Unesco cobra investimento em ensino

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Uma cobrança abriu ontem, em Brasília, o primeiro dia do seminário internacional Educação, Ciência e Tecnologia como Estratégia de Desenvolvimento. O representante no Brasil da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), Jorge Werthein, criticou o governo brasileiro por não investir o suficiente em Educação. ‘‘Agora que o governo promoveu o ajuste fiscal, controlou a inflação e administrou o risco-brasil, está na hora de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva priorizar a Educação Ciência e Tecnologia, como está no seu programa de governo divulgado na época da eleição’’, cobrou Werthein.

Presente no seminário, o ministro da educação, Cristovam Buarque, a princípio, afirmou que declaração de embaixador não se comenta. Em seguida, mudou de idéia e disse que educação é prioridade para o governo. ‘‘O problema é que não se investe porque há uma crise financeira e não há recursos suficientes. (…) Mas todos os recursos disponíveis estão sendo canalizados para a Educação’’, rebateu. Há um mês, o ministro reclamou publicamente que sua pasta precisa de mais dinheiro.

O seminário reuniu especialistas da Coréia do Sul, Irlanda, Espanha, Malásia e Finlândia. A intenção do governo brasileiro é conhecer experiências que deram certo nesses países e avaliar a possibilidade de aproveitá-las aqui.

Polêmico, Cristovam Buarque chegou a dizer que esses seis países, há 30 anos, tinham índices de Educação iguais ou piores do que os do Brasil. E hoje são considerados exemplos mundiais. Segundo o ministro, é preciso trabalhar para que, quando as crianças brasileiras de hoje estiverem maiores, a educação no país seja igual à européia. ‘‘Mas o país precisará de 20, 30 anos para dar o grande salto’’, afirmou.

A diretora do Ensino Médio do Ministério da Educação (MEC), Marisa Nogueira Ramos, constatou que as políticas de ensino médio em vigor no Brasil até hoje não foram eficazes. A conclusão vem dos números sobre a repetência dos estudantes brasileiros nos ensinos fundamental e médio. Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), a cada cinco alunos nesses ciclos um repetiu em 2002 a mesma série cursada em 2001. O aumento mais expressivo na taxa de repetência foi justamente no ensino médio: cresceu de 17,2% em 1999 para 20,2% em 2002 — representando quase 1,7 milhão de alunos reprovados. ‘‘O número é muito alto’’, reconhece a diretora.

No ensino fundamental, a taxa caiu depois de três anos de aumentos consecutivos, mas os índices de repetência ainda são altos. O índice de 21,7% de alunos que foram obrigados a refazer a mesma série em 2001, oscilou para 20% em 2002. ‘‘Vamos atuar em uma avaliação mais detalhada do desenvolvimento dos alunos. Muitas vezes, altas taxas de repetência significam altas taxas de evasão’’, explica Marisa Ramos. Apesar dessa preocupação, a diretora descarta a adoção pelo MEC da progressão automática para o ensino médio, que é o sistema pelo qual alunos deixam de repetir de ano e passam a ter um acompanhamento nas matérias com baixo desempenho. ‘‘A solução é universalizar o ensino médio. Um decreto, a ser assinado pelo presidente até o fim do ano, tornará esse ciclo obrigatório já no ano que vem’’, explica a diretora.  

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