A maratona intelectual da produção do livro escolar no Brasil

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on email

Por trás do conteúdo dos milhões de livros escolares que chegam às mãos de alunos e professores das redes de ensino público e privado de todo o país, da Educação Infantil ao Ensino Médio, há um extenso e complexo processo de produção.

São várias etapas de elaboração do livro didático, ao longo de um processo que leva de dois a três anos, desde a concepção da obra até sua impressão e, também, transformação em produto digital. O ponto de partida é o projeto editorial. Autores e editores, com base em estudos e dados sobre os segmentos escolares e as demandas educacionais detectadas, definem a proposta metodológica e fazem o planejamento do conteúdo a ser desenvolvido. Eles também projetam a estrutura e a organização da obra, especificando número de volumes, paginação, capítulos e seções.

A partir do projeto editorial, inicia-se uma grande curadoria de conteúdos para atender a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), com a transposição didática necessária para o ciclo de ensino e a metodologia proposta pela obra. Os autores iniciam a elaboração dos originais com o suporte de profissionais das editoras, envolvendo também a seleção de textos de terceiros (artigos, fragmentos de livros literários, reportagens, obras de arte, infográficos) e imagens. Acadêmicos ou professores fazem a leitura técnica e crítica dos originais, em paralelo ao licenciamento dos conteúdos de terceiros que serão utilizados na obra e a produção de imagens.

Concomitante ao processo de elaboração dos originais, elabora-se o projeto gráfico e a concepção do estilo das ilustrações. Para se tornar atraente aos olhos de crianças e adolescentes, profissionais de artes gráficas e de pesquisa iconográfica desenvolvem a linguagem visual coerente com o tipo de obra.

No processo de edição do texto original, com a aprovação dos autores, a equipe editorial prepara o texto, garantido que ele mantenha a correção do ponto de vista conceitual e apresente linguagem acessível e adequada ao público da obra. Para isso, as editoras contam também com o apoio de especialistas e assessores externos.

Durante a fase de edição, os especialistas da área digital junto com os editores e autores da obra elaboram a proposta de conteúdos digitais. Eles fazem a definição técnica da linguagem e do formato digital do livro. Para enriquecer a obra, são utilizados diversos recursos, como podcasts, audiovisual, videoaulas, animações, jogos interativos e simuladores.

Já próximo da fase final, o livro entra na etapa da produção editorial, visando a gerar o arquivo final para a impressão gráfica. Essa etapa inclui todas as operações necessárias à paginação da obra. Além da diagramação do texto, são reunidos fotos, mapas, ilustrações, gráficos, infográficos e outros conteúdos e recursos visuais. E em cada passo, para garantir a qualidade e correção, a obra passa pela leitura de uma equipe de revisores, sob a supervisão do editor responsável e sua equipe.

A última etapa do processo para o nascimento do livro impresso é a produção gráfica. Equipes da editora também fazem o acompanhamento e a supervisão da impressão. E a fase final do processo que resulta no livro didático é a produção digital. Depois da conclusão e do fechamento do arquivo do livro impresso, é intensificada a produção da obra digital. Nessa etapa, há o enriquecimento da obra com os objetos digitais. Para tornar o livro digital acessível, uma camada de acessibilidade é inserida no livro digital, com a descrição de imagens e outros recursos que viabilizam a utilização do livro por deficientes visuais ou auditivos.

Ferramenta essencial para democratizar o acesso à Educação no Brasil, o livro escolar tem como grande objetivo permitir aos estudantes e professores uma experiência de qualidade no processo de ensino e aprendizagem. Para contribuir para um ensino voltado à inclusão social e que dialogue com os jovens, ficou também explícito durante a pandemia que o conteúdo das obras didáticas precisa ser multiplataforma, com vários recursos, como os digitais. As novas tecnologias têm potencial para gerar novas vivências em sala de aula ou em casa, além de possibilitar novas interações entre professores e alunos.

Ângelo Xavier, presidente da Associação Brasileira de Livros e Conteúdos Educacionais (Abrelivros).

Menu de acessibilidade