O aluno deve ser o centro do processo da aprendizagem

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Sempre é tempo de debater os desafios da educação no Brasil. Para falar sobre temas como formação de professores, currículo nacional, as novas tecnologias na sala de aula e outros assuntos o Publishing Perspectives Educação entrevistou Vera Lúcia Cabral Costa, embaixadora da Bett Brasil e consultora da Educar Brasil 2014, programada para o período de 21 a 24 de maio no Centro de Exposições Imigrantes, em São Paulo. Vera também atua como consultora em projetos de inovação educacional e foi coordenadora de formação continuada de todos os profissionais da educação básica no Estado de São Paulo.

Qual é o maior desafio da educação no Brasil?
É motivar alunos e professores a aprender. É preciso dar sentido ao estudo e à permanência na escola. Formar cidadãos adaptados à realidade do século XXI, que é muito diferente da vivenciada no século XX, tanto nos aspectos sociais e culturais, quanto econômicos e de inserção produtiva.

A senhora acredita que a aprovação de um currículo nacional é um dos caminhos para o avanço da educação no Brasil?
Essa é uma discussão complexa, que extrapola os limites da educação. Precisamos lembrar que, para além das diferenças culturais, sociais, econômicas, geográficas, entre outras, que se manifestam regionalmente e mesmo dentro de uma mesma região, a federação brasileira atribui aos Estados e municípios a responsabilidade pela definição de seus currículos na educação básica. Além disso, se considerarmos que o currículo é muito mais do que uma lista de conteúdos, ou índices de livros, tais diferenças devem estar nele representadas. Portanto, entendo que falar de um currículo nacional comum seja complicado.

Como conseguir homogeneidade no ensino?
Avalio como primordial que se explicitem as aspirações da sociedade sobre as características essenciais ao jovem que o sistema educacional forma, em âmbito nacional. À primeira vista, parece que estamos falando de currículo. Mas, de fato, quando pensamos no Brasil como um todo, é preciso ater-se à dimensão do “essencial”. Se por um lado se estabelece aquilo que deve ser comum aos diferentes sistemas, respeitam-se diferenças e o pacto federativo, como já mencionado. Nesses termos, acredito que ter uma base nacional comum contribua muito para a melhoria da educação no Brasil. Visibilidade àquilo que se espera como resultado do processo educacional; graus de homogeneidade entre unidades da federação, de forma a facilitar o compartilhamento de experiências entre professores e redes, a mobilidade de alunos e oportunidades equivalentes para os que estudam em diferentes localidades, entre muitos outros, são ganhos inequívocos para a educação e para a sociedade.

Qual é a melhor forma para que as escolas consigam adaptar a tecnologia à sala de aula?
Colocar novas tecnologias na sala de aula só faz sentido quando ocorre junto com mudanças nos processos de ensino e de aprendizagem. Não se justifica despender vultosas somas de recursos para fazer a mesma coisa que se fazia com giz e lousa: aulas expositivas, em que o professor detém o conhecimento e o aluno o recebe, passivamente. O uso de novas tecnologias, a meu ver, deve estar associado à total reversão desse modelo. O aluno deve ser o centro do processo de aprendizagem; ele busca e constrói o conhecimento, orientado pelo professor, colaborando com ele e com os colegas. Todos aprendem sempre.

Os alunos estão vivendo em um mundo voltado à inovação. Como fazer com que esse aluno se interesse pela aprendizagem na sala de aula?
A sala de aula não pode ser um ambiente “fora do mundo” onde o aluno vive. Quem tem filhos sabe que a forma de estudar e de aprender dos jovens mudou. Eles estudam com música, com computador aberto; fazem grupos no Facebook para resolver exercícios e se prepararem para provas; leem notícias por sites e não por jornais e revistas como nós, etc.

A sala de aula é o único espaço em que tudo é diferente. Toda essa hiperatividade tem que ser controlada e durante cerca de 5 horas por dia eles têm que ficar quietos, ouvindo o professor, copiando da lousa, com pouca participação. Acho que nem eu aguentaria. Nós, mais velhos, ainda conseguimos assistir aulas tradicionais, mas há duas diferenças essenciais: fomos acostumados assim; e hoje estudamos apenas o que é de nosso interesse.

