Aluno do ensino médio tem o pior desempenho em dez anos

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O resultado de duas avaliações do ensino brasileiro, divulgado pelo Ministério da Educação, indica piora no desempenho de alunos do ensino médio e expõe a dificuldade em melhorar a qualidade da educação nos últimos dez anos. 
 
O Saeb (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica), aplicado em 2005, que testa conhecimentos de português e matemática em estudantes da 4ª série e da 8ª série do ensino fundamental e da 3ª série do ensino médio, revela os mais baixos índices de rendimento entre esses alunos desde 95. 
 
São Paulo foi o Estado onde as médias mais caíram nas provas de 8ª série de 95 a 2005. Nas provas do ensino médio, foi o segundo Estado que mais piorou em português e o terceiro, em matemática. 
 
Criado como mecanismo para mensurar o desempenho dos alunos ao longo do tempo, o Saeb é aplicado a cada dois anos. Em 2005, foram avaliados 194.822 alunos de 5.940 escolas públicas e particulares. 
 
Ao se comparar os índices atuais aos de 2003 nota-se queda de rendimento de 9,1 pontos na média de português e 7,4 pontos na de matemática, em escala de 0 a 500. Em 2005, a média do 3º ano do ensino médio foi de 257,6 em português e 271,3 em matemática. 
 
Foram anunciados também os dados do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) de 2006, que igualmente indica queda de rendimento entre os estudantes do ensino médio comparado ao do ano anterior. O exame é aplicado desde 1998, de forma voluntária. Pode ser feito por alunos que estão concluindo o ensino médio ou por aqueles que já concluíram. 
 
Em sua primeira edição, cerca de 115 mil alunos participaram. Na última, foram 2,78 milhões. O grande aumento se deve ao fato de que as notas são usadas como base para bolsas do Prouni (Programa Universidade para Todos). 
 
A média das notas na prova objetiva caiu de 39,4, em 2005, para 36,9 em 2006. Já na redação, a média caiu de 55,96 para 52,08. A nota máxima em ambas as provas é 100. 
 
Mais alunos 
 
Para Reynaldo Fernandes, presidente do Inep, o instituto de pesquisas do MEC responsável pela avaliação, uma das explicações para a piora do rendimento dos estudantes do ensino médio é o aumento do número de alunos no final da década de 90, já no governo FHC. 

“A queda no rendimento é um efeito da expansão do ensino, que também aconteceu nos anos 60 nos Estados Unidos.“ 
 
Fernandes diz que essa piora já pôde ser notada em 1999. Naquele ano, os alunos da 4ª série tiveram uma grande queda em relação à 1997. As notas caíram de 186,5 para 170,7 em português. Em matemática, elas caíram de 190,8 para 181,0. 
 
No ensino fundamental, os estudantes da 4ª série apresentaram o melhor rendimento desde 99. De 2003 para 2005, houve um salto de 169,4 para 172,3 na média de português e de 177,1 para 182,4 na de matemática. Na 8ª série, a média de português variou negativamente em só 0,1 ponto -de 232,0 para 231,9-, e a de matemática caiu de 245 para 239,5. 
 
As notas do Saeb representam o nível de conhecimento de cada aluno. Assim, os alunos da 4ª série devem ter notas menores que os da 8ª, e os da 8ª, menores que os da 3ª série do ensino médio. 
 
A prática mostra a debilidade do ensino médio atual. Ao analisar o desempenho dos alunos no decorrer dos anos, percebe-se que, em 1995, os alunos da 8ª série do ensino fundamental tiveram média de 256,1 pontos em português. Em 2005, a média na matéria dos alunos do ensino médio é de 257,6. 
 
O MEC anunciou ainda redução de 0,9% -de 56.471.787 para 55.942.047- no número de matriculas em 2006, comparado ao Censo de 2005. 
 
 
 
Ministro promete novo plano em um mês 
 
Fernando Haddad diz que pacote da Educação deverá contar com 20 medidas, 10 delas de caráter interministerial. Governo fala em “esforço de uma geração“ e reconhece que os alunos brasileiros “estão distantes da média dos países desenvolvidos“ . 
 
 
Na avaliação do ministro da Educação, Fernando Haddad, as médias dos alunos brasileiros indicadas no Saeb ainda são muito baixas e “estão distantes da média dos países desenvolvidos“. 
 
Haddad disse ontem que o Plano Nacional da Educação, que deve ser apresentado no mês que vem pelo governo federal, tem por objetivo alcançar, a médio prazo, essas médias. “Isso necessitará do esforço de uma geração.“ 
 
Questionado por jornalistas sobre quais seriam as médias a serem atingidas, o ministro respondeu: “Não vou dizer. Vou anunciar só no mês que vem“. 
 
