Para Cavallero, os editores devem estar preparados para trabalhar em uma empresa orientada para dados, para perder o controle do território e para entrar em novos territórios.
“Nós não conhecemos o livreiro e o distribuidor e agora temos que conhecer o consumidor”, brincou o diretor da italiana Mondadori (cuja sede fica em um prédio projetado por Niemeyer), Riccardo Cavallero, no encerramento do 2º Congresso Internacional do Livro Digital.
Ele foi convidado a falar sobre o papel do editor neste novo momento da indústria do livro e disse que o primeiro passo é entender que mudanças estão acontecendo e que não é mais possível manter distância dos consumidores. “Demita quem não usa Facebook”, disse. “Pensamos: Não está acontecendo comigo. Acontece nos Estados Unidos, mas não no meu país. Acontece com a indústria da música, mas não com a do livro”, completou.
Mas está acontecendo e quem não entrar na dança tem muito a perder. Ele comentou que novos players sem tradição vão chacoalhar as editoras, mas pode ser que eles não estejam vivos quando o mercado encontrar novamente a estabilidade. E que o jeito mais eficaz de morrer antes da hora é investir em um diretor digital. “O melhor é saber que seu editor tem mente digital, e não ter um diretor digital”.
“Temos um longo caminho a seguir. Sei que haverá um editor no futuro, só não sei se eu serei o editor”.
Ele comentou que o Brasil e a Itália, e outros países, estão vivendo mais ou menos no mesmo período da era digital e que por causa de suas línguas menores não sofrem a pressão sentida pelos Estados Unidos e Inglaterra.
Disse ainda que é preciso ter em mente que o aumento do consumo não significa exatamente aumento do faturamento, que enquanto se investe em canais digitais é preciso manter o modelo tradicional de distribuição e que vem do impresso o dinheiro que será investido no e-book. “Mas publique tudo, publique simultaneamente e publique barato”, completou.