Aprovação das novas diretrizes é pouco para melhorar o ensino, dizem especialistas

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Aprovadas em maio de 2011 pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), as novas diretrizes curriculares para o ensino médio só foram homologadas na semana passada pelo Ministério da Educação (MEC) e publicadas no último dia 31 no Diário Oficial.

 

Elas buscam dar uma direção para o segmento que apresenta os piores resultados nas avaliações educacionais, sofre com a falta de identidade e de motivação dos jovens que não encontram nele o reflexo de suas aspirações.

 

Especialistas ouvidos pelo GLOBO acreditam que a determinação de novas diretrizes é o primeiro passo, mas pode ser pouco para transformar o ensino médio.

 

O projeto prevê que o currículo deve ser estruturado em quatro eixos: trabalho, ciência, tecnologia e cultura. As escolas devem abordar todos, mas podem ter um enfoque maior em um dos temas. Está prevista também uma flexibilização curricular, de forma que o estudante tenha autonomia para escolher as disciplinas que deseja estudar.

 

Outra mudança é a possibilidade de o ensino noturno durar mais que três anos, pois neste turno a duração das aulas costuma ser menor. No texto original, estava previsto que, neste caso, 20% da carga horária poderiam ser ofertadas na modalidade de ensino à distância, mas o MEC vetou. Além disso, as diretrizes exigem que as escolas ofereçam obrigatoriamente o ensino de língua espanhola, ainda que seus alunos possam optar por não cursar a matéria.

 

Para a professora da Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro Bertha do Valle, há um risco grande das diretrizes ficarem no papel.

 

– Eu lamento que uma mudança como essa tenha demorado tanto porque o ensino médio, hoje, é voltado para quem quer fazer curso superior, não prepara para o mundo do trabalho. É uma continuidade do ensino fundamental e deixa os estudantes desmotivados. Contudo, acho que isso só muda as coisas no papel. É preciso também preparar os professores para essas mudanças. Na formação deles, eles não são preparados para isso. Se não mudar a formação dos docentes também, além da questão salarial que é grave, fica difícil – afirma a professora.

 

Já a diretora executiva do movimento Todos pela Educação, Priscila Cruz, afirma que, apesar de tardia, a resolução é o primeiro passo no longo caminho para melhorar a realidade do ensino no Brasil.

 

– Agora a prioridade é aprovar o Currículo Nacional da Educação Básica, só a partir daí é que as escolas serão obrigadas a cumprir as novas diretrizes, que até agora servem apenas como sugestões de como as escolas devem elaborar sua grade curricular – explica.

 

Priscila também destaca que a mudança vai melhorar o cenário do ensino médio, etapa vista como a mais problemática da educação básica devido aos altos índices de evasão. – Dados do IBGE mostram que a grande maioria dos jovens de 15 a 17 anos abandona a escola por desinteresse. Além disso, os estudos elaborados pelo Todos Pela Educação mostram que somente 11% dos estudantes que terminam o terceiro ano do ensino médio estão tendo aprendizado apropriado em matemática, e cerca de 28% se formam com conhecimento de português – destaca.
 

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