A educação de hoje é o progresso de amanhã

Políticas educacionais não geram resultados eleitorais imediatos. Não geram inaugurações com fitas cortadas nem resultados que encantam o eleitorado no curto prazo. São, por natureza, investimentos de longo prazo que exigem paciência, continuidade e coragem política. Mesmo quando as políticas são bem desenhadas e implementadas, os efeitos positivos sobre a sociedade, como a melhoria da aprendizagem dos estudantes e o desenvolvimento socioeconômico, levam anos para se materializar.

Mas eles aparecem. O Brasil nunca teve uma população tão escolarizada quanto hoje. Os avanços são observados em todos os níveis de ensino. Dados recém-divulgados da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), do IBGE, revelam progressos em diversos indicadores da educação brasileira. Entre 2016 e 2024, a taxa de analfabetismo entre a população com 15 anos ou mais caiu de 6,7% para 5,3%, o menor patamar da série histórica.

A proporção de pessoas com 25 anos ou mais que concluíram a educação básica aumentou em 10 pontos percentuais: de 46,2% para 56%. Em números absolutos, o percentual da população com ensino superior completo também cresceu de forma consistente: de 15,4% para 20,5%. Hoje, o brasileiro com 15 anos de idade ou mais acumula, em média, 10,2 anos de estudo, quase um ano a mais em comparação com 2016.

Esses avanços são resultados de décadas de políticas sociais e econômicas orientadas para a ampliação do acesso à educação. Contudo, os indicadores ainda permanecem distantes daqueles observados em nações mais desenvolvidas, especialmente em relação à produtividade e à qualidade da educação. Mais preocupante são as desigualdades históricas que continuam a marcar o sistema educacional brasileiro. As disparidades raciais, em particular, permanecem profundas.

Segundo os dados da Pnad Contínua, entre os 9,1 milhões de brasileiros ainda não alfabetizados, cerca de três quartos são pessoas negras (pretas ou pardas). A taxa de analfabetismo entre pessoas brancas com 15 anos ou mais é de 3,1%, enquanto entre pretos e pardos chega a 6,9% —mais que o dobro.

Padrões semelhantes de desigualdade se repetem em outros indicadores. No que diz respeito à conclusão da educação básica, a média nacional é de 56% entre pessoas com 25 anos ou mais. No entanto, esse índice é de 63,4% entre pessoas brancas e de apenas 50% entre pretas e pardas.

Para o ensino superior, as ações afirmativas que se consolidaram nos últimos anos não foram suficientes para dissipar desigualdades raciais históricas. Enquanto 29% das pessoas brancas com 25 anos ou mais concluíram o ensino superior, apenas 13,7% das pessoas pretas ou pardas alcançaram esse nível de escolaridade. Há diferença também na distribuição dos jovens de 14 a 29 anos que não estudam nem trabalham: a média é de 14,4% na população branca e de 21,1% na população negra.

É inegável que houve progresso. Mas também é inegável que as políticas educacionais ainda não conseguiram romper as barreiras históricas que limitam o acesso de milhões de brasileiros a oportunidades iguais. E são as políticas públicas de hoje que vão transformar a realidade nas próximas décadas.

 

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