Ministérios da Educação apontam o que esperam da escola em evento em SP

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Como a tecnologia pode contribuir para a melhoria do aprendizado? Considerada uma pergunta central em quaisquer que sejam os debates sobre inovação em educação, foi esse o questionamento que também permeou as discussões do I Latin America Leadership Summit, realizado pela Bett, reconhecida feira de eventos britânica voltada à tecnologia educacional. 

O encontro de lideranças ocorreu nos últimos dias 31/10 e 01/11 em São Paulo e reuniu palestrantes de mais de 30 países, a maioria deles representantes de ministérios de Educação e governos latino-americanos. Estiveram presentes também autoridades educacionais de Finlândia, Coreia do Sul e Estados Unidos.

Em comum, os mais diversos países compartilharam o que esperam da educação que oferecem daqui para frente. Alguns dos mais bem colocados nos rankings internacionais de qualidade da educação compartilharam seus desafios, que passam por flexibilizar e humanizar o ensino ou melhorar a formação de quem já saiu da escola. Entre os latino-americanos, que ainda não superaram totalmente a discussão da garantia da infraestrutura adequada, já há movimentos que colocam a inovação em sala de aula na pauta.

 

Finlândia: preocupação com adultos

No país nórdico, que tem um dos sistemas de educação mais inclusivos e eficientes do mundo, conforme pesquisas internacionais e avaliações como o Pisa, a preocupação agora está voltada para as crianças (hoje adultas) que não tiveram acesso ao novo modelo de educação implantado há 50 anos.

`Já não é mais um segredo para o mundo que fazemos bem. Confiamos totalmente nos nossos professores e na educação como ponto-chave para o desenvolvimento. No entanto, observamos que os adultos que hoje têm entre 50 e 65 e não puderam frequentar esse modelo de escola que criamos recentemente precisam de mais atenção do Estado e de mais instrução e qualificação`, afirma Krista Kiuru, ministra da Educação do País.

Coreia do Sul: humanização do ensino

Referência em bons resultados na educação entre os países da OCDE, a Coreia do Sul tem dado sinais de que entende a importância de se centrar cada vez mais em tipo de revolução que vai além da tecnologia: a da humanização. Reconhecido como um dos sistemas educativos mais competitivos do mundo, o país ostenta uma grave estatística que preocupa o representante convidado para a Bett, Sang Kon Kim.

Segundo ele, a cada cinco alunos da educação básica, um já tentou o suicídio. A principal razão é a competição disseminada no ambiente escolar. `Buscamos as ferramentas tecnológicas como uma aliada para transformar esse cenário. Estamos iniciando uma batalha paradigmática que busca substituir a competição por mais colaboração, menos disciplina e mais liberdade de escolha`, disse Kim, que é superintendente do escritório de Educação da província sul-coreana de Gyeonggi.

Estados Unidos: personalização e banda larga

Já os Estados Unidos, trouxe detalhes sobre o seu atual Plano Nacional de Tecnologia Educacional, atualmente em discussão no país. Richard Cullata, diretor do escritório de tecnologia educacional, falou sobre a importância personalizar o aprendizado dos alunos, `mas de forma eficiente`. Segundo ele, mais de 20 estados americanos já possuem escolas que utilizam plataformas de ensino adaptativo apoiada em lógicas de ensino híbrido (wiki) capazes de deixar os alunos `traçarem seus próprios percursos de aprendizagem`.

`Os estudantes têm diferentes níveis de aprendizagem, por isso eles devem ser tratados de forma diferente. A tecnologia só será usada de forma eficiente se ela for inserida em conjunto com novas técnicas e formas de ensino. Não podemos achar que a digitalização do tradicional é algo inovador`, falou Cullata ao Porvir.

