Por uma cidade de leitores

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on email

Em diversos programas e projetos, cariocas são estimulados a buscar o prazer da leitura, dentro e fora da escola.

 

Fomando_Leitores01 

 


A Bienal do Livro do Rio de Janeiro tem batido recordes de público, com destaque para o grande número de estudantes. Para entender como a cidade tem abraçado a questão da leitura, a Abrelivros recebeu, no seu estande, representantes da Prefeitura Municipal, que apresentaram diversas ações de fomento da leitura. O debate “Formando leitores do século XXI” foi composto por Simone Monteiro, gerente de Mídia-Educação e Helena Bomeny, subsecretária de Ensino, ambas da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro, além de Ricardo Petracca, diretor de Mídia-Educação do MultiRio. A sessão foi mediada por Ceciliany Alves Feitosa, editora de literatura infantojuvenil da editora FTD.

 

Inicialmente, Helena Bomeny apresentou os números da rede municipal de ensino: a cidade possui 1065 escolas, 255 creches, além de 26 Espaços de Desenvolvimento Infantil, que integram a creche à Pré-Escola. Cerca de 37 mil professores atendem 700 mil alunos. Segundo a subsecretária, no início da atual gestão descobriu-se que boa parte desses estudantes era composta por analfabetos funcionais – indivíduos que, apesar de saberem ler e escrever, não conseguem interpretar textos ou realizar operações matemáticas. Muitos outros estavam com defasagem idade-série.

 

Fomando_Leitores03

 

A partir desse quadro, era necessário reensinar os alunos a ler. Os professores passaram por um processo de formação continuada, de modo a realmente alfabetizar os alunos no primeiro ano. Em seguida, criou-se uma política agressiva de leitura, contando também com avaliação bimestral escrita a partir de livros selecionados, além de avaliações externas, como a Prova Brasil, Prova Rio e AlfabetizaRio.

 

Uma vez que são multiplicadores, os professores também são estimulados a ler. Uma das ações com esse objetivo é o projeto Biblioteca do Professor, segundo o qual os educadores votam em livros pré-selecionados pela Secretaria e formam um acervo pessoal. E como são os professores que escolhem as obras, muitos desses livros acabam sendo trabalhados com entusiasmo em sala de aula.

 

Outra ação de destaque foi o Programa Rio Criança Global. Considerando que o Rio de Janeiro vai receber eventos internacionais, buscou-se realizar uma qualificação profissional em inglês, preparando os alunos para se comunicar com estrangeiros.

 

Para Helena, esse leque de ações privilegia a leitura: “Em todos os projetos, o livro tem um lugar garantido. A leitura está na base de tudo isso que fazemos, pois ele é ajuda a construir esse futuro que buscamos”, afirmou.

 

Simone Monteiro apresentou o programa “Rio, uma cidade de leitores”, que busca disseminar uma cultura leitora a partir da mobilização de professores, escolas e as comunidades do entorno. “Formar leitores não pode ser uma ação circunscrita à sala de aula”, Para a gerente de Mídia-Educação, a escola é um ponto de partida para as práticas leitoras.

 

Um dos desafios do programa foi justamente o trabalho com jovens. Identificou-se a necessidade de se realizarem ações culturais para essa faixa etária, pois o prazer de ler se diluía no segundo segmento do Ensino Fundamental. Daí que ações como encontros com autores e atividades envolvendo outras mídias sejam importantes, e o acesso ao livro ser valorizado como um bem cultural.

 

 Fomando_Leitores04

 

Simone também mencionou o Projeto Jovens Leitores, que promove a ida à sala de leitura, seleção espontânea de um livro. Em seguida, o aluno compartilha com os colegas a experiência da leitura. Tudo isso é anotado no diário do leitor, tornando possível acompanhar a história de leitura. Como exemplo de resultado, Simone apresentou carta de aluno para a irmã. Ele, que inicialmente não gostava de ler, terminou a mensagem sugerindo um livro para a sua destinatária.

 

Por fim, Ricardo Petracca apresentou um panorama da MultiRio, empresa municipal que cria conteúdo em parceria com a SME. Há 18 anos, o conteúdo era apenas voltado para a TV, mas hoje a empresa produz material considerando a convergência midiática. “O livro mudou e o leitor mudou também”, afirmou. O leitor de hoje está lendo um texto, vendo um vídeo, ouvindo uma música e o que mais estiver disponível. Para o diretor, quem trabalha com o a produção do livro deve pensar em todas essas possibilidades. As abordagens devem ser diferentes. Segundo Ricardo, todas as mídias parecem convergir de modo a caber em um aparelho portátil.

 

Definindo esse perfil do leitor do século XXI, o diretor da MultiRio afirma que hoje quem lê também é produtor. Quando alguém manda um email, “bloga”, envia um torpedo, ele modifica as formas de criação de narrativas, antes geradas apenas pelo “antigo autor” que produzia uma obra acabada. Desse modo, o leitor pode propor outras possibilidades de leitura. E o professor, nesse caso, pode e deve também ser um novo autor e mediador no contexto da sala de aula.

 

Como exemplo desse diálogo entre as mídias, Ricardo exibiu um vídeo de animação em formato de trailer divulgando o romance “Triste fim de Policarpo Quaresma”, de Lima Barreto. Essa estratégia se utilizaria de um formato de cinema para promover a leitura.

 

Com todo esse arsenal de estímulo à leitura promovido pela rede municipal, os cariocas tendem a crescer como leitores e, naturalmente, como melhores cidadãos.

 

 

Menu de acessibilidade