Ele também não entrou em detalhes sobre as outras medidas a serem tomadas. Apenas disse que o plano não será do Ministério da Educação, mas uma política geral de educação que deve contar com 20 medidas, 10 delas interministeriais. 
 
O ministro se encontra hoje com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para definir os detalhes finais. 
 
Segundo Haddad, a queda no desempenho dos estudantes do ensino médio, tanto no Saeb como no Enem, é explicado pelo Censo Escolar de 2006, que indica menor índice de matrículas comparado a 2005. O ministro diz que, por mais que as matrículas tenham diminuído de modo geral, essa tendência não aconteceu em todas as regiões do país, nem em todas as etapas do ensino. 
 
No Nordeste, por exemplo, o número de matrículas aumentou 0,9% no ensino médio. Já no Sudeste, o número diminuiu 4,5%. “As redes de ensino em regiões como o Nordeste são muito mais novas do que no Sudeste. Redes novas não têm a mesma solidez que as antigas. Isso pode explicar o resultado“. 
 
Mas a explicação do ministro não pode ser utilizada quando se analisa os índices de São Paulo. Mesmo com um menor número de matrículas, a média dos alunos do ensino médio do Estado caiu de 268,27 para 261,34 na nota de português e de 280,48 para 272,61, em matemática. “Temos que deixar claro que antes desta redução, houve a expansão do final dos anos 90“, lembra Haddad. 
 
Para o ministro, entretanto, o resultado mais importante do Saeb é o aumento do rendimento entre alunos da 4ª Série. “Já é um começo. Poderemos ver que, em alguns anos, esta tendência será mantida na 8ª série e posteriormente na 3ª série do ensino médio“. 
 
Por meio de sua assessoria, o ministro da Articulação Política, Tarso Genro, informou que não se pronunciaria sobre a divulgação dos números do Saeb 2005 e Enem 2006. 
 
 
 
Paulo Renato diz que esperava uma recuperação no índice 
 
Ao fazer uma análise do desempenho dos estudantes tanto no Saeb quanto no Enem, o deputado Paulo Renato Souza (PSDB-SP), que foi ministro da Educação de 1995 a 2002, no governo Fernando Henrique Cardoso, portanto em oito dos dez anos analisados, afirmou que esperava que houvesse uma recuperação nos índices. 
 
“Em 1997, houve uma grande incorporação de alunos por causa do Fundef. Com isso, o nível de desempenho dos alunos acaba caindo mesmo. Então, a queda que houve entre os anos de 97 e 99 é normal. Depois disso, estabilizou e deveria estar melhorando agora.“ 
 
O ex-ministro atribui a queda no resultado a dois fatores, sendo que um deles é a falta de foco da gestão Lula na política educacional. “São vários os índices de deterioração que geraram esses resultados, mas destaco dois: o número de jovens que não estão estudando e a falta de foco do governo federal“, avalia. 
 
“O índice de proporção de jovens com idades entre 15 e 17 anos fora da escola no ano de 1995 foi de 33%; em 2003, caiu para 17%. No entanto, esse índice acabou subindo em 2005 e chegou a 18%. Ou seja, se interrompeu uma queda que vinha acontecendo, o que nos leva a pensar que o ensino fundamental está funcionando pior.“ 
 
O deputado critica ainda descontinuidade de programas. “Não há foco. Na gestão do Cristovam Buarque [de janeiro de 2003 a janeiro de 2004], o foco foi a alfabetização. Na do Tarso Genro (PT/RS) [ministro de 2004 a 2005], o enfoque era a universidade. Agora, na do Fernando Haddad [que assumiu em julho de 2005], voltou a ser mais generalista.“ 
 
O tucano faz, porém, uma ressalva. “Agora, devemos olhar para a frente“, afirma. Para ele, a solução está na adoção de políticas que tenham como enfoque a aprendizagem. 
 
“Devemos mudar como está organizado o sistema de ensino. Hoje acaba-se investimento muito na formação dos professores, mas temos que pensar menos nos meios e mais nos fins, que é a aprendizagem.“ 
 
 
 
Queda é maior do que parece, afirma ex-ministro Cristovam 
 
O senador Cristovam Buarque (PDT-DF), que ocupou o cargo de ministro da Educação de janeiro de 2003 a janeiro de 2004, afirma que a queda no desempenho dos estudantes é “muito maior do que parece porque, enquanto o Brasil regrediu, outros países melhoraram no mesmo período.“ Essa piora no desempenho dos alunos também se deu de forma desigual, segundo ele. 
 
