitas crianças e adolescentes desistirem de estudar. Há casos até de jovens que abandonaram os estudos para trabalhar.

Para garantir o direito à educação a todas as crianças e jovens, é essencial reconquistar os alunos que abandonaram as escolas. Muitos estados e municípios estão tentando combater a evasão. É fundamental buscar inovações e adotar práticas locais para atrair novamente os estudantes. Em alguns estados, numa busca ativa, até alunos e ex-alunos recebem uma quantia em dinheiro para localizar quem está fora da sala de aula.

O desafio é ainda maior no Ensino Médio, onde é mais complexo convencer um jovem a retomar os estudos. E quem não conclui o Ensino Médio tem um risco maior de ingresso prematuro num mercado de trabalho informal.

Nesse cenário, livros e materiais didáticos — físicos e digitais — se tornam ainda mais relevantes para incentivar crianças e adolescentes a voltar aos bancos escolares. Com o retorno às aulas presenciais, há a necessidade de retomar conteúdos que ficaram prejudicados, e o material didático é muito importante no processo de ensino-aprendizagem.

Com a pandemia, professores e alunos se viram obrigados a buscar novas formas de trabalhar os conteúdos e, assim, houve destaque para o digital. Agora, vemos um cenário de forte complementariedade entre os conteúdos físicos e digitais, inclusive no material escolar do novo ensino médio, que entra em vigor este ano.

As produções de livros e materiais didáticos das editoras apresentam métodos e dinâmicas atraentes para as atuais gerações de alunos já nascidos na era digital. Eles têm acesso a inovadoras tecnologias educacionais.

Com a volta às aulas, está prevalecendo a escolha por conteúdos didáticos híbridos, com impressos acompanhados do digital. No caso das escolas públicas, o MEC tem comprado livros impressos para os alunos, e os professores recebem também recursos digitais para apoiar as aulas. No âmbito do Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD), só em 2021, foram distribuídos mais de 136 milhões de livros a 29 milhões de alunos da educação básica de todo o país.

Os novos livros e materiais, enriquecidos com recursos digitais, vão ajudar professores e alunos a recuperar o aprendizado comprometido na pandemia. Nosso grande desafio é combater a exclusão escolar, que afeta, principalmente, quem vive em situação mais vulnerável. Assim, vamos enfrentar as enormes desigualdades na educação e mirar um desenvolvimento sustentável do país.

   Ângelo Xavier – Presidente da Associação Brasileira de Editores e Produtores de Conteúdo e Tecnologia Educacional (Abrelivros)

 

Menu de acessibilidade