Indústria editorial tem pior queda de faturamento desde 2002

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on email

Segundo os dados da Pesquisa Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro, o faturamento das editoras em 2012 encolheu 2,64% em termos reais afetado pela queda das compras governamentais.Trata-se da pior queda em valores reais do mercado editorial desde 2002, quando o faturamento das editoras caiu 14,51% em grande parte devido à alta inflação de 12,53% naquele ano (IPCA).

 

A Pesquisa Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro, divulgada hoje pela Câmara Brasileira do Livro (CBL) e pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL) com dados de 2012 não traz boas notícias. Segundo os dados apurados pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE), responsável pela elaboração do estudo, as editoras brasileiras faturaram R$ 4,985 bilhões no ano passado, um aumento nominal de apenas 3,04% em relação a 2011, quando o faturamento foi de R$ 4,837 bilhões. Considerando-se a inflação de 5,84% medida pelo IPCA em 2012, o mercado encolheu 2,64% no ano passado.

 

As baixas vendas para o governo foram um dos grandes fatores que contribuíram para um péssimo 2012. O governo comprou R$ 1,316 bilhão no ano passado, contra R$ 1,388 bilhão em 2011. Trata-se de uma queda nominal de 5,20% e de uma queda real de 10,4%. As vendas para o mercado tiveram crescimento tanto nominal quanto real, mas não foram o suficientes para compensar a queda das compras governamentais em valores reais. Em 2012, os editores faturaram R$ 3,669 bilhões em suas vendas privadas contra R$ 3,449 bilhões no ano anterior, o que significa um crescimento nominal de 6,36% e um crescimento real de apenas 0,49%. Vale lembrar que desde 2008 as vendas para o mercado não apresentavam crescimento real, portanto, ainda que baixo, este índice positivo merece comemoração. Com a queda das vendas ao governo e o crescimento das vendas ao mercado, a participação governamental no faturamento das editoras caiu de 28,7% em 2011 para 26,4% em 2012.

 

Se considerarmos o número de exemplares vendidos, as vendas para o mercado sofreram queda de 5,43% com a venda de 268,6 milhões de livros em 2012 contra 284 milhões em 2011. Para o governo, os editores venderam 166,4 milhões de livros em 2012, o que equivale a 10,31% a menos do que enviaram aos armazéns estatais em 2011, quando o número chegou a 185,5 milhões. No acumulado total, foram vendidos 434,9 milhões de exemplares em 2012, uma queda de 7,36% em relação ao ano anterior.

 

Existe sempre uma preocupação por parte da indústria editorial em mostrar o comportamento do preço médio do livro, especialmente aqueles praticados para o mercado, já desconsideradas as vendas para o governo. E, neste quesito, a Pesquisa Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro também traz más notícias. Segundo os dados apurados, o preço médio do livro cresceu 12,46% em 2012 considerando apenas as vendas ao mercado. Em termos reais, descontada a inflação pelo IPCA, o preço médio do livro cresceu 6,25% em 2012.

 

No entanto, vale aqui uma crítica estatística à pesquisa. Ao comparar o preço médio entre diversos anos, o estudo considera estáticas as características do livro médio, ou seja, não considera variações no formato médio nem no número médio de páginas. As variações entre um ano e o anterior com certeza não devem ser tão substanciais, mas quando se utiliza dados comparando o preço médio de 2012 com o de 2004, como a pesquisa aponta, é no mínimo perigoso ignorar as variações no livro médio. Neste período – escolhido pela pesquisa possivelmente para tentar medir o efeito da desoneração de PIS e Cofins ocorrida em 2004 –, o livro médio pode ter sofrido variações consideráveis em consequência de tendências do período, tais como o crescimento e retração do porta-a-porta, o aumento do consumo da classe C etc. A FIPE reconhece a fragilidade do preço médio do livro como um dado estatístico. “Não se trata de um índice de preços ou de inflação, é apenas o faturamento dividido pelo número de livros vendidos”, enfatizou o pesquisador Leonardo Müller, coordenador do projeto. “O que dá para dizer é que as editoras estão oferecendo livros mais baratos, tivemos os pocket books, por exemplo”, complementou referindo-se aos últimos anos. “Não é possível inferir que o preço ao consumidor tenha caído com este dado, embora isto seja bastante possível”, ainda declarou o economista.