“A piora foi muito maior na parcela pobre da população do que na rica“, afirma. 
 
“Isso é desmoralizante. Houve um ligeiro aumento na renda, mas não houve na diminuição da desigualdade. Aumentou o atraso do país.“ 
 
Segundo ele, isso ocorre porque “o governo Lula não dá a devida atenção à educação“. 
 
“O problema maior não é de investimento, mas de falta de interesse do governo. Como não há um sindicato de analfabetos nem de crianças da primeira série, mas há de professores das universidades, não há interesse. O Prouni dá voto.“ 
 
Ele faz relação entre o ensino superior e a educação básica. “Não há uma universidade boa sem uma educação boa.“ 
 
Cristovam Buarque defende a federalização do ensino para definir padrões nacionais de educação. “Tem que haver uma regulamentação que crie condições iguais para todas. Hoje, os professores do município, por exemplo, recebem salários condizentes à verba do município, o que muitas vezes é muito baixa. Tem que haver um salário nacional. A contratação de professores deveria ser como a que é feita no Banco do Brasil, em que há uma padronização de salários, não importa onde o funcionário está trabalhando.“ 
 
Sem computador, não 
 
Além da questão salarial, ele diz que a parte de edificação e equipamentos merece atenção. “Não é possível uma escola ficar sem computadores.“ 
O aspecto de conteúdo também é fundamental. “Assim como a Lei de Responsabilidade Fiscal, deveria ser criada a lei de responsabilidade educacional, que obrigue o prefeito a cumprir metas e, se não o fizer, ficará inelegível“, ressalta. 
 
 
 
SP tem a queda mais acentuada no país 
 
Escolas paulistas sofreram a maior diminuição do país na nota do Saeb (exame de âmbito nacional) na 8ª série, entre 1995 e 2005 
 
Especialistas afirmam que houve erro na aplicação do sistema de progressão continuada e culpam também falta de estrutura.  
 
 
Estado mais rico da Federação, São Paulo teve algumas das maiores quedas do país nas notas no Saeb (exame do governo federal) entre 1995 e 2005. 
 
Na 8ª série, as escolas paulistas foram as que mais tiveram diminuição na média, situação parecida à da 3ª série do ensino médio. Somente no 4º ano da educação fundamental é que São Paulo se posicionou no bloco intermediário. 
 
Especificamente na 8ª série, o fraco rendimento foi potencializado pelas escolas da rede estadual, governada no período pelo PSDB (com Mário Covas e Geraldo Alckmin). 
 
Especialistas citam como fatores que contribuíram para o fraco desempenho do Estado uma errônea aplicação do sistema de progressão continuada, a falta de estrutura para absorver estudantes, a ausência de incentivo a professores e políticas públicas imediatistas. 
 
“Houve confusão entre progressão continuada e promoção automática“, disse Artur Costa Neto, docente da Faculdade de Educação da PUC-SP. “O Estado não deu estrutura e tempo para professores e alunos entenderem o sistema.“ 
 
A progressão continuada foi implantada durante a gestão Covas e mantida desde então. No sistema, não há reprovação por série, somente após um ciclo de quatro anos. 
 
Para a professora Ângela Soligo, da Faculdade de Educação da Unicamp, o Estado pecou na estrutura para absorver alunos. “Colocar mais alunos e não aumentar o número de salas é reduzir a qualidade do ensino.“ 
 
Já o professor do departamento de Psicologia e Educação da USP de Ribeirão Preto, José Marcelino de Rezende Pinto, afirmou que o Estado cometeu “um grande erro“ ao reorganizar a sua rede física, na década de 90. “Quando separaram 1ª a 4ª de 5ª a 8ª séries, a unicidade da formação do ensino fundamental foi quebrada ao meio“, disse o especialista. 
 
A atual secretária estadual da Educação, Maria Lúcia Vasconcelos, vê a situação como “um alerta“. “Iremos tomar ações corretivas. Devemos atacar os nosso pontos frágeis“, afirma. 
 
Entre as medidas que planeja adotar estão incluídas a revisão da progressão continuada e a mudança da grade curricular, além do reforço do orçamento para a alfabetização. “Os ciclos atuais são de quatro anos, mas pretendo que sejam mais curtos. Os professores ainda serão consultados, mas estava pensando em baixar para algo em torno de dois anos“, afirma. 
 
A reportagem procurou os ex-secretários Rose Neubauer (gestão Covas) e Gabriel Chalita (gestão Alckmin), mas não conseguiu entrevistá-los. 
 
