Nova avaliação da educação básica será a mais cara do país

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A ampliação do Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica) vai custar ao MEC (Ministério da Educação) R$ 56,2 milhões. Com o nome de Anresc (Avaliação Nacional do Rendimento Escolar), o novo exame do governo federal, apresentado pelo governo em março, será feito por 5,2 milhões de alunos de 4ª e 8ª séries de todas as escolas urbanas da rede pública do país.  
 
Antes da Anresc, a qualidade do sistema educacional nessa faixa etária era medida, por meio de amostragem, apenas com o Saeb. A aplicação da prova, feita de dois em dois anos por cerca de 300 mil alunos concluintes da 4ª e 8ª série do ensino fundamental e 3ª série do ensino médio, custa R$ 7,6 milhões –este ano a amostragem será ampliada para 400 mil estudantes.  
 
O Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), outra avaliação feita pelo MEC, teve orçamento de R$ 50,2 milhões em 2004. O Enade (Exame Nacional de Avaliação de Desempenho dos Estudantes), por sua vez, sistema que avalia o ensino superior e é substituto o Provão, custou R$ 27,4 milhões no ano passado. O Saeb inclui testes de língua portuguesa (interpretação de texto) e matemática e a aplicação de um questionário sócioeconômico. Já a Anresc será aplicada anualmente no mês de novembro para todos os alunos da 4ª e 8ª séries em escolas públicas. Cada edição avaliará uma área. Neste ano será a leitura e, no próximo, matemática.  
 
Diferentemente do Saeb, porém, apenas as escolas urbanas com mais de 30 alunos participarão da pesquisa. “A escola rural exige uma infra-estrutura muito grande. Este ano faremos [a prova] apenas nas urbanas“, afirmou à Folha Online Eliezer Pacheco, presidente do Inep (Instituto nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), órgão responsável pela aplicação das avaliações. Além disso, segundo ele, hoje os alunos em escolas rurais são poucos. “É um número pequeno, não é significativo do ponto de vista numérico. Para a avaliação, não há problema ficar de fora“, afirmou.  
 
O objetivo do novo instrumento será, principalmente, oferecer aos governos estaduais e prefeituras municipais uma avaliação específica de suas escolas. “Com o Saeb [que passará a se chamar Aneb – Avaliação Nacional da Educação Básica] é possível medir a evolução do ensino por Estados e regiões. Agora, teremos um retrato de cada escola. Será mais fácil intervir e mudar rumos, criar estratégias específicas para cada ambiente escolar“, disse por sua vez Carlos Henrique Araújo, o diretor de Avaliação da Educação Básica do Inep.  
 
Avaliações – Eliezar Pacheco participou no dia 2 de maio, em São Paulo, de um seminário que discutiu os resultados do Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos) 2003. O exame é aplicado a alunos de 15 anos em 41 países (cerca de 275 mil estudantes), incluindo o Brasil, de três em três anos. Também participou do evento o diretor do Pisa, Andreas Schleicher. Os estudantes brasileiros, ao lado dos da Indonésia e Tunísia, estão entre os que têm os menores níveis de conhecimento em matemática, segundo o Pisa de 2003. Os três países são os últimos da lista. China/Hong Kong e a Finlândia aparecem no topo, respectivamente no primeiro e no segundo lugar.  
 
De acordo com dados apresentados por Schleicher sobre sistemas de avaliação, entre as inúmeras características dos países com melhor desempenho no Pisa está justamente o investimento em pesquisas e avaliações educacionais. “Percebemos que a maioria das nações com bons resultados, como Finlândia e Hong Kong, aliam políticas públicas nacionais e sistemas avançados e detalhistas de avaliação. Com elas é possível definir metas e os caminhos para atingí-las“, afirmou Schleicher.  
 
“O Brasil começou tarde seus processos avaliativos, temos de reconhecer. Mas estamos trabalhando intensamente“, disse Ataide Alvez, diretor de Avaliação para Certificação de Competências do Inep. Durante o seminário, Eliezer Pacheco também destacou a importância que terá no processo de avaliação a implantação da identidade digital para controlar a freqüência nas escolas. “E não é apenas a freqüência, porque [com o cartão de cada aluno] poderemos saber características da comunidade, da família. Não precisaremos esperar o Censo Escolar, que chega com um ano de desafagem. Vamos ter um raio-x em tempo real“, disse ele. 

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