E com os jovens?
Com eles não é assim. Não é o jovem que tem que se interessar pela sala de aula. É a sala de aula que precisa atrair o jovem. Aprender pode e deve ser um processo prazeroso, de descoberta. E é isso que a escola e a aula devem proporcionar. O uso de recursos de tecnologia associado a metodologias e práticas que propiciem o protagonismo dos alunos no processo de aprendizagem, a construção do conhecimento a partir de pontos de interesse do aluno, da discussão e da colaboração. Na verdade, nada novo. Ao contrário, tudo o que se fala há muito tempo na educação. Só que agora, os recursos de tecnologia permitem que isso seja efetivamente aplicado e se torne realidade.

A formação dos professores no Brasil tem uma preocupação com as novas tecnologias?
Não. A formação de professores no Brasil está muito distante disso tudo que estamos falando. Na verdade, ela é deficiente, mesmo se a pensarmos no modelo tradicional de escola. Para além da discussão sobre a baixa qualidade de cursos, um traço geral é o distanciamento da realidade da sala de aula. O mais complexo é que a formação de professores é a questão chave para a transformação do atual modelo de escola e de aula. Mas, para isso, ela também precisa se adaptar à nova realidade: novas formas de aprender e ensinar, usando recursos de tecnologia.

Qual é o foco da Educar?
A Educar é realizada em parceria com a empresa inglesa i2i Events Group. O tema desse ano será: “Uma verdadeira imersão para a excelência em educação. Que rumo seguir?” Desde 2010, quando a Futuro Educação assumiu a gestão da Educar/Educador, procurou estabelecer como “norte” das atividades pedagógicas, temas que estejam no gargalo do desenvolvimento da educação brasileira. A Educar/Educador e Bett Brasil visam por princípio a formação do professor, do educador, do gestor e de todos os interessados e envolvidos com a educação. Esse aprimoramento trará benefícios aos educadores, aos alunos, à escola, para dentro da sala de aula e, inexoravelmente, para a sociedade brasileira.

Qual é o perfil do público?
O evento é direcionado para todas as pessoas que são pilares do sistema educacional brasileiro, seja ele público ou privado. De professores a gestores. De alguns anos para cá, aumentou a participação do aluno dentro da Feira, especialmente formando a tríade – escola, aluno e sociedade. Os Congressos pedagógicos são pagos. Porém, a entrada nas Feiras Educar e Bett são gratuitas e abertas ao público em geral. Além disso, temos dois espaços que são novidades da edição de 2014, como o Learn Live (aberto aos visitantes das Feiras Bett e Educar) e o Líderes em Educação (seminários VIPs, apenas para convidados).

Pode explicar o Learn Live?
Dedicada à tecnologia aplicada à educação, o “Learn Live” terá uma série de 33 seminários, onde educadores irão relatar experiências cotidianas, explicar suas ideias e conhecimentos através de casos práticos, projetos educacionais e informações sobre o uso das novas tecnologias educacionais. O Learn Live será gratuito, aberto a todos os visitantes das Feiras Bett e Educar.

Como foi montado o seminário Líderes em Educação?
Ponto de encontro para debates estratégicos, o Líderes em Educação será um seminário exclusivo para convidados, com participação de autoridades, especialistas, líderes educacionais, influenciadores e tomadores de decisão do setor educacional brasileiro. O “Líderes em Educação” será apresentado com base em quatro temas centrais: “Qualidade e Eficiência no Ensino”, “Compartilhamento das Melhores Práticas em todo o País”, “Aprender e Inovar: O Futuro do Ensino Superior e a Educação Profissional” e “Liderando o Sucesso da Escola”.

Serviço – Educar 2014
Centro de Exposições Imigrantes
Rodovia dos Imigrantes, KM 1,5 – Cursino, São Paulo – SP, 04329-100
(11) 5067-6767
Atendimento Educar: (41) 3033-8100

 

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