Aulas atraentes e diversificação do currículo escolar podem diminuir evasão

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on email

Tornar as aulas mais atraentes e diversificar o currículo escolar. As duas alternativas foram apontadas como essenciais para evitar a evasão de jovens do ensino médio. O assunto foi discutido, na ultima semana, durante o seminário “Como Aumentar a Audiência no Ensino Médio”, que aconteceu em São Paulo (SP).

 

“Os alunos evadem, porque a escola é chata e longe do seu mundo”, afirmou o integrante do Instituto Inhotim, Cláudio de Moura Castro. Segundo ele, é preciso ensinar aquilo que faz parte do cotidiano do jovem. “Há maneiras de dar vida para assuntos que são obrigatórios”.

 

Durante o evento, foi lembrado que entre os jovens economicamente ativos de 18 a 24 anos, apenas 40% completam os primeiros 11 anos de estudo. A informação é da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) sobre o ano de 2009.

 

“O Enem sinalizou para algo importante mesmo com o problema de logística. O que está por trás? Quatro áreas do ensino que mostram que a escola tem que mudar a maneira de ensinar”, analisou o professor da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Francisco Soares. “Precisamos de propostas concretas, de ousadia. Alguns alunos aprendem o que o vestibular pede e esquecem tudo no segundo seguinte”.

 

Para tornar a escola mais atrativa, o professor também citou como pontos interessantes a premiação dos alunos que permanecem frenquentando as aulas, a melhora da qualidade de ensino, a alteração no currículo escolar e o aumento da supervisão dos estudantes que têm maior probabilidade de evadir.

 

“Os sinais começam dois ou três anos antes da evasão. Faltas, repetência e a não realização de tarefas são alguns deles”, alertou Soares. De acordo com o professor da UFMG, adaptar o projeto político pedagógico de forma a prever ações dos jovens com tendência a evadir, informar os professores sobre os alunos nesta condição e instituir programas de recuperação e reforço deveriam ser ações adotadas pelas escolas.

 

A aproximação do professor com o aluno em sala de aula também traz benefícios, de acordo com os participantes do seminário. “O educador que sabe escutar o que eles querem e avaliar o que sabem poderá atuar melhor, respeitando e compreendendo a dificuldade do aluno”, apontou o representante do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Ricardo Paes de Barros.

 

“Antes, o professor era a única fonte de informação. Hoje, o aluno vê as coisas mais cedo na Internet. O professor deve ter a capacidade de sistematizar a quantidade de informação que os alunos já têm”, completou.

Envolver os alunos na escolha de disciplinas eletivas foi ressaltado como importante pela integrante do International Institute for Educational Planning, Françoise Caillods.

 

Para melhorar as condições de aprendizagem, a Escola Estadual Edmundo Rocha, localizada em Goiânia (GO), por exemplo, conta com matérias opcionais no ensino médio, como matemática financeira, teatro e redação.

 

Para o membro do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (IETS), Simon Shwartzman, o currículo escolar, que conta com entre 12 e 14 matérias anuais, é extremamente sobrecarregado. “As pessoas têm interesses e condições diferentes para aprender e isto precisa ser respeitado”, disse.

 

Também, Barros afirmou que encurtar o período letivo de um ano para um módulo semestral ajuda o aluno a não desistir de estudar. “Reprovação anual desperdiça tempo e desestimula. Dividido em semestre, a penalização por não ter bom desempenho é apenas de seis meses, o aluno não terá que fazer um ano inteiro novamente”.

 

“Pessoas com nível médio completo ganham 60% a mais de salário do que quem tem apenas o ensino fundamental. Com o superior, ganham 130% a mais do que o ensino médio”, lembrou o professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP), Reynaldo Fernandes.

 

“Conseguir concluir o ensino médio é um requisito mínimo para elevar o nível educacional da massa trabalhadora. Além dos benefícios individuais, contribui para diminuir a pobreza e para uma classe mais instruída e inovadora. Educação está no centro do processo de desenvolvimento”, concluiu Françoise.

 

Menu de acessibilidade