 

Mas, considerações estatísticas à parte, os organizadores da pesquisa apontam que o preço médio do livro teve queda real de 41% desde 2004 em seus preços ao mercado. Mas se compararmos os preços médios da pesquisa de 2012 e daquela publicada em 2004, em termos reais deflacionando-se com o IPCA, observa-se uma queda de 28,3%, um valor ainda considerável, mas abaixo do informado na divulgação da pesquisa. Na realidade, conforme explicou Müller, foram utilizados valores revistos para o ano de 2004 na elaboração do cálculo, os quais foram baseados no ajuste estatístico feito em 2009 por meio de um censo que alterou a relação entre amostra e universo. De qualquer forma, trata-se de uma queda real expressiva, ainda que seja importante saber se houve variação de formato e número de páginas do livro médio.

 
 

Editoras têm crescimento real nas vendas em 2012

CBL Informa

 

 

As editoras brasileiras venderam 434,92 milhões de livros em 2012, representando uma queda de 7,36% em relação aos 469,46 milhões de exemplares de 2011. O faturamento foi de R$ 4,98 bilhões, apontando crescimento de 3,04%, em comparação ao ano anterior, quando o resultado foi de R$ 4,83 bilhões.

 

 

Os dados são relativos à pesquisa Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro, da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da Universidade de São Paulo (FIPE/USP) sob encomenda da Câmara Brasileira do Livro (CBL) e do Sindicato dos Editores de Livros (SNEL) divulgada nesta terça-feira (30/07), na sede do SNEL, no Rio de Janeiro. O levantamento abrange os segmentos básicos do setor do livro: o mercado (livrarias e outros pontos de venda) e o governo (que compra das editoras por meio de programas como Plano Nacional do Livro Didático – PNLD).

 

 

A pesquisa também revela que se for considerada apenas a parcela vendida ao mercado (excluindo o Governo), a queda no número de exemplares vendidos foi de 5,43%, com um total de 283,98 milhões de exemplares em 2011, para 268,56 milhões, em 2012. O faturamento teve um aumento de 6,36%, passando de R$ 3,44 bilhões em 2011, para R$ 3,66 bilhões em 2012, o que significa um aumento real de 0,49%, considerada a inflação do período. Este foi o primeiro crescimento real de vendas ao mercado desde 2008.

 

 

Ainda considerando as vendas ao mercado, o preço médio do livro cresceu 12,46%, em 2012. Entretanto, se for levado em consideração o acumulado desde 2004, quando houve a desoneração do PIS e Cofins para os livros, ainda há uma queda real do preço médio do livro de 41%. 

 

 

As vendas ao governo apresentaram queda acentuada de 10,31% no número de exemplares, com um recuo de 185,48 milhões em 2011 para 166,35 milhões em 2012. Quanto ao faturamento, houve decréscimo de 5,20%. Em 2011, as editoras faturaram R$ 1,38 bilhão, caindo para R$ 1,31 bilhão, em 2012.

 

 

Produção de novos títulos cresce em relação às reimpressões

 

 

A produção de novos títulos cresceu 1,89%, em 2012, em relação às reimpressões. Em 2011, foram produzidos 20,40 mil novos títulos, passando, em 2012, para 20,79 mil. Por outro lado, as reimpressões apresentaram queda de 2,93%, com 37,78 mil exemplares reimpressos em 2011 e 36,68 mil, em 2012. A variação da produção de títulos, no total, apresentou queda de 1,24%.

 

 

A pesquisa FIPE 2012 sobre o Setor Editorial Brasileiro também constatou queda no número de exemplares produzidos. Em relação a 2011, a produção caiu 2,91%, com 485,26 milhões de exemplares em 2012, comparada aos 499,79 milhões do ano anterior.

 

 

A importância da pesquisa

 

 

Para a presidente da CBL, Karine Pansa, a realização anual da pesquisa Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro contribui muito para a compreensão do mercado, seu aperfeiçoamento e desenvolvimento. “Com os dados em mãos, é possível visualizar as tendências, dimensionar melhor a produção e trabalhar de modo mais eficaz para cumprir a meta prioritária de disseminar a leitura e ampliar o acesso ao livro no País”, observa Karine Pansa.

 

 

“A comparação entre o desempenho do setor editorial, a cada ano, permite analisar tendências e resultados. É importante conseguirmos visualizar qual dos segmentos está obtendo melhores resultados, qual o canal de distribuição está crescendo, qual a área temática está com tendência de crescimento ou de queda”, comenta Sônia Jardim, presidente do SNEL, sobre a importância da pesquisa Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro.  “As pesquisas ajudam a identificar ou confirmar tendências, fundamental para orientar os editores e livreiros a tomar decisões com menos riscos, ou, pelo menos, assumirem riscos mais calculados”, conclui a presidente do SNEL.

 

 

A presidente da CBL, Karine Pansa, e a presidente do SNEL, Sônia Jardim, estão à disposição da imprensa para responder às questões relativas à pesquisa.

 

Menu de acessibilidade