Além do orçamento, teremos R$ 4,3 bi por ano, diz o ministro da Educação Fernando Haddad

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Aos 42 anos, um dos mais jovens ministros da Educação do Brasil, o advogado, mestre em economia e doutor em filosofia Fernando Haddad comanda há poucos meses o Ministério da Educação, onde estava, desde janeiro de 2004, como secretário executivo do então ministro Tarso Genro.  
 
À frente de uma pasta que, pela sua importância e tamanho, é capaz de forjar ou destruir reputações, Haddad se prepara para usar recursos que para seus antecessores não passavam de sonho. Será o primeiro a dispor de R$ 4,3 bilhões anuais extras, além da dotação orçamentária do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), que atenderá desde a pré-escola até o ensino médio. 
 
Em termos de tecnologia, caberá a ele implantar o projeto do laptop de US$ 100, que será distribuído a estudantes e professores e promete causar uma revolução no ensino no Brasil. Antes de viajar para a reunião da Unesco, em Paris, onde a proposta brasileira de abatimento da dívida externa dos investimentos em educação foi aprovada, ele falou a ISTOÉ.  
 
ISTOÉ – O Brasil tem uma defasagem muito grande entre o porcentual de alunos no ensino fundamental, que é de 97%, e o do ensino médio, que cai para cerca de 40%. Isso não se reflete nas dificuldades de acesso dos jovens ao mercado de trabalho, no qual chegam despreparados?  
Fernando Haddad
– Não se trata simplesmente de evasão escolar entre os jovens de 15 a 17 anos. A verdade é que 40% desse total ainda está na escola, mas no ensino fundamental, junto com crianças muito mais novas. Estão lá porque tiveram desde o começo dificuldades de aprendizado. Claro que tudo isso se reflete na chegada ao mercado de trabalho.  
 
ISTOÉ – Como é possível resolver esse problema de aprendizado?  
Haddad
– Estudos internacionais mostram que a saída está na pré-escola. É por isso que lançamos o programa de universalização da pré-escola, que atenderá crianças a partir de quatro anos. Crianças que chegam ao ensino fundamental sem conhecer letras e números já começam com uma desvantagem enorme em relação às que fizeram pré-escola. Elas apresentam índices de repetência de 40% na primeira série. O que temos de fazer é dar pré-escola para os mais pobres, de modo a propiciar a todos condições iguais de aprendizado. Os filhos das classes mais favorecidas vão à pré-escola desde cedo.  
 
ISTOÉ – Mas só a pré-escola adianta?  
Haddad
– Ela é o começo de tudo. Mas nosso projeto é muito mais amplo. Você tem que imaginar uma integração entre a pré-escola, o ensino fundamental e o médio. A idéia, que começa a ser posta em prática em 2006, é investir na pré-escola, que deverá estar universalizada até 2010. Mas temos que pensar adiante e estimular os alunos a prosseguir até o ensino médio, que terá um forte incentivo à educação vocacional e profissionalizante. Vamos contar com os recursos do Fundeb, previstos em R$ 4,3 bilhões por ano. Aproximadamente dez vezes mais do que se gastava no Fundef, que só atendia ao ensino fundamental.  
 
ISTOÉ – E para quem quer chegar à universidade?  
Haddad
– Estamos fazendo uma expansão do ensino superior gratuito como não ocorria há mais de 20 anos. O governo Lula já criou mais de 30 novos campi universitários federais. Aceleramos o processo do Pró-Uni, que dará a estudantes carentes 100 mil bolsas de estudo por ano em instituições privadas. Essas bolsas suplementarão a oferta das universidades públicas. Em alguns anos, esperamos que o quadro atual da educação brasileira esteja profundamente alterado.  
 
ISTOÉ – O Brasil é um dos parceiros do projeto do laptop de US$ 100, criado pelo americano Nicholas Negroponte e pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT). Como vai funcionar?  
Haddad
– Nosso compromisso é garantir a primeira encomenda mínima de um milhão de laptops. Alunos, professores, estudantes da primeira série e das séries mais avançadas receberão primeiro. Temos um problema de conectividade à internet. Uma solução seria desenvolver um pen-drive que funcionasse como livro no laptop, com o conteúdo de um ano de estudo.  
 
ISTOÉ – Há outros projetos na área de tecnologia da informação?  
Haddad
– Vamos criar uma rede de 40 mil DVDtecas em escolas em todo o Brasil. Encomendamos dois milhões de DVDs, de modo que cada escola monte sua DVDteca com 50 DVDs, com 200 horas de programação. Os temas são matemática, português e ciências, e ainda formação continuada para os professores. A entrega dos DVDs deverá começar antes do fim do ano. Além disso, criamos um sítio – www.dominiopublico.gov.br – no qual disponibilizamos oito mil obras, de todos os campos do conhecimento, para acesso livre. Isso é disseminar conhecimento e informação.  

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