A crise secreta do mercado de livros

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George Kornis e Fábio de Sá Earp são, além de ótimos economistas, boas-praças. Isto ficou bem claro na palestra que proferiram ontem durante a abertura da Primavera dos Livros no Rio de Janeiro. A palestra consistia basicamente de estudos preliminares de uma pesquisa que ambos vêm conduzindo sobre a indústria do livro do Brasil, sob encomenda do BNDES. Durante a apresentação, os economistas não apenas demonstraram seu conhecimento científico, mas também deixaram claro, implícita ou explícitamente, que são apaixonados por livros e vêem o setor editorial com muita simpatia. Entre os dados apresentados, há números bastante preocupantes. Entre eles, a queda de 48% das vendas de livros entre 1995 e 2003, o que, segundo a dupla de economistas, levaria qualquer outro setor a exigir apoio governamental. Outro dado preocupante é a grande quantidade de encalhes nas editoras. Em 2003, por exemplo, a diferença entre o número de livros produzidos e vendidos foi de 44 milhões. “Qualquer setor que tivesse 44 milhões de produtos encalhados estaria preocupado“, afirmou Kornis. Também foram apresentados, a título de comparação, dados de outros países. Chamou a atenção que o Brasil possui o terceiro mais generoso programa governamental de compras de livros, com 176 milhões de exemplares adquiridos em 2002, ficando atrás apenas da China e dos EUA. No entanto, quando os números são ponderados pela população, observa-se que as compras brasileiras equivalem a apenas 30% das americanas e 34% das chinesas. A grande conclusão da pesquisa até agora é que há uma crise secreta que ninguém menciona, enquanto todos procuram se acomodar a um mercado minguante sem pensar em propostas. Mas, como metaforeou Kornis, “não adianta quebrar o termômetro para dizer que não existe febre“. A pesquisa deve ser concluída nos próximos meses e entregue ao BNDES. Os economistas acreditam que há uma grande oportunidade em 2005, com o Ano Íbero-americano da Leitura, para se discutir a política do livro no Brasil.

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