Livro Escolar grátis anima o mercado de papel

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Gasto com distribuição gratuita de livros duplica este ano e estimula toda a cadeia produtiva. O aumento nas encomendas do Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE) e do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), ambos do Ministério da Educação (MEC), está movimentando as indústrias do papel e do ramo editorial. Na Suzano/Bahia Sul as vendas do papel off-set, o mais utilizado nesses livros, cresceram 40% no 1 trimestre, disse o diretor de mercado interno e distribuição, Carlos Pontinha. A Ripasa informou aumento de 25% até agora nesse segmento.

Os dois programas devem absorver cerca de 60 mil toneladas de papel este ano, aproximadamente 50% mais do que em 2002, calcula o diretor de marketing da Editora Saraiva e presidente da Associação Brasileira dos Editores de Livros (Abrelivros), Wander Soares. Segundo ele, as editoras já compraram parte do papel e estão providenciando a compra restante. A previsão do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), do MEC, é desembolsar R$ 575 milhões com livros didáticos neste ano, segundo o diretor de ações educacionais, José Humberto Matias Paula. No ano passado foram R$ 266 milhões. Serão adquiridas pelo PNLD, segundo o FNDE, 115,9 milhões de unidades, considerando-se 4 milhões de dicionários, 100% acima das 57 milhões de unidades do ano passado.

O programa é cíclico. A cada ano troca-se parte dos livros distribuídos aos alunos. Em 2002, foram trocados os da primeira série do ensino fundamental. Neste ano, acumula-se a troca dos livros da primeira à quarta série e a reposição dos livros da quinta à oitava série. A escolha dos livros pelos professores ocorre até julho. Só então as editoras saberão quais dos seus títulos serão adotados. Por isso, não revelam em quanto estão aumentando suas compras e aguardam para fechar o volume final de papel a ser comprado.

A disputa por esse nicho de mercado é acirrada. Segundo Soares, da Abrelivros, na última troca dos livros de primeira a quarta série, em 2001, eram 321 títulos inscritos e neste ano são 535. Na ocasião, o FNDE desembolsou R$ 474 milhões com o programa.

A Editora Ática é um exemplo do interesse por esse mercado. Em 2001, tinha 21 títulos aprovados de 23 apresentados para atender alunos da primeira até à quarta série. Hoje, são 73 aprovados de 74 apresentados, segundo o diretor comercial e editorial, Alfredo Chianca.

Ele disse que a decisão de separar os livros de história e geografia, antes integrados, e a possibilidade de os estados adotarem livros regionais provocam um incremento das encomendas do Programa Nacional do Livro Didático neste ano em comparação com 2001, mas soma-se a isso a extensão do programa Biblioteca da Escola/Literatura em Minha Casa que distribui coleções de livros – compostas por romances, poesias, contos, histórias de viagens, entre outros – para alunos e escolas.

Até 2002, esse programa atendia só os alunos da quarta série do ensino fundamental. Este ano, serão distribuídas coleções também para os alunos da oitava série e para os que estão concluindo os programas de Educação de Jovens e Adultos (EJA). “No ano passado, o PNBE comprou cerca de 22 milhões de livros de oito editoras. Neste ano, serão cerca de 46 milhões de livros“, informou Chianca, da Ática. Segundo o diretor do FNDE, para 2004 serão até 24 editoras e não haverá mais a necessidade de uma editora ter todos os títulos que formam a coleção. “Pequenas editoras com bons títulos poderão formar um consórcio e inscrever juntas sua coleção“, afirmou Matias Paula.

Em 2004, as encomendas do governo devem movimentar mais fortemente esse mercado já no início do ano. Segundo Matias Paula, do MEC, serão gastos cerca de R$ 900 milhões e incluídos livros a serem distribuídos para alunos das três séries do ensino médio. “Vamos fazer a escolha ainda este ano para que sejam produzidos na primeira metade de 2004, já que a produção tradicionalmente se concentra no segundo semestre“, disse ele.

As encomendas do governo garantem a escala de produção do mercado editorial brasileiro. Se considerada a soma dos programas PNLD e PNBE, o total de livros adquiridos pelo governo chegou a 79 milhões em 2002 e a projeção para 2003 se eleva a 160 milhões.

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