Em língua portuguesa da 8ª série, a nota de São Paulo teve uma variação negativa de 12%, a maior do país. A tabulação feita pela Folha considera a variação das notas nos dez anos de aplicação do exame. 
 
O segundo pior desempenho foi o do Paraná (queda de 11,4%). O melhor rendimento foi o Maranhão, com queda de 0,5% na média. O recuo médio do país ficou em 9,7%. 
 
A queda registrada no período fez com que São Paulo caísse no ranking de notas absolutas. Em 1995, o Estado era o segundo melhor. Agora, é o sexto. A primeira colocação segue com o Distrito Federal. 
Em matemática da 8ª série, o desempenho de São Paulo caiu 8,2%, também o maior recuo do país. Na média, a nota no Brasil diminuiu 5,6%. 
 
 
 
Distribuição de livros estimula MS no ranking 
 
A secretária de Educação de MS, Maria Nilene Badeca da Costa, diz que o investimento na formação de professores, a distribuição de livros didáticos e o maior repasse de verbas da União levaram o Estado às primeiras posições no ranking do Enem e do Saeb. 
 
Em redação, MS ficou em quarto lugar no Enem. No Saeb, alcançou a mesma posição em português, em relação à oitava série do ensino fundamental. 
 
Segundo Maria Nilene, desde 2005 são dados livros (matemática e português) a alunos. E, hoje, 800 professores cursam pós-graduação gratuitamente por meio de convênio. 
 
 
 
Saeb avalia só português e matemática 
 
O Saeb avalia, desde 1990, alunos de quarta e oitava séries do ensino fundamental e da terceira série do ensino médio (antigo colegial) por meio de um prova bienal de português e de matemática. 
 
A avaliação toma como base um universo de participação amostral, sem detalhamento para municípios ou unidades de ensino. 
 
Na última avaliação, em 2005, participaram da amostra 190 mil alunos, de quase 6.000 escolas de todo o país. 
As médias do Saeb são apresentadas em escala que varia de 0 a 500 pontos. 
 
A média nacional para alunos da quarta série da rede urbana é de 175,52 em língua portuguesa. Os estudantes que alcançam esta pontuação são capazes de entender expressões com discurso indireto, narrativas de temática e vocabulário complexos, identificar marcas de gêneros de texto e a finalidade de um texto jornalístico. 
 
Em matemática, a média nacional para a oitava série da rede urbana foi 239,38, o que indica que o estudante consegue, entre outras ações, localizar dados em tabelas mais complexas, identificar gráfico de colunas correspondentes a números positivos e negativos e converter medidas de peso. 
 
 
 
Alunos da 4ª série apresentam melhor desempenho desde 99 
 
No ensino fundamental, os estudantes da 4ª série apresentaram o melhor rendimento desde 99. De 2003 para 2005, houve um salto de 169,4 para 172,3 na média de português e de 177,1 para 182,4 na de matemática. 
 
Na 8ª série, a média de português caiu pouco -de 232,0 para 231,9-, e a de matemática caiu de 245 para 239,5. 
O Saeb indica o nível de conhecimento. Assim, os alunos da 4ª série devem ter notas menores que os da 8ª. 
 
 
 
Das 10 tops do Enem em SP, só 1 é pública 
 
Somente a Vértice e a Bandeirantes, particulares, obtiveram médias acima de 70 pontos no exame, realizado por 1.182 escolas. Das 50 melhores no ranking do Enem, apenas sete são públicas; todas de ensino técnico, que aplicam vestibulinho para o ingresso. 
 
 
Apenas duas das 1.182 escolas paulistanas que participaram do Enem 2006 (Exame Nacional do Ensino Médio) ficaram com médias consideradas como boas ou excelentes. Ambas são da rede particular. 
 
O colégio com a melhor rendimento foi o Vértice, cuja nota média de seus alunos foi de 74,12 (considerando a redação e a prova objetiva). A escala do exame vai de 0 a 100. Em segundo lugar, ficou o Bandeirantes, com 70,84. 
 
De acordo com a escala utilizada na prova, apenas essas duas instituições podem ser consideradas com desempenho bom ou excelente (classificação dada àquelas que têm médias entre 70 e 100). 
 
A maior parte dos colégios paulistanos (51,6%) ficou na faixa de regular a bom, cuja nota vai de 40 a 69. A média na capital paulista foi de 44,3, um pouco superior ao resultado do Estado (43,4) e ao do país (42,5). Esses resultados estão na faixa de insuficiente a regular (de 0 a 39 pontos). 
 
