Parceria tenta melhorar aulas de ciências no país

Governo fará convênio com instituto de Israel para pesquisa e treinamento. Um dos objetivos do método israelense é fazer estudantes se interessarem pela carreira de cientista. 
 
A israelense Zahava Scherz veio ao Brasil com uma tarefa nada fácil: ensinar professores a melhorarem as aulas de ciências. Diretora do Instituto Davidson, um braço do prestigioso Instituto Weizmann de Ciência, que fica em Israel, ela é uma das autoras do método conhecido como LSS (Learning Skills for Science ou aprendizado de habilidades para a ciência).

 

Depois de uma palestra ministrada por ela na USP, anteontem, a Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), órgão ligado ao Ministério da Educação, afirmou que pretende assinar convênio com o Weizmann. A troca de experiências possibilitada pela parceria terá dois focos: melhorar o ensino de ciências nas escolas brasileiras-com programas como o LSS, entre outros- e fomentar pesquisas.

 

O principal objetivo do LSS é fazer com que estudantes de educação básica desenvolvam habilidades de investigação e se interessem pela carreira de cientistas. A primeira escola a adotar o método na América Latina é o colégio judaico Renascença, em São Paulo. Em 2011, alunos do 6º ano do fundamental seguirão o programa. Leia entrevista de Scherz. 
 

 O que é o LSS?
 

O programa foi desenvolvido nos anos 1990 pelo departamento [de educação em ciência do Davidson] e foi “descoberto” pela Inglaterra nos anos 2000. Eles decidiram adotar e iniciaram um programa de colaboração. Nós os ajudamos a adaptar o programa para a realidade inglesa. Hoje nós temos um programa para estudantes de 14 a 16 anos e outro para os de 16 a 18 anos, com material para estudantes, professores e um site, em inglês.

 

A ideia principal é que, para ser cientista e bom cidadão no futuro, é preciso não só ter conhecimento de ciência, mas ter várias habilidades, de investigação e de aprendizado. No entanto, geralmente, no sistema educacional, as habilidades não são ensinadas explicitamente. Diz-se que, se for dada oportunidade ao estudante, ele desenvolverá as habilidades.

 

É como se você levasse alguém a uma piscina e esperasse que ele aprendesse a nadar. Nossa ideia é que temos que ensinar as habilidades de aprendizado e investigação de maneira explícita, não como uma disciplina diferente, mas integrada ao currículo de ciências.

 

Quais são as habilidades ensinadas?

 
As habilidades ensinadas são: retenção da informação, escutar e assistir a vídeos científicos, leitura crítica e eficiente de publicações científicas, descrição de dados, escrita científica e apresentação do conhecimento. Nós brincamos o tempo todo com atividades que sejam desafiadoras, mas não frustrantes. Essas atividades são muito baseadas em fontes de internet, artigos e vídeos de especialistas, e têm de ser integradas ao currículo. É por isso que não se pode apenas traduzir o programa para outra língua, é preciso adaptá-lo ao currículo do país.

 

O programa pode ser usado em que idade?

 
Eu acredito que deva começar na 3ª série e continuar até o ensino médio.

Há uma preocupação específica com os alunos que têm mais dificuldades?
O programa é bastante modular. No site britânico, todas as atividades estão em três níveis: fácil, intermediário e desafiador.

 

Na opinião da sra., a preparação para as feiras e competições de ciências deve ser uma prioridade das escolas?

 
Tudo o que agrega motivação e curiosidade aos estudantes é importante. Nas feiras de ciências, você pode ver que os alunos ficam muito orgulhosos do que fazem, e isso é muito importante para motivar os estudantes para as ciências. Outra coisa são as olimpíadas, em que há competições muito duras, e isso eu não sei se deve ser para todos os estudantes, mas é uma outra maneira de desafiar os melhores alunos.
 

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