Hoje é o dia deles. Mas há pouco a comemorar

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Mal remunerados, professores têm de acumular jornadas em várias escolas  
 
Há muito tempo o professor de Física Walter Weiss, de 57 anos, não sabe o que é descansar num fim de semana. Dando aulas em três escolas, ele é obrigado a dedicar os sábados e domingos para corrigir provas e preparar aulas. “Dando 51 horas-aula por semana, mais 4 de laboratório, não sobra tempo para quase nada“, diz. “Nem para a família. Mas é o único jeito de manter um nível médio de vida.“ Weiss não é exceção. O relatório Estatísticas dos Professores no Brasil, que deve ser divulgado hoje pelo Ministério da Educação (MEC), mostra que grande parte desses profissionais enfrenta jornadas duplas ou triplas, turmas grandes demais e baixos salários.  
 
Não é à toa que muitos têm mais de um emprego, como Weiss, que dá aulas em uma escola estadual e duas particulares. “Somado o que ganho nos três colégios, mais uma aposentadoria, recebo cerca de R$ 3.900 por mês“, revela. “Não é muito pelo que faço.“ Com tanta dedicação, seu salário está bem acima da média nacional do ensino médio: R$ 866,23, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2001, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).  
 
De acordo com a Pnad, um docente de ensino médio ganha, na média nacional, menos do que um suboficial das Forças Armadas (R$ 868), mas mais do que um colega do ensino fundamental (R$ 599, de 5.ª a 8.ª série, e R$ 461, de 1.ª a 4.ª).  
 
Os baixos salários levam os professores às jornadas duplas ou triplas, com carga horária semanal acima de 30 horas – realidade para 56% dos profissionais de Matemática da 8.ª série e 58% para os de Língua Portuguesa do 3.º ano do ensino médio. O resultado é falta de tempo para preparar aulas e atender os alunos. A rotina dos professores também é feita de salas lotadas: 72% deles têm turmas com mais de 30 estudantes no ensino médio. Some-se a isso a falta de laboratórios e bibliotecas e não será difícil entender o baixo nível de aprendizado nas escolas brasileiras, retratado no fraco desempenho em avaliações nacionais e internacionais.  
 
Laboratório – Em termos de infra-estrutura, o levantamento mostra uma expressiva vantagem das escolas privadas sobre as públicas. Mesmo assim, mais da metade dos professores das particulares leciona em colégios sem laboratório de ciências. O levantamento do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) reúne dados do Censo Escolar, do Censo da Educação Superior, do Sistema Nacional de Avaliação e da Pnad. O MEC deverá realizar ainda este ano o censo dos professores da educação básica.  

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