Maior rede de livrarias dos EUA vira empresa de software

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Num forte sinal das mudanças que o livro eletrônico trouxe ao mercado editorial, a maior rede de livrarias dos Estados Unidos, a Barnes & Noble Inc., está se transformando numa empresa de software.

 

À medida que os leitores se movem mais rápido do que nunca na direção dos livros eletrônicos, deixando para trás suas versões em papel, a empresa cujas lojas estão presentes por todo o país está tentando se reinventar como uma varejista de download de livros, aplicativos e livros eletrônicos.

 

A transformação ficou clara em janeiro, quando um pequeno grupo de experientes compradores de livros foi despedido. Os compradores da Barnes & Noble eram a realeza do negócio de venda de livros, pequenos titãs cujo gosto desempenhava um papel crucial na decisão de quais livros subiriam aos rankings dos campeões de vendas.

 
Logo vai haver menos lugares como esta Barnes & Noble para folhear livros
para a empresa, havia poucas opções. O segmento mais promissor desse mercado é a venda de livros eletrônicos, os e-books. E a Barnes precisava investir no futuro.

 

Hoje, os clientes do site BarnesandNoble.com estão comprando três livros eletrônicos para cada livro tradicional. Quando divulgou seus resultados para o ano fiscal encerrado em 30 de abril, a empresa informou que as vendas de produtos digitais impulsionaram o faturamento de lojas abertas há pelo menos um ano em pelo menos 0,7% para o ano, mais que compensando o declínio nas vendas de livros de papel.

 

Esse cenário ainda parece distante para o Brasil. Segundo a Câmara Brasileira do Livro, uma organização da indústria editorial, problemas como a penetração relativamente baixa de banda larga e procupações com direitos autorais restringem o avanço da leitura eletrônica no país.

 

Algumas estimativas calculam que haja de 2.300 a 2.500 títulos em formato eletrônico no Brasil, diz Nilson Hashizumi, gerente de comunicação da CBL, que afirma que não há números precisos sobre a penetração do livro eletrônico no país. “É um mercado muito promissor, mas não sabemos em que ritmo poderá crescer”, disse Hashizumi.

 

A Barnes & Noble já não parece ter mais dúvidas, embora para ela a estratégia digital seja um investimento alto — o que, contudo, não assustou a Liberty Media Corp., que ofereceu US$ 1 bilhão para comprar a rede de livrarias, mesmo quando a rival Borders Group Inc. está sendo liquidada.

 

No início deste mês, John Malone, presidente do conselho da Liberty Media, e Leonard Riggio, presidente do conselho de administração da Barnes & Noble, expressaram interesse em trabalhar juntos. A Liberty Media agora está estudando os livros contábeis da Barnes. Um porta-voz da Barnes & Noble não quis comentar sobre o processo de venda.

 

Hoje, a Barnes & Noble depende de suas livrarias para atrair mais clientes para seu leitor de livros digitais Nook, mas seu crescimento e os lucros futuros dependerão de como ela conseguirá competir com rivais mais ricos como a Amazon.com Inc., a Apple e a Google Inc. na venda de e-books. A Amazon, por exemplo, informou no mês passado que o escritor de mistério Michael Connelly é o sétimo a vender mais de um milhão de e-books para seu leitor de livros digitais Kindle.

 

“É uma questão delicada, porque as lojas tradicionais são necessárias para gerar entusiasmo, mesmo quando a transação final acabe sendo digital”, diz Lorraine Shanley, da firma de consultoria Market Partners International Inc. “Todos os grandes varejistas, incluindo o Wal- Mart, enfrentam o mesmo problema”.

 

Também é um dilema que atinge o topo da Barnes & Noble. A empresa, sediada em Nova York, ainda se concentra em suas 705 livrarias para o consumidor, com até 200.000 títulos em estoque, e 636 livrarias universitárias.

 

William Lynch, um veterano do Vale do Silício de 40 anos, foi nomeado diretor-presidente da Barnes & Noble em março de 2010. Em uma conversa com analistas no final de junho, Lynch pintou um panorama otimista para o futuro digital. “Sim, estamos fazendo grandes investimentos”, disse. “A boa notícia é que, dado o crescimento do nosso faturamento bruto, mais acelerado do que o previsto, estamos confiantes sobre para onde isso está se encaminhando”.

 

Da mesma forma que o foco da empresa mudou, seus gerentes também estão mudando. Além de Lynch, entre os outros altos executivos que estão remodelando o negócio estão Jamie Iannone, de 38 anos, presidente de produtos digitais e supervisor de todos os assuntos relacionados ao Nook, e John Foley, de 40 anos, presidente da Barnes&Noble.com.

 

Nenhum deles é um veterano da indústria como Riggio e seu irmão Steve, ex-diretor-presidente da varejista. Iannone é formado pela Faculdade de Administração da Universidade de Stanford, já trabalhou na empresa de leilões on-line eBay e na consultora Allen & Hamilton. Foley, um ex-executivo da empresa de internet IAC/Interactive Corp., de Barry Diller, se formou em engenharia pelo Instituto de Tecnologia da Georgia e tem um MBA pela Universidade Harvard.

 

A Barnes & Noble também está contratando no fronte digital. Hoje, está à procura de mais de 20 técnicos para seu campus de tecnologia em Palo Alto, Califórnia, onde tem hoje cerca de 250 funcionários.

 

A Barnes & Noble controla 27% do mercado de e-books dos EUA. A empresa não revela os custos associados à sua transformação em empresa de software, mas seus resultados financeiros mais recentes demonstram uma crescente pressão. E manter-se competitiva com rivais como a Amazon na área de leitores de livros digitais também pode ser difícil.

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