“A imunidade tributária do livro é imprescindível”

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A nova presidente da Câmara Brasileira do Livro (CBL), Sevani Matos, destacou, em entrevista a Abrelivros em Pauta, a importância do trabalho em sintonia das entidades do mercado do livro. “A Abrelivros é uma grande parceira em diferentes campos, seja na atuação frente ao governo, seja na realização de eventos. Trabalhamos pela mesma causa. Essas ações conjuntas são vitais para o segmento”, afirmou. Nesta atuação conjunta ela cita a defesa da imunidade tributária do livro. “O livro é uma ferramenta básica de educação, conhecimento, cidadania e de mobilidade social, e precisa continuar isento de impostos e contribuições”, defende.

1 – Qual foi sua trajetória profissional até chegar ao mercado do livro?

Minha formação é em Comunicação Social. Fiz especialização em marketing digital e tenho MBA em Administração e Gestão de Negócios. Estou há mais de 20 anos atuando nas áreas administrativa e comercial, tanto em empresas nacionais, quanto em multinacionais. Minha experiência é bastante diversificada em termos de segmentos: trabalhei em telefonia móvel, comunicação visual, gráfica de livros e editoras. E estou há 16 anos na VR Editora, onde sou diretora.

2 – Sua chapa nas eleições da CBL, “O Livro nos Une”, apresentou uma plataforma de trabalho que destaca a importância da manutenção da imunidade tributária do livro. Como vê a possibilidade de quebra dessa imunidade, dentro de uma reforma tributária?

O livro é uma ferramenta básica de educação, conhecimento, cidadania e de mobilidade social, e precisa continuar isento de impostos e contribuições. Nunca é demais lembrar que a construção desta conquista teve início há quase 80 anos, e que graças a ela as camadas menos favorecidas da população passaram a ter acesso a livros. Também é sempre importante destacar que isentar o livro de tributos é uma prática internacional, conforme atesta pesquisa da International Publishers Associaton, a IPA. Desde que foi apresentada a proposta de reforma tributária no governo anterior, que estabelecia a criação de uma tributação sobre o livro, a CBL, ao lado de entidades do setor livreiro como a Abrelivros e SNEL, tem atuado em defesa da não-tributação. Posição, aliás, reforçada na Carta Aberta que as entidades lançaram em 2022, aos candidatos e candidatas à Presidência da República. A imunidade tributária do livro é imprescindível.

3 – A CBL tem ações independentes, mas também atua em parceria com outras entidades do mercado do livro, entre elas a Abrelivros. Qual a importância dessa atuação conjunta para o segmento?

Felizmente o mercado do livro tem entidades que atuam em parceria. A Carta Aberta que assinamos conjuntamente, ano passado, é um bom exemplo desta atuação em sintonia. Este ano assinamos outra carta, enviada ao Ministério da Cultura, destacando a necessidade de programas efetivos que fortaleçam a leitura e o acesso ao livro. Tivemos uma grande vitória conjunta: logo depois o novo governo anunciou a criação da Secretaria de Formação, Livro e Leitura, no Ministério da Cultura. É importante que as entidades estejam sempre alinhadas em seu discurso e que passem uma mensagem única para os poderes Executivo e Legislativo. Isto evita ruídos de comunicação e fortalece a defesa de pleitos. A Abrelivros é uma grande parceira em diferentes campos, seja na atuação frente ao governo, seja na realização de eventos. Trabalhamos pela mesma causa. Essas ações conjuntas são vitais para o segmento.

4 – Você assume a presidência da CBL no mesmo ano em que Karine Pansa, que já presidiu a Câmara e é diretora da entidade, começou seu mandato à frente da IPA. O que espera dessa sinergia, e como pretende incentivar que as mulheres aumentem a participação no mercado do livro, questão que aparece em sua plataforma de trabalho?

Ter Karine na presidência da IPA é algo extraordinário, e certamente iremos unir forças. Acredito que faremos muito pelo nosso segmento e também pela participação das mulheres no mercado do livro. Quero realizar no Brasil o PublisHer (criado em 2019 para capacitar mulheres para o mercado do livro e também debater as questões de gênero no segmento) e adotar ações que valorizem e ampliem o número de mulheres no nosso universo livreiro, sem deixar de lado outros temas que envolvem diversidade e inclusão e, também, a economia verde. A plataforma de trabalho na IPA destaca a proteção ao direito autoral e propriedade intelectual e também o aumento da produção de dados sobre o segmento livreiro, questões vitais para o nosso mercado.

5 – Logo após a sua posse aconteceu a Feira do Livro Infantil e Juvenil de Bolonha, na Itália. O que a sra. destacaria deste evento?

A Feira de Bolonha teve uma ótima programação, abordando temas importantes para o mercado editorial, incluindo novidades como o impacto da inteligência artificial na produção de livros. Foi nítido o aumento da participação de expositores e de profissionais. Os eventos presenciais voltaram com muita força, e isso é ótimo para o nosso segmento. Havia muitas novidades, livros de excelente qualidade e temas relevantes. A presença da CBL na feira foi muito importante. Temos uma parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) no Brazilian Publishers, um projeto de internacionalização de conteúdo editorial brasileiro. E levamos ao nosso estande representantes de 22 editoras brasileiras para um matchmaking com editores de outros países, buscando a venda de direitos de autores de nosso país. Também realizamos, em outra iniciativa do Brazilian Publishers, o Caipirinha Hour, um evento mais descontraído, para promover networking entre profissionais do mercado literário do mundo todo. Usamos esse nome justamente para marcar a presença e a atuação brasileira.

6 – A última Bienal do Livro de São Paulo, ano passado, foi chamada de “bienal das bienais”, com recorde de público, reunindo 660 mil visitantes. O que a Câmara planeja para a edição do ano que vem?

A CBL já está trabalhando para a próxima Bienal do Livro de São Paulo. Nosso objetivo é sempre nos superar, há sempre um cuidado em melhorar cada vez mais o evento em termos de estrutura e programação nacional e internacional, além da jornada profissional. Teremos certamente uma Bienal ainda mais inclusiva e diversa.

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