O Inep (instituto que aplica o Enem) afirma, porém, que as classificações vêm perdendo a precisão pedagógica e não serão mais utilizadas na edição 2007 da avaliação. 
 
Ajuste 
 
Os colégios Vértice e Bandeirantes têm tamanhos diferentes: enquanto do primeiro participaram 52 alunos, do segundo foram 523. 
 
Para divulgar a comparação, o Ministério da Educação aplica uma fórmula estatística para que a diferença de tamanho das instituições não interfiram. 
 
Os dois colégios também haviam ficado em primeiro no Enem 2005, primeiro ano que o governo federal divulgou o resultado por escola. 
 
Dentre os 50 melhores colégios da cidade, apenas sete são públicos -mesmo assim, são escolas técnicas, em que há vestibulinho para ingresso. 
 
No ano passado, 3,7 milhões de alunos se inscreveram no exame e 2,7 milhões compareceram ao dia da prova. Foi a maior edição desde o início do exame, em 1999. Podem participar estudantes que se formaram no 3º ano do ensino médio, tanto no ano da aplicação quanto em períodos anteriores. 
 
O Enem não é obrigatório, mas a participação vem crescendo porque a nota pode ser utilizada como parte de vestibulares no país (a Fuvest é um caso) e como seleção para o Prouni (programa do governo federal que concede bolsas de estudo a alunos carentes em universidades privadas). 
 
Crítica 
 
“Há uma deturpação do Enem ao se fazer essa comparação. O Enem foi criado para avaliar o indivíduo e não a escola“, afirma Maria Inês Fini, 58, criadora do Enem. 
 
Para a secretária estadual de educação de São Paulo, Maria Lucia Vasconcelos, o mau desempenho da sua rede serve como alerta. “Iremos tomar ações corretivas, como rever a questão da progressão continuada. Ainda não consultei a rede de professores, mas entendo que o ciclo deveria diminuir.“  
 
 
Melhor de São Paulo, Vértice aposta na união de competências 
 
A separação habitual entre turmas de humanas, exatas e biológicas não existe nas classes do ensino médio do Colégio Vértice, pelo segundo ano consecutivo apontado pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) como o melhor da cidade de São Paulo. 
 
Na última avaliação, a escola obteve 74,12 pontos na prova objetiva e de redação. “Achamos muito mais enriquecedora a mistura de competências diferentes“, diz o diretor Victor Koloszuk, 56, professor, físico de formação e administrador. 
 
Pequeno, quando comparado a seus concorrentes diretos, como o Colégio Bandeirantes ou o Agostiniano Mendel, o Vértice, que fica no bairro do Campo Belo, tem apenas 210 alunos no ensino médio -55 estão no 3º ano, divididos em duas turmas, uma de 27 e outra de 28 estudantes. “Dá para darmos um atendimento personalizado, muito próximo, com a presença constante dos professores na vida dos alunos.“ 
 
A cada 15 dias, os alunos da 1ª e 2ª séries passam por um “processo de verificação de aprendizagem“, que não é uma prova embora pareça com uma. A idéia é localizar os “buracos“ que ficaram no ensino, para que os professores possam “consertá-los“ antes da prova. No 3º ano, essas verificações de aprendizagem são substituídas pelos simulados, visando aos vestibulares. A maioria dos alunos do Vértice consegue entrar na faculdade sem passar por cursinhos. 
 
São muitas horas de aula. Em regime semi-integral, na 1ª e 2ª séries, os alunos têm atividades todas as manhãs e duas tardes por semana. No 3º ano, as aulas ocupam todas as manhãs e todas as tardes. 
 
Com apenas três espaços para laboratórios (um de exatas, outro de biológicas e uma sala multiuso), o Vértice acredita que o laboratório de ciências é ferramenta para a discussão conceitural. “Serve para mostrar como acontece um determinado fenômeno. Perder tempo com relatórios complicados é só isso: perda de tempo mesmo“, diz o diretor, reconhecendo que seu comentário soa estranho vindo de um físico de formação. 
 
“Não seria justo impor a todo o grupo de alunos uma dinâmica de laboratório exaustiva. Prefiro juntar quatro professores, um de história, outro de literatura, um de filosofia e outro de ciências, e abrir uma discussão coletiva. É muito mais interessante para os alunos e para o processo educacional.“ 
 
O Vértice não tem piscina e conta apenas com a infra-estrutura básica para o desenvolvimento de atividades esportivas. “Escola não é clube“, fulmina o diretor. 
 
Para entrar no colégio, o aluno passa por entrevista, faz teste para avaliação e é obrigado a freqüentar a escola um ou dois dias antes de se matricular, para ver se é o que deseja mesmo. 
 

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