Presidente de associação de editores vê tecnologia como aliada da escrita
O computador não está acabando com o hábito da leitura. Esta é a opinião do presidente da Abrelivros (Associação Brasileira de Editores de Livros), Wander Soares. Segundo ele, a disseminação das novas tecnologias vem, inclusive, ajudando nas práticas da leitura e da escrita.
Soares lembra que quando nos anos 60, Marshall McLuhan previu o fim do pensamento linear introduzido pela escrita e aperfeiçoado na invenção da imprensa, parecia profetizar que o livro se aproximaria do seu fim. “O fenômeno não se confirmaria e, na verdade, o velho e bom livro vem a cada dia se apropriando sabiamente dos avanços da tecnologia. Vale lembrar que o cinema não impediu o avanço do teatro, nem a televisão substituiu o rádio“, afirma.
Segundo Soares, a tecnologia tem colaborado para a prática da leitura e da escrita, já que é cada vez mais comum encontrar-se anexados ao livro de papel CD-Rom ou mesmo DVDs que ilustram e ampliam o universo abordado no livro.
Na opinião do presidente da Abrelivros, o hábito da leitura deve ser iniciado pela família na idade pré-escolar. “Quando a criança cresce acostumada a ver os pais lendo, em um ambiente onde o livro esteja presente, ela provavelmente terá o hábito da leitura, já que a criança é suscetível à influência“, afirma.
Soares explica ainda que nos Estados Unidos há campanhas publicitárias que incentivam as mães e os pais a lerem livros para as crianças antes de dormir. “Essas campanhas além de incentivarem o hábito da leitura ainda estreita o vínculo das crianças com as mães“, ressalta. Isto, na opinião de Soares, explica porque nos EUA o hábito de ler livros é tão comum.
FALHA – Quando a leitura não faz parte da vida de uma criança, normalmente, ela terá mais dificuldades em ler quando chegar na fase escolar. Conforme Wander Soares, a maioria dos professores também não tem o hábito da leitura e, como conseqüência, encontra dificuldades em escolher os livros para seus alunos.
Segundo o presidente da Abrelivros, indicar livros para crianças entre 4 a 6 anos é fácil, porque há no mercado livros de histórias ricos em ilustrações e com preços acessíveis.
Soares explica que, no início da adolescência, quando os estudantes têm outros interesses na cabeça, o papel do professor é fundamental, porque precisa escolher livros que estejam de acordo com o universo do jovem como, por exemplo, ação e mistério. “A indicação inadequada de um livro pode funcionar como uma vacina contra o hábito da leitura“, conclui.