PIB maior não distribuiu renda

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De 1975 a 2002, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil cresceu 21% e o PIB per capita aumentou 36%, mostrando que uma boa parte do modesto avanço econômico do período não se traduziu em melhoras sociais. O Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH) de 2004 mostra que a distribuição de renda e a vulnerabilidade externa são os pontos fracos do Brasil, nos indicadores econômicos.  
 
Na desigualdade, em três indicadores apresentados pelo RDH, o Brasil figura como o quarto, sexto e oitavo pior entre os 177 países e territórios da pesquisa – só ganha de nações africanas. E em um dos dois indicadores de vulnerabilidade externa do RDH, é o pior de todos os analisados. Em compensação, há algumas bons sinais no RDH, como o fato de o País ter mais que duplicado a proporção das suas exportações de alta tecnologia (como proporção das exportações de manufaturados) de 1990 a 2002.  
 
Os dados brasileiros nos indicadores de desigualdade do RDH 2004 são de 1998, mais defasados que outros indicadores econômicos. No caso do indicador que mostra quantas vezes a renda dos 10% mais ricos do País é maior do que a dos 10% mais pobres, o Brasil atinge 85 vezes. Dos 177 países analisados pelo RDH, e que cobrem praticamente o mundo todo, só são piores que o Brasil nesse quesito a Namíbia (128 vezes), o Lesoto (105) e Serra Leoa (87,2).  
 
Esse índice é de 40,6 no Chile, 45 no México e 15,9 nos Estados Unidos.  
 
Em outro índice que também mede a desigualdade, o Gini, o Brasil ficou com 0,591. Quanto mais próximo de 1, maior a desigualdade e quanto mais próximo de zero, menor. O Brasil só ganha no Gini da África do Sul (0,593), Namíbia (0,707) e cinco outros países africanos, a maioria na parte austral do continente.  
 
“Estes dados confirmam o que já é sabido, que somos muito desiguais – este é o nosso principal problema e a principal causa da pobreza“, diz André Urani, presidente do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade, instituição de pesquisa social baseada no Rio.  
 
Setor externo – O Brasil é o pior país, entre 155 analisados pelo RDH de 2004, em um dos dois indicadores usados pelo estudo para medir a vulnerabilidade externa – a relação entre os pagamentos da dívida externa (pública e privada) e as exportações totais de bens e serviços.  
 
Em 2002, segundo RDH, os gastos brasileiros (governo e setor privado) com juros e amortizações da dívida externa atingiu 68,9% da receita de exportação de bens e serviços. No México e no Chile, aquele indicador foi de respectivamente 23,2% e 32,9%. No outro indicador de vulnerabilidade externa do RDH, a posição do Brasil é melhor, à frente de vários países emergentes importantes.  
 
Mas o Brasil piorou muito entre 1990 e 2002 nos dois índices de vulnerabilidade externa: saltou de 1,8% para 11,4% quando os pagamentos da dívida externa são colocados como proporção do PIB; e de 22,2% para 68,9% quando são postos com proporção da exportação de bens e serviços. Em 1990, porém, o País ainda estava em moratória, o que limitava o endividamento externo.  
 
Mas o RDH traz alguns bons sinais nos indicadores econômicos. Entre 1990 e 2001, as exportações brasileiras de alta tecnologia saltaram de 7% do total das exportações de manufaturados para 19%. Esse novo nível é razoavelmente satisfatório no contexto internacional, quando comparado com países como o México (21%), Coréia (32%), China (23%), Estados Unidos (32%), Chile (3%), Argentina (7%) e Venezuela (3%).  
 
 
 
 
 

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