O representante do governo norte-americano ainda trouxe uma outra preocupação relacionada à infraestrutura de acesso. `Queremos que todas as nossas escolas tenham acesso a um banda larga de 100 MB. Atualmente, ainda 20% das 100 mil escolas tem menos que 100MB`, disse Cullata. Só a título de exemplo, no Brasil, o padrão de banda larga estipulado pelo IBGE é de apenas 1MB.

 

O diretor de tecnologia educacional dos EUA ainda destacou a importância das escolas monitorarem essa velocidade. Por meio da pesquisa on-line Test my School, o governo americano conseguiu traçar de forma mais fidedigna o mapa de acesso à internet de suas unidades escolares. No encontro, Cullata ainda destacou portais de conteúdo colaborativo voltados a criação de redes de cooperação entre professores, o Connected Educators, e focados na disseminação de objetos de aprendizagem digitais abertos, como o piloto Free (Federal Registry for Educational Excellencec).

Uruguai: plataformas adaptativas

 

A experiência de universalização do acesso ao computador e à internet para alunos da educação básica e a criação de uma plataforma adaptativa Glossário – compartilhado de termos de inovação em educação para o ensino da matemática – foram as principais iniciativas detalhadas por um dos representantes do Uruguai. Com a plataforma, estudantes do ensino fundamental e médio têm acesso a um ambiente virtual interativo que simulam competições de matemática. A plataforma consegue mapear as dificuldades de aprendizagem do estudante e registrar seu histórico de evolução. `Para estimular ainda mais a participação dos alunos, chegamos até a sortear ingressos para partidas entre Uruguai e Argentina. É incrível como eles participam ativamente, até durante os finais de semana`, comenta Michel Brechner, diretor do Plano Ceibal.

Foi com esse plano que o país foi o primeiro da América Latina a distribuir para todos os alunos computadores com conexão à internet. Iniciada em 2007, a ação foi fortemente inspirada no projeto um computador por aluno, fundado por Nicholas Negroponte, do MIT. Hoje, mais de 570 mil alunos e professores têm seus próprios laptops. Destes, 99% tem conexão com a internet. `Com o plano conseguimos diminuir o abismo digital entre estudantes ricos e estudantes pobres. Para nós, antes de falarmos do impacto da tecnologia na educação, precisamos conceder o acesso a ela`, afirma Brechner.

Mais destaques América Latina: infraestrutura e colaboração

A ideia de democratizar o acesso à tecnologia também é defendida pelo representante do Peru, Sandro Flores. Segundo o diretor geral de tecnologia ministério de Educação do país, `o acesso à internet deve ser considerado tão vital quanto o acesso à luz e à água`. A principal inovação, no entanto, ficou por conta do portal Peru Educa, uma plataforma de educação que disponibiliza cursos virtuais e objetos virtuais de aprendizagem. O mais interessante, segundo Flores, é que a o ambiente digital foi desenhado não só para professores, como para alunos e também pais. `Todos os dias cadastramos mais de 900 internautas na plataforma`, comenta.

Já o Chile, reconhecido com um país de vanguarda em termos de projetos ligados à inovação de políticas públicas em educação, trouxe sua experiência com o site Enlaces. Trata-se de um portal criado com o objetivo de estimular a aplicação da tecnologia na sala de aula. Dividido por seções temáticas, o site traz materiais com estratégias de uso das tecnologias voltadas para o aprendizado para os professores, além de dar publicidade a atividades docentes nessa área e a projetos desenvolvidos por escolas de todo o país.

Países como Bolívia, Paraguai, México, Honduras e Panamá também apresentaram iniciativas institucionais. O representante panamenho, por exemplo, detalhou o projeto Entre Pares. `A iniciativa é desenvolvida em várias escolas do país. Buscamos com projetos envolvendo tecnologia, aproximar o aprendizado dos alunos, que se sentem mais estimulados para aprender`, fala Arturo Rivera Aguilar, diretor de avaliação do ministério de educação do Panamá. Grande parte dos projetos envolve o uso da robótica.

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